My Sweet Intérprete

The Blues - Parte II

...

- Me solta Saul! – Afastei suas mãos de minha camisa. – Você que não vale nada, Slash. Como você pôde pensar que ela faria uma coisa dessas? Sair e dormir com o primeiro que ela avistasse. Você realmente não conhece a namorada que tem. Você não sabe como ela ficou com o que tu fez.

Eu tinha me revoltado com as palavras de Saul, como ele podia imaginar que me aproveitaria de uma coisa dessas para dar em cima de Camille. Isso não ofendia somente a mim como a ela também.

Ele ficou processando lentamente as coisas que falei. Apesar da minha chateação com ele, percebi que ele estava desnorteado. Não sei se pela bebida ou se talvez ele já tinha usado alguma coisa hoje.

- Como? Como ela está? – Após algum tempo ele me perguntou com a voz mais branda.

- Como você queria? Está arrasada. Ela realmente gosta de você, apesar de você não merecer. – Disse. 

- Eu preciso falar com ela, Isbell. – Ele me falou num tom de desespero. Praticamente como um pedido.

- Isso só quando ela quiser, Slash. Eu te avisei várias vezes, cara. Várias vezes.

Já ia saindo da sala, mas antes me virei novamente para ele.

- E só para que não fiquem dúvidas, não aconteceu nada entre nos dois. Nem eu e nem ela somos igual a você, Saul. – Finalizei por fim me retirando da sala.

Eu podia ter sido duro, mas ele precisava ouvir umas verdades. Subi as escadas e fui para meu quarto. Ele que refletisse um pouco nas coisas que o levaram a essa situação.

Slash

Eu já não sabia mais o que pensar nem o que falar. Eu precisava falar com Camille, precisava conversar com ela e pedir perdão. Eu sei que não justificava totalmente, mas ela precisava saber que eu não estava me encontrando com Renée enquanto estava com ela e que eu estava embriagado na noite do Natal. Nem me lembro de nada do que aconteceu.

Ouvir as palavras de Jeffrey me fez refletir, realmente eu não podia pensar tão mal dela, achar que ela transaria com ele em forma de vingança. Mas saber dos sentimentos de Isbell por ela me deixava inseguro. E se ele dessa essa idéia? De se vingar? Éhhh, eu devia estar mesmo louco, Izzy não faria uma coisa dessas.

Comecei a andar de um lado para outro, saber que ela estava sofrendo por minha causa estava me devastando. Eu precisava falar com ela, então resolvi ligar novamente.

- Alô! – Reconheci a voz de Jennifer ao telefone.

- Jennifer, por favor, me deixa falar com Camille. – Pedi esperançoso.

- Não ligue mais para cá. Ela não quer falar com você. – Disse irritada.

- Jenny, eu estou muito arrependido e você não sabe como eu estou me sentindo mal por tudo isso, mas eu preciso falar com ela, explicar como tudo aconteceu. Chama ela, eu lhe peço.

- Não, eu não vou chamar e não me importa o que você está sentindo. Você foi muito cafajeste. Dê um tempo, ok? Quando ela quiser falar, aí vocês conversam. – Ela disse chateada e em seguida bateu o telefone na minha cara.

Coloquei o telefone no gancho desolado. Acho que ela nunca irá falar comigo, nunca irá me perdoar. 

Mas pensei por um momento: Ela pode até não querer mais saber de mim, terminar nosso namoro, mas ela vai ter que falar isso na minha cara.

Subi para meu quarto e fui me arrumar. Hoje Camille falaria comigo, iria até seu apartamento e só sairia de lá quando ela me atendesse.

...