Briga

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Juliana

Durante todo o caminho, eu só torcia para a Sophia não ter nada grave. Ela estava no meu colo, tão pequena, tão frágil, eu sei que não sou mãe dela, mas eu amo essa menina de um jeito que nem sei explicar. Assim que chegamos no hospital, os médicos correm para examinar ela, enquanto isso o Iago, fica comigo na recepção fazendo a ficha dela. Depois de terminar a ficha, no sentamos na recepção mesmo para aguardar o médico vir nos trazer notícia. Em todo o tempo, eu me mantinha em silêncio, com o olhar baixo e mãos apoiadas nas minhas coxas. Então o Iago, coloca uma das suas mãos em cima da minha, o que me faz olhar pra ele e diz:

- Ela parece ser uma menina forte Juliana, tenho certeza que isso não é nada é que ela vai ficar bem.

Antes de eu ter qualquer reação, ou qualquer resposta, ouço uma voz:

- Mas que porra é essa?

Iago tira a mão de cima da minha na hora, e quando eu ia me virar, vejo que na verdade o Erick há estava bem na nossa frente com uma cara de poucos amigos:

- Cadê a minha filha? E o que esse cara está fazendo aqui?

Eu me levanto, fico de frente do Erick, para tentar dar uma certa distância entre os dois, até mesmo pra evitar uma briga.

- A Sophia está sendo examinada. E sobre o Iago, isso é uma longa história.

Antes do Erick falar algo, Iago também se levanta, se aproxima de mim, ignora totalmente a presença do Erick e diz:

- Eu já vou indo, mas se precisar de qualquer coisa não excite me ligar.

O Erick diz em disparada nervoso:

- Ela não precisa de nada que venha de você, eu sou o marido dela e estou aqui pra isso.

Reviro os olhos, ignoro o comentário do Erick, dou um sorriso fraco e falo:

- Obrigada por tudo Iago!

- Imagina, pode contar comigo sempre. Tchau.

- Tchau.

Ele saí. Erick cruza os braços irritado.

- Depois que eu descobrir que a Sophia está bem, você vai me explicar que merda foi essa.

Erick nem espera eu responder e, vai direto falar com a recepcionista, exigindo que o médico venha falar com ele imediatamente. Em questão de segundos o médico aparece e diz:

- Pais da Sophia Lellis?

O Erick diz:

- Somos nós.

Nos aproximamos do médico.

- A menina apenas pegou um resfriado, nada demais, coisa de criança. O que deve ter alarmados foi a febre, que nós já baixamos. Eu sou vou receitar alguns remédios e ela já está liberado.

Respiramos aliviados, ainda bem que não é nada demais. Não sei quem tem menos experiência com doenças em criaças, eu ou a babá. O médico receita os remédios e libera a Sophia. No caminho passamos na farmácia e compramos tudo. 

Chegando em casa, Erick leva a Sophia que estava dormindo para o quarto no colo, enquanto eu vou para a cozinha tomar uma xícara de café. Que susto que nós passamos com a Sophia, mas ainda bem que não era nada demais e logo ela vai estar correndo de novo pela casa. Estava sentada tomando meu café tranquilamente no balcão, quando o furacão Erick entra em disparada na cozinha.

- Que porra era aquela Juliana? O que o Iago estava fazendo no hospital com vocês?

Respiro bem fundo. Sabia que ele só estava esperando ter certeza que a Sophia estava bem para falar desse assunto.

- A Sophia ainda está dormindo? Você pediu para a babá ficar de olho nela? Honestamente, eu acho legal contratar uma babá auxiliar e uma que tenha algum curso de enfermagem. 

- Ela está dormindo sim e a babá está de olho nela. Não tente fugir do assunto, conversamos sobre outra babá depois. 

- Eu acho importante discutirmos sobre isso agora, eu quase morri do coração com o alarme que a babá criou.

- Porra Juliana,para de fugir da merda do assunto.

Me irrito também.

- Eu encontrei por COINCIDÊNCIA o Iago em um restaurante ao lado da faculdade, que eu descobri que ele é professor e acabamos almoçando juntos...

Ele me interrompe irônico:

- Que coincidência engraçada, agora só falta você também me falar que por COINCIDÊNCIA, ele também vai ser seu professor.

- Vai.

Vejo nos seus olhos a raiva subir.

- Eu não acredito nisso sério. 

- Eu só aceitei a carona dele porque a babá ligou pra falar que a Sophia estava mal.

Ele passa as mãos no cabelo, ou melhor quase arranca os fios do cabelo.

- Ah claro, a babá te forçou a pegar carona com ele porque não existe outra forma de chegar em casa. Assim como ela também te forçou a almoçar com ele. Não tente se justificar Juliana.

- Não estou me justificando, até porque não preciso fazer isso e muito menos pra você. Só estou relatando os fatos. E onde você estava que não atendeu o telefone? Imagino que sua amante.

Ele ri irônico.

- Não venha querer reverter a situação porque você não vai conseguir.  Eu estava em uma reunião e meu celular estava desligado. Só soube que a Sophia estava doente, quando a idiota da minha assistente disse logo após a reunião. Você sim estava com seu amante.

- O Iago não é meu amante.

Ele cruza os braços.

- Jura? Não é o que parece. Não brinca comigo Juliana, eu sou capaz de acabar com a raça do Iago.

Nem se quer respondo, me levanto e na hora em que ia sair da cozinha. Ele acrescenta:

- E eu acho melhor você pensar em outra faculdade.

Nessa hora me viro e volta para a cozinha:

- Por quê?

- Eu não suporto a ideia de vocês dois estarem no mesmo ambiente.

- Pois comece a aceitar, eu não vou mudar de faculdade porque você quer, Erick.

- Você gosta de estar perto do Iago, por isso não vai mudar. Aposto como você sabia que ele era professor naquela faculdade e justamente no seu curso.

Dou de ombros.

- Quer saber? Eu não me importo com que você diz,  tire suas próprias conclusões.

- Viu você nem se quer nega.

- Erick, não tem motivo para você estar com essa raiva toda. Nós não temos nada, no contrato diz que nós podemos ficar com outras pessoas, então queria saber qual o problema?

Ele se aproxima.

- E você quer ficar com ele?

- Eu quero ficar com alguém que saiba o que quer, o que sente por mim e não que fuja de compromisso.

- Isso foi uma indireta?

- Isso foi a verdade. Agora com licença, que eu vou ver como a Sophia está.

- Essa conversa não acabou por aqui Juliana.

- Pra mim acabou.

...






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