Não seria muito natural Beatriz simplesmente tocar a campainha da casa de Amélia e pedir para falar com a namorada de seu filho. Era preciso uma desculpa para ir até lá e outra para fazer perguntas, e Vítor conseguiu-a com o pai.
- Foi idéia de meu pai dizer que eu precisava de uma entrevista com alguém importante para um trabalho na faculdade - contou Vítor. - Disse que se lembrou dela, e ela logo concordou.
- Você contou a ele o porquê de querermos ir lá? - indagou Beatriz.
- Tive que contar. E sabe o que é mais estranho? - ela meneou a cabeça. - Ele também já viu essa moça.
- Não me diga!
- Chegou mesmo a confundi-la com você. Ficou impressionado e curioso.
- Maravilha! Quando poderemos ir até lá?
- Ela só pode nos receber na semana que vem.
- Só na semana que vem? - desapontou-se ela.
- Não fique assim, Bia. Hoje é quarta-feira. Ela combinou de nos receber na segunda.
- Bom, que jeito, não é?
- E depois, para que a pressa?
- Curiosidade, sei lá...
- Pois segure a curiosidade um pouco. No seu estado, não deve lhe fazer bem.
- Parece até minha mãe falando.
- Mãe sabe das coisas. E você também vai saber quando tivermos o nosso filho. - Ele a beijou e continuou: - O que acha de irmos ao cinema?
- Boa idéia. Dê-me um tempo para me arrumar.
- Está bem. Vou esperá-la na sala.
Na sala, Carminha ensinava geografia a Nícolas, e Vítor se sentou do outro lado, ligando a televisão bem baixinha.
- Incomoda? - perguntou ele, e Nícolas fez sinal de que não. Logo uma chave rodou na fechadura, e Renato entrou, franzindo o cenho ao ver Vítor sentado diante da TV.
- O que faz aqui há essa hora? - indagou de mau humor, parando diante do rapaz.
-Estou esperando Beatriz. Nós vamos ao cinema.
- Não acha que está muito tarde para saírem?
- Vamos pegar a sessão das dez.
- Amanhã ela tem aula.
- E daí? Beatriz não é mais criança.
De onde estava, Renato percebia o olhar de Carminha e procurou não intimidar o rapaz.
- Como estão os planos para o casamento? - redargüiu, com certa contrariedade.
- Muito bem. Estamos pensando em marcar a data para o começo de janeiro.
- Tão cedo?
- Beatriz vai estar de férias, e eu já terei colado grau.
- Sei. E onde é que pretendem morar?
- Meu pai vai nos dar um apartamento.
― Seu pai é muito generoso. Disse isso com tanta ironia, que Carminha achou melhor intervir:
- Quer que eu mande servir o seu jantar, querido?
- Não, obrigado - respondeu ele, sem desviar os olhos de Vítor.
- Tive um jantar de negócios.
Beatriz veio chegando e logo percebeu o mal-estar entre o pai e Vítor. Deu um beijo no rosto de Renato e estendeu a mão para o namorado, que a apanhou e se levantou agradecido.
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...