Capítulo 94

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Ao sair da livraria, nós fomos para casa. Eu estava doido para começar a ler o livro da Hilda Hilst que eu comprei.

- Meu filho, você já vai para esse negócio de novo? - tia Joana falou vendo o Caio começar a se organizar para jogar videogame

- Não tô estudando, mamãe.

- Vou fazer com você que nem eu fazia quando você era pequeno.

Ele nem ouviu o que ela falou, entrou no quarto e grudou na frente da TV.

- Você bem que podia falar com ele, né?! - ela me disse

- Eu? - eu disse rindo

- É! Ele escuta mais você do que a mim.

- Claro que não, tia! - eu achei bem engraçada a maneira que ela falou

- O que você vai fazer agora?

- Vou lá para a varanda ler um pouco.

- Temos que conversar, mocinho.

- Dessa vez eu não fiz nada! - eu disse rindo

- Fez sim, seu fujão!

- Não fugi de nada! Juro, juro!

- Drª Lúcia me ligou.

- Mas que fofoqueira!

- Porque você não está indo às sessões?

- Fofoqueira e mentirosa! Eu acabei de chegar do consultório dela.

- Ah, foi?

- Foi! O Caio até foi lá comigo.

- Ah, se for assim, não preciso encarnar a mãe chata. - ela disse rindo

- A senhora não existe!

- Vamos lá para a varanda!

Nós fomos, nos sentamos e começamos a conversar. Como eu vinha fugindo de tudo e de todos (menos do Rui), há tempos não conversávamos. Eu sabia que ela estava louca para falar comigo e devido a isso, eu esqueci minha leitura para dar total atenção à ela.

- Já que não preciso encarnar a mãe chata, deixa eu ficar com a mamãe legal.

- A senhora é sempre legal!

- Como você está se sentindo?

- Estou bem! Primeiro eu tive uma conversa com o Rui, isso já me fez muito bem. Hoje, após a sessão, estou ainda melhor. A Drª Lúcia me ajudou muito hoje.

- Que bom, meu filho! Fico feliz quando vejo você e o Caio felizes. E quem diria que o maluquinho do Rui iria ajudar você.

- Né? - eu sorri - Ele é muito importante para mim, ele conseguiu identificar coisas que nem eu estava vendo.

- Ele é apaixonado por você, né?

- Não! - eu falei rindo, ela não era a primeira e nem seria a última a falar isso - Eu amo o Rui e ele me ama, mas é um sentimento diferente, sabe? É um sentimento de irmão, de amigo. Algo muito grande, mas não é um sentimento que nos levaria a um namoro, por exemplo.

- Eu acho ele um menino incrível. Ruth me falou que você o motivou a mudar de vida.

- Eu só conversei com ele. É esse sentimento que eu estou lhe falando, eu puxo a orelha dele, ele puxa a minha. Quando eu preciso ele me socorre, quando ele precisa de mim eu faço o mesmo por ele...

- É tão bom termos amigos assim.

- Concordo!

- Tenho que te falar uma coisa...

Amor que nunca acabará - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora