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Chegando ao Rio de Janeiro, Graziela hospedou-se num hotel, até comprar um apartamento e se estabelecer em definitivo. Como imaginava, Aécio tinha alguns conhecidos no Rio, e Laerte Souto Bastos, funcionário do alto escalão do governo, era um deles. A pedido de um amigo em comum de Florença, Laerte deu um telefonema para a mulher no Rio e falou-lhe sobre Graziela, solicitando que a apresentasse à sociedade. 

No começo, Graziela sentiu-se acanhada e insegura, mas logo chegou o primeiro convite. Era uma festa beneficente promovida por Amélia, esposa de Laerte, à qual compareceu, e conheceu Carmem Lima Negreiro, mulher da alta sociedade carioca, dona de uma empresa de mineração e famosa designer de jóias. Carminha, como era chamada, pareceu uma pessoa interessante e com quem valeria à pena travar algum tipo de amizade. Como a simpatia foi mútua, Graziela. Não teve dificuldade em aceitar o convite para as bodas de prata de Carminha, que se realizariam no sábado dali a quinze dias. Era um ótimo começo. 

Durante o resto da semana, ciceroneada por Amélia, Graziela se ocupou em conhecer a cidade. Foi ao Corcovado, ao Pão de Açúcar, Aterro do Flamengo, Vista Chinesa e Floresta da Tijuca, sem deixar de dar uma passada na Confeitaria Colombo, no centro da cidade. Ficou encantada. Depois passou aos museus e teatros, visitou livrarias e confeitarias, deliciando-se com as ruas em estilo antigo do Centro. Em momento algum se arrependeu de ter escolhido o Rio para morar, já começando a gostar daquela cidade tão cheia de contrastes e encantamentos. 

O sábado da festa de bodas amanheceu ensolarado, e ela despertou com uma ponta de tristeza. Havia sonhado com Aécio, e a saudade apertou seu coração

- Como sinto falta de você, meu velho - a suspirou, beijando de leve sua fotografia, que ficava na mesa de cabeceira ao lado. - Mas não quero que se preocupe comigo. Vou ficar bem. 

Gentilmente, pousou o retrato na mesinha e se levantou. O sol entrava tímido pelas nesgas da cortina, e ela abriu tudo, escancarando a janela para que a luz inundasse o quarto. Fazia um lindo dia de verão, e ela inspirou o ar da manhã com satisfação. Em seguida, foi tomar o café na varanda, de onde podia ver o mar do Recreio.

O resto do dia transcorreu sem anormalidades. Graziela experimentou o vestido da festa, foi ao cabeleireiro e fez as unhas. Na hora marcada, já estava pronta e seguiu para a casa de Carminha, que ficava num condomínio elegante na Barra da Tijuca. Quando chegou, a festa já havia se iniciado, e Carminha a recebeu com alegria: 

- Minha querida, que bom que veio! Venha, quero apresentá-la a todo mundo. - Aproximou-se de Renato. ― Meu bem, veja quem está aqui. Esta é a Graziela Martins, a moça de quem lhe falei.

- Muito prazer - cumprimentou Renato, beijando-lhe a mão. 

- O prazer é todo meu - respondeu Graziela, sentindo no peito uma sensação esquisita, uma mistura de sentimentos que não podia definir. 

Carminha apresentou-a aos demais convidados, e ela granjeou a simpatia de todos. Era bonita, culta e mulher de um cônsul. Procurou os filhos, que estavam em uma rodinha de jovens, e foi apresentá-la a eles também.

- Estes são meus filhos - falou Carminha. ― Beatriz e Nícolas. E este aqui é o Vítor, namorado de Beatriz. 

- Como vão?

- Tudo bem - respondeu Beatriz, enquanto Vítor a cumprimentava com um sorriso. 

- Você que é a mulher do cônsul? - indagou Nícolas, curioso. 

- Dá para ter um pouco mais de educação? - censurou a irmã, notando que a mãe havia ficado um pouco sem graça. 

Mas Graziela não se importou com a pergunta. Sorriu amistosamente e respondeu com simpatia:

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora