Apenas Leandro e Amélia sabiam que Suzane havia ido morar com Graziela e, a seu pedido, não comentaram nada com ninguém. Por mais que Graziela quisesse se aproximar de Beatriz, não podia simplesmente aparecer na sua frente e lhe dizer: - Oi. Sou sua verdadeira mãe.
- Por que você não convida Carminha para um chá? - sugeriu Leandro a Amélia.
- Aí poderíamos conversar com ela e procurar esclarecer tudo.
- Ela já sabe de tudo - objetou Graziela. - Do contrário, por queestaria me evitando?
- Não quero parecer insensível - interveio Amélia - , mas será quevale realmente a pena você se aproximar de Beatriz? Já não tem a Suzane?
- Beatriz também é minha filha... Precisa conhecer a verdade.
- Mas está vivendo com outra família. E talvez a verdade lhe façamais mal do que bem.
- Pode até ser, mas ela também é minha filha. É seu direito conhecera verdade, e o meu, tentar me reaproximar. O que você acha, Suzane?
- Eu? Não sei. Prefiro não opinar.
Os pensamentos de Suzane estavam voltados para René. Fazia muito tempo que não o via e sentia saudades, imaginando por onde ele andaria. Na verdade, René não se conformava de haver perdido Suzane. Procurava-a nos lugares que ela freqüentava, em vão. Todos os dias, ia até apraia e ficava andando na calçada, olhando os carros que passavam, procurando seu rosto por detrás do insufilme dos vidros.
Até então, não conseguira vê-la. Ele caminhava pela beira da praia, no final da tarde, quando tevecerteza de que a via. Ela estava diferente, com aqueles cabelos compridos e alourados, o corpo mais cheio e arredondado, mas era ela, com certeza, exibindo diferenças que o tempo era capaz de imprimir. Estava sentada em uma cadeira, olhando o mar e de mãos dadas com um rapaz, provavelmente o seu namorado. De onde estava, ficou observando-os. Suzane parecia muitomudada. Não era só o cabelo e o corpo mais cheio de curvas. Algo diferente iluminava o seu semblante. Resolveu aproximar-se. Passou na frente dela e lhe lançou um olhar direto, surpreendendo-se com o que via. A barriga dela estava exposta ao sol do fim da tarde, e uma pequena elevação delatava a gravidez. Estacou abismado, e mil pensamentos se entornaram em sua mente.
E se aquela criança fosse dele? Ela e o namorado pareciam felizes, rindo e beijando-se de vez em quando, e ele apalpava o seu ventre com carinho, falando coisas amorosas em seu ouvido, coisas que ela ouvia com prazer e para as quais tinha sempre uma gargalhada de pura satisfação.
A cena encheu René de ciúmes. Suzane deixara o cabelo crescer e fizera mechas alouradas, tal qual ele a vira da outra vez, havia muito tempo. Naquela oportunidade, ela devia estar usando uma peruca muito igual ao cabelo de hoje, talvez para impressionar o namorado com algum maneirismo carioca. E o corpo mais cheio, é claro, se devia à gestação de poucos meses. De toda sorte, ela estava linda, mais linda do que nunca. Seu coração acelerou, e uma vontade louca de tomá-la nos braços se apoderou dele.
É claro que não era Suzane que ele via. René estava diante de Beatriz, que ostentava uma barriguinha ainda tímida, mas com todo jeito de gravidez. Ficou parado diante dela, remoendo o ciúme e o despeito, ainda mais porque duvidava que ela não o tivesse visto. Ela o vira, tinha certeza, e fingia que não via, para não ter que falar com ele diante de seu namorado riquinho. Vítor também o notou. Ele a encarava de forma insistente, e Beatriz, que até então não tinha se dado conta da presença dele, olhou-o por um instante, para logo em seguida desviar o olhar, achando que fosse um flerte descarado na frente do namorado.
- Algum problema, amigo? - indagou Vítor, incomodado com a insistência do olhar de René sobre Beatriz.
- Nenhum - respondeu ele, ainda olhando para ela. - Não fala maiscom os amigos, Suzane?
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...