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estava tão leve que parecia que ia se desprender do peito e flutuar até as alturas, levando para o céu a felicidade que inundava todo o seu ser. Havia conseguido uma grande vitória naquele dia, e embora ainda faltasse aproximar-se de Beatriz, a compreensão e o perdão de Suzane haviam-lhe dado novo ânimo, e ela se sentia mais fortalecida para continuar.

 Assim que saiu o resultado positivo do teste de DNA, Suzane foi morar com Graziela. Parecia que o pesadelo em que se transformara a sua vida, de repente, virara um sonho cor-de-rosa e alegre. Tinha algumas coisas a fazer, como arrumar seus pertences e entregar o apartamento alugado. A única coisa que Suzane lamentava era ter que deixar René. Todavia, era chegado o momento de pôr um basta naquela loucura e concentrar-se apenas em Leandro. Era com ele que estava seu futuro. 

Graziela a ajudava a arrumar as malas quando o interfone tocou .Suzane já sabia quem era e pensou em não responder, mas a vontade de ver René ao menos uma última vez foi maior, e resolveu atender. 

- Você vai viajar? - perguntou René, vendo a mala aberta em cima da cama e olhando para Graziela com curiosidade.

Suzane também se virou para Graziela, que compreendeu tudo rapidamente e falou com suavidade: 

- Acho que vou esperar na sala. 

Depois que ela saiu, René voltou a indagar: 

- Quem é essa mulher? É mãe do seu namoradinho? 

- É claro que não. 

- Então, quem ela é? 

- Ninguém que lhe interesse. 

- Por que o mistério, Suzane? Por acaso, ela é alguma dona de bordel para quem você vai trabalhar? 

- Não seja idiota, René. Desde quando sou mulher de me prostituir? 

- Desde que resolveu subir na vida. 

A vontade de Suzane era contar toda a verdade a René, mas não tinha tempo nem paciência para as perguntas que ele lhe faria. 

- Você não sabe do que está falando - retrucou-a de má vontade. 

- Por que não me explica? 

- Um dia, talvez, eu lhe conte tudo. Mas agora não. Graziela está me esperando para me levar embora daqui. 

-  Você vai se mudar? - ela assentiu. - Com essa tal Graziela? - ela assentiu novamente.

- Mas quem é essa mulher que apareceu do nada e conseguiu levá-la embora daqui, quando nem o seu namoradinho conseguiu? 

- Ela é... uma parenta distante... É isso. 

- Sem essa, Suzane. Acha que sou burro? 

- Não acho nada. 

- Mas você não pode me deixar assim! 

- Não estou deixando você, porque nunca estivemos juntos. 

- E o que aconteceu entre nós? 

- Foi ótimo, mas preciso cuidar da vida. 

- E para isso, tem que se mudar daqui com uma estranha? 

- Ela pode ser estranha para você. Para mim, é como se fosse...minha mãe. 

- Como alguém de quem eu nunca ouvi falar, de repente, vira sua mãe? 

- Eu não disse que ela é minha mãe. É como se fosse. E o fato de você não a conhecer não significa que ela seja uma estranha para mim. Você não conhece os meus amigos. 

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora