Aceita?

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Juliana

Juro que até hoje de manhã eu estava tão decidida a não aceitar essa proposta, mas a conversa com meu pai mudou tudo, eu realmente não aguento mais vê-lo nessa situação, sempre nos arrastando para o buraco. Estendo uma das mãos e falo:

- Eu aceito, nós temos um acordo.

Ele sorri, aperta minha mão e diz:

- Que bom ouvir isso, esse contrato vai ser muito vantajoso tanto pra mim, quanto pra você.

- Assim eu espero, quando assinamos o contrato?

Eu quero assinar o contrato quanto antes para internar meu pai e pagar essa outra dívida.

- O meu advogado está trabalhando nele, acho que amanhã mesmo ele estará pronto.

- Podemos assinar amanhã então se estiver tudo de acordo?

- Claro, podemos sim. Até porque não sei se te informei, mas nós precisamos casar o quanto antes, em 15 dias no máximo.

Com algumas lágrimas no olhos, eu falo:

- Ok, sem problemas. Não me leve á mal, mas eu queria te perguntar se é possível internar meu pai antes de nos casarmos, eu quero que ele vá no casamento lógico, mas também quero que ele comece a se tratar quanto antes, mas se não der...

Ele me interrompe, segura na minha mão, olha em meus olhos e diz:

- Podemos internar ele o quanto antes. Se você quiser nós podemos assinar o contrato amanhã pela manhã e de tarde irmos atrás de uma clínica. Inclusive, eu conheço uma ótima.

Dou um sorriso fraco e falo:

- Você não precisa trabalhar amanhã? Eu não quero te atrapalhar, sério.

Ele sorri brincalhão e diz:

- Nada é mais importante que minha noiva e ajudar meu futuro sogro.

Sorrio com a piada.

- Muito obrigada, de verdade, eu sou muito grata por tudo que você fez por mim.

- Imagina, tenho certeza que você vai retribuir.

Almoçamos e conversamos mais um pouco. Até que depois de muito insistência dele, deixo ele me levar para casa. Estávamos dentro do carro em silêncio, quando eu falo:

- É como é sua filhinha?

Ele dá um sorriso bobo e diz:

- Ela é perfeita sabe, tem os cabelos loiros ondulados, os olhos verdes como os meus, na verdade todos dizem que ela é muito parecida comigo, ou pelo menos era, faz algum tempo que eu não vejo ela.

Os cabelos devem ser iguais o da mãe ou de outra pessoa porque o Erick tinha os cabelos escuros. Eu até fiquei curiosa pra perguntar, mas achei que seria intromissão demais da minha parte.

- Ela tem quantos anos?

- Apenas dois anos.

- Ela é pequena ainda.

- Sim

Conversamos sobre mais algumas coisas, até que chegamos na porta da minha casa e ele diz:

- Está entregue noivinha.

- Tem algo que eu preciso te dizer.

Ele se vira pra mim, desliga o carro e diz:

- Pode dizer.

- Tem outra dívida.

- De quanto?

- De 7 mil dessa vez.

- Ok, me passa seus dados bancários depois que eu depósito o valor.

- Ok, muito obrigada!

Eu ia sair do carro, mas ele segura meu braço, o que faz eu me virar pra ele novamente e diz:

- Sobre o quê é essa dívida, Juliana? E sobre o quê eram as outras?

Respiro fundo e falo:

- Dívidas de drogas.

- Entendo, eu já imaginava isso.

- Pois é.

- Esse é um dos motivos pelos quais você quer internar seu pai quanto antes né?

- Sim.

- Tudo bem, vamos interná-lo o quanto antes. Sempre que quiser pode se abrir comigo, não é porque não seremos um casal que não podemos ser amigos, ok?

Não sei se foi gratidão ou impulso, mas eu acabo abraçando ele, que fica surpreso, logo me afasto e falo:

- Desculpe, de verdade, eu não quis.

- Calma, está tudo bem, foi só um abraço.

- Ok, acho melhor eu ir.

Ele sorri e diz:

- Até amanhã

- Até.

Aceno pra ele que vai embora e eu entro em casa.  Vejo meu pai ainda no sofá dormindo, então vou para o meu quarto. Me olho no espelho, cara você precisava mesmo abraçar o homem? Meu Deus que momento constragedor, mas eu devo admitir que o perfume dele é ótimo, mas enfim... Meu, eu vou me casar, não acredito nisso.

...

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