Audiência

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Erick

Hoje finalmente é a audiência para saber quem irá ficar com a guarda da Sophia, passei a semana passada inteira conversando com meu advogado para analisar todas as possibilidades, estratégias, prós, contras... Ele disse que a chance de ganharmos o caso é alta, mas ele não pode me garantir nada e eu entendo ele.

Acordo cedo, tomo um banho, coloco um terno preto e desço para tomar café. Juliana já estava na mesa, assim que ela me vê, diz:

- Bom dia.

Me sento na mesa e me sirvo.

- Bom dia.

- Nervoso para a audiência?

- Um pouco.

- Imagino, quer que eu vá com você?

Olho surpreso para ela pela pergunta, pois sei que ela não tem obrigação de fazer isso, mas mesmo assim ela se importa, a bondade da Juliana, me impressiona cada dia mais.

- Você teria que ficar do lado de fora provalvemente.

- Não tem problema, mas se você não quiser que eu vá, não tem problema.

- Não, por mim tudo bem você ir.

Ela coloca sua mão em cima da minha que estava sob a mesa, me dá um sorriso tranquilizador.

- Vai tudo certo Erick.

Pode parecer bobagem, mas as palavras dela, me deixaram mais calmo, principalmente em saber que ela estaria lá para me apoiar, nossa amizade realmente está evoluindo.

- Vou me trocar e já desço.

- Ok, só não demora muito por favor.

- Pode deixar Erickzinho.

Ela sobe para se arrumar e vou esperar ela na sala. Em menos de 10 minutos ela desce pronta e nós vamos. Durante o caminho inteiro nós não dizemos uma só palavra,  mas não era silêncio constragedor sabe, era um silêncio bom. 

Quando chegamos, meu advogado já está a minha espera, cumprimentamos ele, na hora que íamos entrar, a minha Edilene(avó da Sophia), mede a Juliana dos pés á cabeça e quase cospe:

- Não tinha uma mulher mais culta para você comprar, Erick?

Se eu pudesse, eu pulava no pescoço daquela velha, eu ia xingar ela, mas a Juliana fala:

- Não vale a pena, Erick. Deixa isso pra lá.

Eu resolvi escutar ela e não discutir. Até porque ali não era hora, nem lugar para aquilo e eu tenho certeza que iria acabar perdendo minha razão se começasse aquela discussão. Aquelas idiotas entram, o advogado entra também, eu peço um minuto para ele.  Fico frente á frente com a Juliana, que arruma minha gravata e diz:

- Você vai conseguir a guarda dela Erick, eu vou estar bem aqui te esperando.

- Obrigado Juliana, nem sei como te agradecer.

Ela dá um sorriso tímido e bate de leve no meu ombro.

- Agora vai lá, se você vai se atrasar.

- Tudo bem.

Eu entro e ela fica na recepção. A audiência foi bem longa, meu advogado usou diversos argumentos a meu favor, o casamento, minha situação financeira e principalemente o fato de eu era o pai. Claro que os avôs dela, também contra atacaram, dizendo que meu casamento era uma pura mentira, que eu era um desnaturado, mulherengo, que ao meu lado ela não teria nenhuma referência de família, mas é aquilo né, uma coisa são palavras, outras são provas, coisas que eles não tinham para confirmar tudo aquilo. 

Então depois de muitas horas, o juiz pediu uma pausa para tomar a decisão. Eu tentava controlar minha ansiedade, mas aqueles minutos pareciam séculos. Então o juiz fala:

- A menor de idade Sophia Maria Lellis, vai ficar sob tutela de seu pai biólogico Erick Bruno Lellis.

Eu senti uma alegria tão grande, que nem prestei atenção no que ele disse, eu apenas estava feliz, só não pulei porque sabia que aquele não era o local adequado. Olhei para a cara dos avôs dela que tentava argumentar com o juiz, como se a decisão dele fosse um absurdo total, mas o juiz complementou:

- A crinça deve ser entregue ainda hoje para o pai e para que não ocorra nenhum mal-entendido uma guarda e um conselheiro irá acompanhar vocês. Nós saímos de lá e a Edilene só sabia falar:

- Pode ter certeza que isso não vai ficar assim, você ganhou a batalha, não a guerra, nós vamos recorrer.

Eu dou de ombros e praticamente corro igual uma crinça para abraçar a Juliana, que assim que me vê vindo em sua direção, se levanta do banco, no qual estava, ela se surpreende com meu abraço no início, mas acaba correpondendo e pergunta:

- Você conseguiu?

Solto ela e sorrio.

- Sim, vamos buscar ela comigo?

- Agora?

- Sim.

- Vamos sim.

Esperamos o guarda, o conselheiro e seguimos em direção a casa dos avôs da Sophia para finalmente levar ela pra casa onde é o lugar dela.

...

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