My Sweet Intérprete

It's So Easy - Parte II

...
– Camille, na verdade eu queria lhe dizer...

Ele começou a falar, mas parou assim que ergueu sua cabeça e olhou para mim. Falar sobre Slash ainda mexia muito comigo e por mais que tentasse me fazer de forte e me segurar, algumas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

- Desculpa, Jeffrey, eu ainda fico mexida ao falar sobre Slash. Que garota boba, você deve estar pensando, mas acredite em mim, eu nunca fui de ficar assim por ninguém e nem de fugir dos meus problemas. Acontece que eu não esperava sentir o que eu sinto por Saul e por mais que eu tente arrancar ele dos meus pensamentos.... esquece...é besteira minha. – Passei as mãos no rosto secando minhas lágrimas. - Mas o que você queria me dizer? Eu te interrompi.

- Não era nada demais, não se preocupe. Camille, desculpe me meter nesse assunto, sei que você não quer falar sobre, mas, eu só acho que você devia ouvir Slash, talvez depois que vocês conversarem você realmente possa tomar uma decisão definitiva. Sei que vocês não conversaram sobre o que houve e as coisas estão meio suspensas entre vocês, mas nem sempre adiar uma situação é a melhor solução. – As palavras de Izzy me atingiram em cheio. Será que realmente o melhor seria resolver isso logo de uma vez?

Ficamos ainda conversando um bom tempo na pedra do riacho. Mas a todo o momento me lembrava do que ele havia me falado. De fato eu e Slash não conversamos após a confusão. E deixar as coisas no ar talvez estivesse me prejudicando, afinal nem sabia mais qual era nossa situação. Eu tinha que resolver de uma vez.  

Conversamos sobre outros assuntos e percebi como estar com ele me fazia bem. Jeffrey realmente era um grande amigo. Apesar de seu jeito sério, ele conseguiu colocar um sorriso em meu rosto. Falamos sobre nossa infância, seus gostos e descobrimos como tínhamos coisas em comum. Apesar de toda dor que ainda sentia dentro de mim, senti algo diferente com ele ali do meu lado, mas logo deixei de lado, afinal podia ser apenas carência, devido seu carinho e preocupação.

Voltamos para casa da tia May, já passavam das 17h. Logo anoiteceria.

- Camille, vou ter que voltar. Já está ficando tarde. – Ele me disse pegando sua mochila.

Olhei um instante para ele e então uma ideia surgiu em minha cabeça.

- Posso te pedir uma coisa, Jeffrey?

- Claro.

- Me leva junto com você para L.A.? – Ele parou um instante me olhando surpreso.

- Eu estou de moto, se não tiver problemas para você, tenho um capacete na minha garupa. – Ele estava achando que eu ia me intimidar por ser uma moto. Mal sabe ele que adoro andar de moto.

- Vamos ver se você realmente pilota tão bem quanto diz. – Dei-lhe uma piscada.

Fui arrumar minha mochila rapidamente. Me despedi de tia May que queria por que queria que dormíssemos lá e só fossemos no outro dia pela manhã. Principalmente após descobrir que iríamos de moto, ela estava pura preocupação. Mas após muita conversa e a promessa que ligaria para ela assim que chegasse em L.A, ela se deu por convencida. Saímos e logo pegamos a estrada.

Jeffrey pilotava devagar, se continuássemos nesse ritmo iríamos chegar de madrugada em L.A. Após uma meia hora de viagem encostamos em um posto para ele abastecer.

- Em uma de nossas conversas você já tinha me dito sobre seu fascínio por motos. Mas não pensei que você pilotava assim. – Disse para ele enquanto que abastecia sua moto.

- Assim como? – Perguntou arqueando as sobrancelhas.

- Como uma garotinha. Pensei que um dos integrantes da banda mais perigosa do mundo tinha um pouco mais do espírito de aventura no sangue. – Disse lhe dando um sorriso debochado.