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A mesa do café da manhã, Carminha deu pela falta de Beatriz. Nícolas devorava seu pão com manteiga como sempre fazia, alheio aos problemas da casa, e ela deu um sorriso amargo. Perder os filhos seria o pior castigo que poderia merecer. Olhou para Renato, que parecia ler os seus pensamentos, e ele afagou a sua mão, desalinhando, com a outra, os cabelos do filho. 

- Onde está Beatriz? - perguntou ela à criada, que vinha trazer mais leite. 

- Saiu cedo, sem tomar café. 

- Disse aonde ia?

- Não, senhora.

- Deve ter ido à faculdade - comentou Nícolas, estalando a língua. 

Carminha não respondeu. Tornou a olhar para Renato, que permanecia com o semblante impenetrável, causando-lhe uma espécie de tremor.

- O que foi, querida? - o indagou, tentando modular a voz para não deixar transparecer ao filho o seu quase desespero.

- Nada... - foi à resposta evasiva. 

Na verdade, nem ela sabia o que era. Uma sensação de mau agouro arrepiou os seus pêlos, e ela se encolheu assustada.

- Está com frio, mãe? - era o menino, e ela balançou a cabeça. 

- Está ficando velha, hein?

- Trate de terminar logo esse café ou vai se atrasar para a escola -advertiu Renato, mas olhando para ela. 

Quando o café terminou, Renato saiu com Nícolas para levá-lo à escola, e Carminha correu para o celular. 

Ligou para Beatriz, que atendeu prontamente:

- Oi, mãe.

- Onde você está?

- Na faculdade.

- Por que saiu tão cedo?

- Passei na casa do Vítor primeiro.

- Por quê?

- Essa pergunta me parece meio fora de propósito, mas tudo bem. Talvez seja porque Vítor é meu namorado, meu futuro marido e pai do filho que espero. 

Fez-se um silêncio nervoso, e Carminha retrucou:

- Está se sentindo bem?

- Estou?

- Nenhum enjôo?

- Nenhum.

- Por que não vem para casa descansar?

- Não estou doente, mãe. Sinto-me ótima e não vejo motivo para faltar à aula.

- Eu acho que seria melhor...

- Depois a gente conversa. Tenho que ir para a aula - mentiu.

- Um beijo. 

Desligou antes que Carminha dissesse mais alguma coisa.

- Era sua mãe? - indagou Vítor. 

Os dois estavam sentados em um banco do pátio, conversando enquanto as aulas não se iniciavam.

- Não estou com vontade de falar com ela agora.

- Sua mãe é legal, Bia. Seu pai é que está criando problemas.

- Eu sei. Mas quero resolver as coisas sozinha com você. Não quero mais contar com eles daqui por diante.

- Isso é muito chato. Meu pai está nos dando apoio, não entendo oque houve com o seu.

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora