Assim que chegou à casa de Cosme, Suzane entrou sem ser anunciada. A criada que veio abrir a porta deixou-a passar como um furacão, e ela irrompeu pela sala bem na hora do jantar.
A família toda a olhou espantada, e Suzane começou a gritar:
- Seu miserável, cafajeste, ordinário! Como pôde atraiçoar o seu próprio irmão? Ladrão! Vai viver a vida toda com essa mancha. Ladrão!Ladrão!
Suzane estava tão transtornada e fora de si que ninguém conseguiudizer nada. Os primos, alheios à realidade da situação, ainda tentaram acalmá-la, mas Cosme mandou que todos se retirassem e os deixassem a sós.
- Com que direito você vem a minha casa me ofender?
- Ofender? Com que direito você se sente ofendido? Você é umladrão vagabundo e maquiavélico. Velho nojento, safado, hipócrita! Não sentevergonha de passar por cima da memória do seu próprio irmão e trair asobrinha que confiou cegamente em você?
- Eu não traí você, Suzane. Muito menos traí meu irmão.
- Como é que você chama isso então?
- Estava apenas defendendo os meus direitos.
-- Essa é muito boa! Que direitos você tem sobre o patrimônio demeus pais? Como advogado, você sabe muito bem que não possui direitoalgum. Tanto que armou aquele teatrinho para usurpar o que é meu.
- Não fale do que não sabe, menina! Você mesma é que não temdireito algum.
- Você está sendo ridículo. Sabe muito bem que eu, como filha única,herdo tudo sozinha. E como você não podia colocar as mãos em nada daherança, inventou essa história de procuração, e eu, confiante, assinei sem aomenos questionar. Como pôde fazer isso, tio Cosme? Eu confiava em você.Você é meu tio, irmão de meu pai. Devia me proteger, não me roubar.
Ela estava à beira das lágrimas, e Cosme aproveitou o momento paraespezinhá-la ainda mais:― Teoricamente, Suzane, você até que teria direito a alguma coisa sefosse realmente filha de meu irmão. Mas acontece que você não é.
Suzane não entendeu direito o que ele falou e franziu a testa,rebatendo com indignação:
- O que foi que disse?
- É isso mesmo que você ouviu.
- Você não é filha de meu irmão.
- Está sugerindo que minha mãe transou com outro homem...
- Não é nada disso - cortou ele, abanando as mãos. - Marcos e Elzacompraram você de uma pobre coitada e a criaram como sua filha.
Suzane quase caiu para trás. Levou a mão ao coração e repetiuincrédula:
- Me compraram de uma pobre coitada? Que brincadeira de maugosto é essa?
- Não é brincadeira. Você não é filha legítima de Marcos e Elza.
- Está querendo me dizer que eu fui adotada?
- Pode-se dizer que sim, embora não pelos meios legais.
- Isso é um disparate, tio Cosme!
- Não é, não. Você não tem o sangue de meu irmão nas veias e, porisso, não merece receber um tostão do dinheiro que pertence à minha família.
- Mentira! - esbravejou Suzane. ― Devia se envergonhar de tentar sedefender com uma infâmia dessas!
- Se não acredita, faça um teste de DNA. Deixe que a ciência lheconfirme a verdade.
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Gêmeas - Não se separa o que a vida juntou
SpiritualLivro escrito pela autora Mônica de Castro, apegada ao espiritismo e foi nesse mundo onde conhece Leonel, um espírito que mostra a ela história que teve com seu amor ainda em vida. Acreditando ou não em espiritismo eu peço que se permita ler essa n...