Capítulo 4

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- Cadu, aqui estão todos os seus documentos. Sua mãe me entregou tudo.

- Muito obrigado, dona Joana. - eu disse pegando o saco e chorando

Chorei por saber que as únicas coisas que eu tinha na vida eram aqueles papéis e seriam aqueles papéis que garantiriam que talvez eu tivesse um futuro melhor do que pedir dinheiro na rua.

- Oh, meu filho, não chore, não. - Dona Joana me abraçou e me prendeu firme em seus braços, pois eu já iria pular para trás - Eu conversei muito com o padre Miguel e ele me contou o seu plano. E pode deixar que eu irei lhe ajudar no que for necessário.

Eu olhei espantado para ela.

- Não se preocupe, nós vamos lhe ajudar, meu filho. - Padre Miguel disse

Eu chorava copiosamente e Dona Joana me prendeu nos braços até eu me acalmar.

- Você quer ir lá na sua antiga escola, não é?

- Sim, senhora.

- Você quer voltar a estudar?

- Sim, senhora.

- Tudo bem, eu vou com você lá. Vamos pegar seu histórico escolar, só assim você poderá se matricular em outra escola.

Eu não sabia como agradecer, eu nem mesmo sabia que eu precisava pegar esse documento. Eu só sabia que eu tinha que ir naquela escola e lá eles me informariam o que eu iria precisar.

- Se eu te convidar para passar o dia comigo, você aceitaria? Não se preocupe com o Caio, ele não está na cidade. Você aceita?

- Vá, meu filho. - Padre Miguel disse me segurando no ombro esquerdo

- Tudo bem! - Eu disse

Ficou acertado que no final do dia, Dona Joana iria me deixar na casa do padre, pois eu continuaria ali com ele.

Nós já estávamos dentro do carro indo a algum lugar que eu não fazia ideia.

- Eu posso lhe perguntar algo?

- Claro, Cadu!

- Por que a senhora está fazendo tudo isso por mim?

- Por que meu filho nunca iria me perdoar se eu não te ajudasse - eu não entendi a resposta e por isso me calei, ela continuou falando - Sabe, o Caio sofreu muito quando você sumiu. Ele me contou tudo o que aconteceu, me contou como vocês se encontravam e como você sempre aparecia na escola. Ele ficou muito preocupado quando você não apareceu na escola, não sabíamos onde você morava.

Eu continuei calado e ela continuou falando.

- Ele me fez ir até a escola saber o que tinha acontecido com você e lá eles nos informaram que você tinha viajado para outra cidade para morar com um tio. Caio nunca acreditou nisso e ele tentou te encontrar todos esses anos. Meu filho realmente gostava muito de você. Ele ficaria muito feliz se soubesse que eu te encontrei e que estou te ajudando.

- Não conte para ele, por favor. - eu disse suplicando

- Tudo bem, não irei contar, pelo menos por enquanto. - ela sorriu para mim - Pronto, chegamos.

Ela tinha me levado a um shopping.

- Vamos comprar umas roupas para você.

Descemos do carro e ela foi me levando até uma loja. Eu ia calado, pois ficar calado era como eu vivia nesses últimos anos. Ela me fez escolher algumas roupas: bermudas, calças, camisas, cuecas, meias. Tudo o que uma pessoa precisa para viver em sociedade. Quando eu toquei aquelas roupas, eu me emocionei tanto que foi impossível segurar as lágrimas. Ela nada disse, só me observou. Eu estava emocionado e envergonhado em poder tocar roupas, roupas minhas. Não eram os trapos que eu usava nas ruas.

Amor que nunca acabará - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora