Capítulo 56

160 17 2
                                    

- Você gosta de lá?

- Da cidade, sim.

- Só da cidade? E o curso, a universidade?

- Só da cidade.

- E agora que você está adaptado?

- Não mudou muita coisa - ele disse sério - eu ainda estou só e ainda tô lidando com a maluquice de ser acadêmico de Medicina.

Eu não entendia o motivo dele falar que estava só se o namorado praticamente morava com ele. Mas eu não comentei nada sobre isso já que eu tinha percebido que ele não queria falar sobre o Carlos.

- Você pensa em sair do RJ?

- Acho que não. Tia Joana está aqui em Terê, meu namorado e meus amigos todos estão lá no RJ. Acho que meu lugar é aqui mesmo.

- Então, eu vou ter que me mudar.

- Porque?

- Ué, você e minha mãe estão aqui, o que eu vou ficar fazendo em São Paulo?

- Mas você tem a Universidade lá.

- E sua família, você falou com eles alguma vez?

- Não! Depois daquela noite, eu nunca mais falei com eles e pretendo continuar assim.

- Faz muito bem!

Nós ficamos em silêncio, um olhando para o outro, era um silêncio reconfortante. Era bom estar com o Caio, a gente não precisava falar, a gente só precisava estar ali.

- Você acredita em destino? - ele me perguntou após um longo tempo de silêncio e após encher nossas taças

- Rãrã! - tia Joana apareceu na sala - Vim buscar essa garrafa - ela disse rindo - Já pegaram duas tacinhas?

- Já, tia!

- Então, o resto é todo meu. - ela disse fazendo uma careta sacana e voltou para o quarto

- E aí? - ele me perguntou assim que tia Joana entrou no quarto

- Oi? - eu tinha esquecido numa fração de segundos o que ele tinha me perguntado

- Você acredita em destino?

- Depende...

- Porque depende?

- Você está falando de um destino fixo?

- Isso!

- Nesse eu não acredito. Eu acredito que as coisas estão predestinadas, mas não somos obrigados a segui-las, a gente pode mudar a qualquer momento.

- Eu acredito que a gente está predestinado, então.

- Como assim?

- Não sei te explicar, eu só acredito nisso. Tipo, olha tudo o que aconteceu. Olha quem ajudou você... e estamos aqui. E a sensação que eu tenho é que nada mudou. É como se eu tivesse deixado você naquele dia, ido pra casa e encontrado você no dia seguinte... Acho que é maluquice da minha cabeça...

- Se for maluquice, eu também estou doido.

- Você sente isso também?

- Claro que sinto! Você acha que eu conversaria com você desse jeito se eu não sentisse isso? E olha pra gente aqui - eu falava em relação a como estávamos no sofá - eu não ficaria jamais com você assim se eu não sentisse o mesmo que você. Só tem duas pessoas com quem eu falo como eu estou falando com você: Rui e Edu. Então, não é maluquice sua. Talvez seja maluquice nossa - eu disse rindo

Amor que nunca acabará - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora