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O sucesso de Suzane dependia do quanto ela não se deixasse abater. Durante todo aquele mês, desfilara suas últimas roupas de griffe em Ipanema e Copacabana, sem que nada acontecesse. Só o que conseguiu foram algumas cantadas de velhos decadentes e ser enxotada pelas meninas que faziam ponto no calçadão e a olhavam como uma perigosa concorrente. 

Ser confundida com garota de programa deixava-lhe uma forte frustração. O que ela procurava era um homem que a levasse de volta ao mundo que lhe fora tomado, não um amante que a bancasse e a escondesse da mulher ciumenta. Não era nada disso que buscava, mas era o que parecia. Suzane começava a desanimar, mas uma voz dentro dela a incentivava, sem que ela percebesse que era Roberval quem a animava a sair e encontrar o seu destino. 

Naquela noite, estava decidida. Arrumou-se com esmero e tomou o ônibus para Copacabana. Saltou e foi caminhar na beira da praia, com ares de quem passeava para saborear a noite. Não demorou muito e um carro encostou ao lado dela. Dentro, três rapazes, que começaram a mexer com ela e a lhe fazer gracejos. Chamavam-na para uma voltinha.


Suzane estacou e fitou os rapazes com fingido aborrecimento, estudando o automóvel com olhar crítico e aparentemente desinteressado. 

- Não têm mais o que fazer, não? - repreendeu-os com uma falsa zanga. 

- Depende - respondeu o que estava no banco do carona. - Queríamos saber se você não gostaria de fazer conosco. 

- Fazer o que? - tornou ela, de forma ingênua. 

Os rapazes caíram na gargalhada, e foi o motorista quem falou: 

- Nada não, gatinha. Vamos dar uma volta e nos falta companhia feminina. Por que não se junta a nós?

Enquanto continuava a fingir desinteresse, Suzane avaliou os três com atenção. Eram rapazes bem-apessoados e, aparentemente, ricos, o que a entusiasmou. 

O carro era um Astra tinindo de novo, e os meninos se vestiam bem ao gosto da moda. Seriam companhias interessantes, e ela só precisava agir de forma que não a tomassem por uma garota de programa. 

- Não sou o que vocês estão pensando - disse calmamente. 

- Não estamos pensando nada - afirmou o carona. 

- Só queremos a sua companhia - disse o que estava atrás. 

- É melhor você se decidir logo - considerou o motorista. - Estamos parados em local proibido, e isso pode nos valer uma multa ou acidente. O que você escolhe? 

-

 Não vai querer ser responsável pela nossa ruína, vai? ― gracejou o de trás.Suzane estava louca para aceitar o convite, mas temia pela sua integridade nas mãos de três rapazes que nunca antes havia visto.

 A seu lado, contudo, Roberval lhe passava confiança e disse ao seu ouvido que ela podia aceitar, pois nada de mal ia lhe acontecer. 

Como se ouvisse a voz do invisível, ela sorriu graciosamente e ajeitou os cabelos, acrescentando com uma desconfiança ingênua e dissimulada: 

- Vão me deixar em casa depois?―

- É lógico - prometeu o motorista.― Intacta? 

- O que pensa que somos? - brincou o carona. ―- Alguma espécie de tarados?

a porta de trás do carro se abriu, e o rapaz que estava sentado ali chegou para o lado, dando lugar para que ela se acomodasse. O carro logo se movimentou e pegou o primeiro retorno

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora