Jantar

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Juliana
Ele entra na minha casa pela primeiea vez, em nenhum momento eu fiquei com vergonha dele conhecer onde vivo. Até porque eu não tenho nada para me envergonhar, meu lar representa quem eu sou, uma pessoa simples, além do mais, passei tempo o suficiente com o Erick pra saber que ele não se importa com essas coisas. Estávamos na cozinha, estendo os braços e falo com um pouco de deboche:

- A cozinha é toda sua, chefe.

Ele aponta pra mim, para o meu sorriso na verdade.

- Eu quero ver esse deboche todo, quando você provar minha comida.

- Vamos ver então.

- Onde ficam as panelas?

Pego ás panelas no armário e entrego pra ele. Sento na cadeira, pego uma copo de suco e fico observando ele cozinhar. O Erick parece ser uma pessoa tão boa, qual a dificuldade dele em se relacionar com alguém? A ponto dele ter que "comprar" uma esposa.

- Você sempre gostou de cozinhar?

Ele continua mexendo á panela que estava no fogo.

- Na verdade não, quando eu fui morar sozinho alguns anos atrás tive que aprender a cozinhar, mas acabei gostando. E você gosta?

- Pra ser honesta não muito, cozinho porque é uma questão de sobrevivência.

- E seu pai?

- Ele ama cozinhar, mas com o tempo acabou deixando de lado. Alguém mais na sua casa cozinha?

Fiz essa pergunta com o intuito de saber um pouco mais sobre ele. Erick quase nunca me contava muito sobre sua vida pessoal, ele falava as vezes da filha, apenas isso.

- Atualmente, eu ainda moro sozinho, mas quem cozinha lá em casa são as empregadas.

- Entendi.

Ele muda de assunto.

- Já pensou em quem você vai chamar para o casamento?

Eu não tenho quase ninguém pra chamar, infelizmente.

- Meu pai e o pessoal do meu trabalho. E você?

- Algumas pessoas da empresa e o pessoal da reportagem.

- Ninguém da sua família?

- Não, não somos próximos assim.

- Entendi.

De uma coisa eu sei agora, ele tem algum problema com a família.

Erick termina o jantar e nós comemos. Devo admitir que ele é realmente um ótimo cozinheiro porque a comida estava muito boa. Estávamos sentados no tapete da sala tomando café, quando ele diz:

- Como está sendo dormir sozinha?

Respiro fundo, olho pra ele.

- Dormir sozinha, eu sempre dormi sabe porque meu pai sempre passa ás noites fazendo você sabe o quê, mas eu sinto falta dele sabe, mas também tenho consciência  que nesse momento é melhor pra ele ficar lá.

 Ele bebe um pouco co café.

- Por esse lado você realmente está certo.

- E como é morar sozinho? Não é solitário?

Erick pensa por alguns instantes.

- Eu enxergo com liberdade sabe? Não tenho hora pra voltar, não tenho que dar satisfações pra ninguém.

- Você gosta de ser sozinho, então?

- Gosto. E você gosta de ser sozinha?

- Eu tenho meu pai.

- Não nesse sentido.

Eu sabia exatamente sobre o quê ele estava falando, mas mesmo assim me faço de sonsa.

- Em qual sentido?

- Amoroso.

Bebo um gole de café porque esse interesse repentino me surpreendeu. Dou um sorriso brincalhão e uma cutucada com o cotovelo nele.

- E quem disse pra você que eu estou sozinha? Brincadeira. Acho que isso nunca foi uma prioridade pra mim.

- Faz sentido, já imaginava isso.

- E você?

Ele chega perto de mim, vai até meu ouvido e sussura:

- Não sou do tipo que se apaixona.

Depois se afasta rindo malicioso. Por que essas palavras me causaram um arrepio? Me aproximo dele.

- Mas já se apaixonou?

Bem nessa hora o celular dele toca, droga! Ele se afasta pra atender e logo em seguida volta.

- Eu tenho que ir.

Me levanto e o acampanho até a porta. Abro a porta, ele saí e eu falo:

- Obrigada pela noite, eu me diverti muito.

De repente ele chega perto, tão perto que eu pude sentir o cheiro do seu hálito, ouvir sua respiração acelerada, quando ele me puxa pela cintura e me beija. No começo eu não correspondo porque não estava acreditando no que estava acontecendo, mas então coloco minhas mãos na sua nunca e começo a correponder o beijo. A língua dele pede passagem e eu dou. Ele me puxava pra cada vez mais perto, suas mãos estavam sob meu corpo, até que ele para o beijo e simplesmente vai embora. Eu fico ali na porta por alguns segundos, só piscando e vendo o carro dele dá partida, ainda sem entender o que havia acabado de acontecer e sem entender o motivo dele ter saída daquela maneira.




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