Dívida

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Juliana

Chego no trabalho, encontro meu amigo Lucas, que diz:

- Bom dia Ju, tudo bem?

- Bom dia Lucas, tudo e você?

- Estou bem também, o Ronaldo (nosso gerente), está te esperando na sala dele.

O Ronaldo é o chefe mais escroto que já tive, ele dá em cima de quase todas as meninas que trabalham aqui, algumas até saem com ele por medo de perder o emprego. Ele já me assediou diversas vezes, mas eu sempre deixei as coisas claro com ele mesmo assim ele continua insistindo. Eu tenho muita vontade de denunciar ele, mas o medo de ser demitida é maior, por isso eu acabo aguentando tudo calada. 

Quando  o Lucas me disse que  o Ronaldo estava me chamando, eu estremeci na hora, eu com certeza não posso perder esse emprego. Vou em direção a sala do Ronaldo, bato na porta, entro e falo:

- Bom dia, o Lucas me disse que o senhor queria falar comigo.

Ele olha pra mim com um olhar malicioso e diz:

- Sim Jujuzinha, eu quero que você feche o restaurante durante todo esse mês.

Quem ele acha que é pra me chamar de "Jujuzinha"? Fora que como todos sabem fechar o restaurante é obrigação dele, antes que eu conseguisse responder algo, ele completa:

- Você vai fechar sozinha porque eu não estarei aqui durante esses dias. Ah não ser quê você queira me acompanhar em um jantar amanhã, o que você acha?

Ele sorri de lado. Senti um nojo nessa hora, como pôde um senhor de 50 anos, casado, propor uma coisa dessas para uma funcionária? Eu sei que ele fez isso pra me colocar contra parede, porque ficar para o fechamento é um saco e até meio perigoso por conta do horário. Mas eu prefiro fechar o restaurante por um ano inteiro do quê sair com esse velho nojento. Então falo:

- Eu fico para o fechamento senhor.

- Você tem certeza?

- Absoluta.

- Ok, então a partir de amanhã você começa a fechar.

- Tudo bem.

Ele diz irritado:

- Pode se retirar, era só isso.

- Tá bom, com licença.

Coloco meu uniforme e dou início a mais um dia de trabalho...

Estava no portão de casa, quando me deparo com a porta aberta, vou entrando e vejo que está tudo revirado. Chamo pelo meu pai, até vejo ele está no chão chorando, me aproximo, vejo que ele está todo machucado e falo assustada:

- Pai, o que aconteceu aqui?

Meu pai me abraça chorando e diz:

- Filha, me perdoa? me perdoa?

- Me fala o que aconteceu, quem fez isso? 

- É tudo minha culpa.

- Fala logo pai, estou ficando aflita.

- Eu estou com umas dívidas , filha.

Olho nos olhos dele e falo:

- Com quem?

- Com um traficante aqui do bairro e com um agiota também.

-  Pai, como você pode ficar devendo pra esse tipo de pessoa? Você sabe o quanto eles são perigosos.

- Eu sei, eu sei, me perdoa minha princesa?

- Quanto você deve pai?

- 3 mil para o traficante.

Suspiro chocada, é uma boa quantia, mas pedindo algum dinheiro emprestado, acho que dá pra pagar, antes de eu conseguir pensar direito, ele termina:

- E 15 mil para o agiota.

- TUDO ISSO?

- Sim filha.

3 mil é uma coisa, agora 18 mil, nem que eu peça dinheiro para todos que eu conheço, eu vou conseguir essa quantia, é muito dinheiro.

- Isso foi só um aviso do que vai acontecer se eu não pagar minha filha.

Eu apenas consegui dizer:

- Eu sei, eu sei. Quanto tempo temos pra pagar esse valor?

- Uma semana.

Eu sabia que é quase impossível conseguir juntar todo esse dinheiro nesse curto espaço de tempo, por isso não disse mais nada, até  porque sei que meu pai não irá ajudar em nada infelizmente. Dou um remédio pra dor pra ele, o levo para o quarto e ele acaba indo dormir. Enquanto isso começo a colocar as coisas no lugar, mas acabo pegando no choro, eu não imaginei que iria passar por isso. Onde eu vou arrumar esse dinheiro? Eu não quero morrer, nem deixar meu pai morrer na mão dessa gente. Oh senhor me ajude!

....

O que será da Juliana agora? E como ela vai pagar essa dívida?


O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora