Coincidência

7.9K 489 17
                                    

Juliana

O dia no trabalho estava correndo normalmente, até aquele homem me fazer um monte de perguntas. Ele era um homem bonito, devia ter mais de 25 anos, tinha os cabelos lisos castanhos escuros, tinha a pele clara, os olhos verdes, mesmo que ele estivesse de terno dava pra notar que ele tinha um ótimo físico. Apesar de ter achado o comportamento dele estranho, fiz o meu serviço da melhor maneira, tentei ser educada em todas as minhas repostas, mesmo as perguntas dele sendo um pouco invasivas, até porque eu trabalho ali tempo o suficiente pra saber que o pessoal que frequentava ali praticamente nem olha na nossa cara quando vai fazer o pedido, quem dirá pergunta o nosso nome ou elogia o nosso serviço. Claro que nem todos são assim, mas a grande maioria sim.

O restante do dia passou normalmente, no meu horário de almoço liguei para meu pai para garantir que ele estava em casa e que estava bem. Nós conversamos muito, eu praticamente implorei para que ele evitasse de sair de casa durante esses dias e aparentemente ele me escutou. Ainda não faço ideia de como vou pagar a dívida, eu estava fazendo umas contas, o máximo que o banco me emprestaria é 5 mil e o máximo que eu conseguiria de pessoas próximas no total é uns 3 mil chutando alto ainda.

Fecho a loja sozinha, mesmo com medo porque naquele horário aquela área era praticamente deserta, pelo menos eu vou ganhar um dinheiro extra e no momento é o que eu mais preciso.

...

Era mais um dia de trabalho como qualquer outro, como estava no horário de almoço as coisas estava bem agitadas, até que Ronaldo me chama de canto e diz:

- Juliana, eu quero que você atenda a mesa 4.

- Senhor a Luíza já está atendendo essa mesa.

- Mas agora eu estou mandando você ir atender.

- Ok, estou indo.

Eu estranhei esse pedido, eu não sabia quem eram esses clientes da mesa 4, porque quem estava atendendo o salão aonde fica essa mesa era a Luísa, mas assim que eu me aproximo, pude notar que era aquele mesmo cara de ontem que fez aquelas perguntas, ele estava acompanhado pelo mesmo amigo de ontem. Será que foi ele que exigiu que eu atendesse a mesa dele? Ou foi apenas uma coincidência? Me desligo dos meus pensamentos e falo:

- Boa tarde, os senhores já pediram?

O cara de ontem diz parecendo surpreso:

- Você de novo? Quanta coincidência.

O amigo dele sorri debochado e eu falo:

- Pois é.

Nessa hora se instalou um silêncio um tanto quanto constragedor, até que o presumo que seja amigo dele diz:

- Eu vou querer o prato do dia e uma coca por favor.

Anoto o pedido, viro para o "doido das perguntas" e falo:

-  E o senhor?

- O mesmo por favor.

Pedi licença e saí. Por incrível que pareça, o doido não me fez nenhuma pergunta, na verdade até consegui descobrir que na verdade ele se chama Erick, lógico que eu não foi indelicada ao ponto de perguntar, mas ouvi o amigo dele dizer em algum momento, na verdade ele só disse o nome pra eu saber, não entendi o que isso iria mudar, mas tudo bem. Eu não sou de me apaixonar, ou me envolver com ninguém e muito menos com clientes. Ainda mais pessoas daquele nívl social, que acham que podem comprar tudo e todos. Eu não sou uma garota  ingênua e, sei bem como esse tipo de cara enxerga meninas simples como eu.

...

O restante da semana foi pura loucura, passei a semana inteira preocupada em como eu iria pagar a dívida, vendi algumas coisas, pedi dinheiro emprestado e o máximo que eu consegui foram 6 mil. Hoje é sábado e, é dia de pagar a dívida, vou pagar o que tenho e tentar negociar um prazo maior para pagar o resto. Como eu estou fechando a loja durante esse mês, eu pedi para o agiota vir receber aqui de frente do restaurante, na hora de fechar, eu só espero que ele me dê um prazo maior.

Outra coisa que aconteceu essa semana, foi que o Erick(doido das perguntas), almoçou aqui durante a semana inteira e adivinha quem atendeu ele todas as vezes? Isso mesmo, eu. Eu achei estranho, mas em todas as vezes que ele veio aqui, ele não deu em cima de mim, nem nada, apenas foi extremamente educado. Ainda bem que ele nem ousou tentar nada, pois como eu disse não estou em busca de romance nenhum e eu também tenho plena consciência de ele é "areia demais para o meu caminhãzinho".

...




O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora