Capítulo 147

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- Essa aqui não parece um bando de garfo juntos? Que negócio estranho! - eu me acabava de rir do jeito que o Caio falava e olhava para as esculturas.

Ele fazia isso só para eu rir e deixar nossa mãe furiosa com ele. Tia Júlia entrava na onda dele e aí que a minha mãe ficava furiosa.

- Será que alguém ouviu as barbaridades que vocês falaram? - minha mãe perguntou quando já estávamos dentro do carro indo para o restaurante onde iríamos jantar.

- Com certeza não! - eu disse

- Por que você fala com tanta certeza?

- Por que se fosse eu o artista e ouvisse o que o Caio e a tia Júlia falaram, eu já teria colocado os dois para correr no primeiro "ferro velho" que eles tivessem falado. - eu disse rindo

- Eu faria o mesmo! - minha mãe concordou comigo

- Dois chatos! - tia Júlia disse

- Chatos, né? Mas você faz parte dos chatos, eu vi você toda interessada nas obras, viu Júlia?

- É, até que tinha umas coisinhas interessantes... - ela jamais daria o braço a torcer

- Tia, a senhora precisa decidir: ou eu sou chato ou eu faço parte do lado legal da família.

- Aí, bebê, você confunde a gente. Uma hora é chato e está do lado da sua mãe, outra é legal e está do meu lado. Você fica no meio, pronto. Claro que sua titia terá toda liberdade para indicar o lado que você está no momento.

- Tá legal! - eu ri

Nós fomos para o restaurante que sempre íamos quando tínhamos pessoas não vegetarianas conosco. Nós escolhemos uma mesa, fizemos nossos pedidos e ficamos aguardando. A ideia original era levá-las a um restaurante que o Caio descobriu e que nós adoramos, mas não tinha mesa disponível.

- Tô pensando em vir mais vezes ao RJ. - tia Júlia disse

- Isso é ótimo, tia.

- É Júlia, você vive pior que monge isolada em Terê.

- Não é que eu viva isolada, antes de vocês chegarem ao RJ, eu não tinha muito motivo para descer a Serra.

- A senhora não descia a Serra antes de nos mudarmos para cá? - eu perguntei

- Não, era muito, muito raro. Depois que meu marido faleceu, eu aluguei meu apartamento daqui e me mudei para Terê.

Nossos pratos chegaram e nós comemos relembrando e comentando as maluquices que o Caio e a tia Júlia falavam enquanto minha mãe e eu tentávamos ver a exposição. Ir com eles dois à uma exposição era só para rir, não tinha como se concentrar em mais nada a não ser as piadinhas que eles faziam sobre tudo.

####

Nós estávamos em casa, era domingo à noite.

- Você não esqueceu de amanhã, não, né?

- Amanhã? - eu perguntei me fazendo de desentendido

- Sim! Não adianta enrolar, amanhã começa a sua aula prática.

Eu vinha fazendo aulas para tirar a carteira de motorista, contra a minha vontade, que fique claro. Desde que compramos o carro, Caio vinha insistindo para eu tirar carteira. Eu já tinha feito as aulas teóricas e realizado a prova teórica sob a ameaça de não ver sexo em casa durante muito tempo. Era sempre eu quem usava essa chantagem contra ele, mas ele pegou o jeito e a coragem de cumprir a ameaça, ele me deixou uma semana inteirinha a base de beijos e sem deixar que eu o envolvesse, ele fez isso até eu aceitar fazer as aulas preparatórias.

Amor que nunca acabará - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora