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De repente, Suzane perdeu toda a vontade de ir ao almoço em casa de Leandro. Pela janela do apartamento, via René parado do outro lado da rua, as mãos resignadas postas nos bolsos da bermuda. Reviveu toda a emoção da noite anterior em seus pensamentos, e se René não estivesse ali, ao alcance de sua vista e na rota do seu coração, talvez conseguisse se recompor e lidar com Leandro como se nada tivesse acontecido. 

Só que René não estava com vontade de lhe dar a chance de esquecer o que se havia passado entre eles. Ficava parado do outro lado, as mãos nos bolsos, olhando para ela com ar sério. Suzane tentava sair da janela, mas o magnetismo que vinha dele não lhe permitia afastar-se totalmente. Ela ia e vinha, ora espiando pela janela, ora correndo atarantada para atender a uma tarefa inexistente dentro do apartamento. Até que Leandro apareceu em seu carro novo e estacionou bem em frente ao edifício. 

Instintivamente, Suzane se ocultou atrás da parede. Não queria que ele percebesse que estava ali não à sua espera, mas atraída por um homem que a fitava do outro lado da rua. Logo em seguida, ouviu uma buzina, respirou três vezes e surgiu na janela, pendurando um sorriso força dono rosto cansado de fingir. 

Acenou para ele com certo desgosto, pedindo-lhe que subisse. 

- Oi, amor - cumprimentou ele, beijando-a nos lábios assim que ela abriu a porta. 

- Oi... - foi à resposta evasiva. 

- Ainda não está pronta? 

- Sabe o que é, Leandro, eu estive pensando... Será que não dá para deixar esse almoço para outro dia? Não estou me sentindo bem. 

- O que você tem? 

- Nada de mais. Um pouco de cólicas, dor de cabeça... Acho que vou ficar menstruada. 

- Quer que eu vá à farmácia comprar um remédio para você? 

- Não precisa. O que quero mesmo é ficar quietinha aqui. 

- Tem certeza? - ela assentiu. 

- Então está bem. Vá-se deitar, que fico aqui cuidando de você. 

- Nada disso! Sua mãe está esperando por você. Não é justo deixá-la sozinha.

- Ela não está sozinha. Há uma porção de gente lá em casa

- Mas você é filho dela, e ela espera que você esteja presente a esse almoço. 

- Bobagem. Minha mãe não liga para essas coisas. Posso telefonar e avisar que não vou.

Tirou o celular do bolso, mas ela o impediu de ligar, apertando a sua mão com os olhos rasos de água. 

- Não faça isso, por favor. Não quero que sua mãe fique chateada. Ela é uma boa pessoa, e sei que aprecia a sua companhia. Não custa nada você fazer a vontade dela. 

-Já disse que isso é bobagem. Tem um montão de amigas dela lá em casa e, além do mais, meu padrasto chega hoje à noite. 

- Você não entende. Quem vai ficar chateada se você não for serei eu. Não gosto de estragar os planos de ninguém. 

- Não acha que está dando muita importância a esse almoço? Na verdade, nem é um almoço... É só um churrasco à beira da piscina, uma desculpa para reunir as amigas e fofocar. Nós dois não vamos fazer nenhuma falta. 

- Ah! Leandro... 

- Para com isso, sua bobinha - o sussurrou, aproximando-se dela e tomando-a nos braços, enchendo seu pescoço de beijos. - Pensando bem, é melhor ficarmos os dois aqui, sozinhos. 

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora