Prólogo

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     Minha cabeça dói. 

    Sinto meus olhos pesados quando me esforço para abri-los, tentando enxergar algo de coerente.

    As luzes coloridas no ambiente escuro atrapalham minha visão que tenta encontrar a saída. 

A música ensurdecedora junto a gargalhadas altas de pessoas bêbadas e cheirando a suor, perturbam e sufocam minha mente. 

    — Vamos logo para casa, já está tarde.

    — Tá bem, tá bem. Vejo vocês amanhã! — grito já do lado de fora do bar para o garoto loiro. O mesmo sorri, assim como a ruiva ao seu lado.

    — Se cuida Lizz. — Ele alerta, ainda com os lábios erguidos.   

    Pequenos flashs de lembranças adornam minha mente e consigo ter um pouco de noção do que estava acontecendo e onde eu estava.

O horizonte a minha frente é irreconhecível devido ao para-brisa do carro estilhaçado, que faz uma nuvem fosca de vidros acumulados em um só lugar. 

    Minha cabeça continua a latejar e levo a mão até minha têmpora esquerda, sentindo meus dedos umedecerem e gotejarem um sangue quente e cor de carmesim.

    As ruas estavam escuras e úmida, e a única coisa que consigo escutar é o som da minha respiração que começa a se descontrolar quando tento me mover e meus músculos não atendem meu comando. 

    Então eu o vejo. 

    Ele estava jogado sobre o banco do passageiro, com os olhos poucos abertos e a respiração por um fio. Um corte profundo foi feito em sua bochecha e jorrava sangue vivo em sua pele escura, assim como em seu nariz e testa.

    Meus olhos ardem e meu queixo treme ao vê-lo lutar com todas as forças para se manter vivo devido ao meu erro.

    Movimento meus dedos devagar, tentando alcançar sua mão caída sobre seu jeans claro.  

    — Tyson... — murmuro e minha garganta dói com o esforço que faço para minha voz sair. — Tyson fica comigo... 

    Minha mão alcança a sua e noto seus olhos subirem vagarosamente para o meu rosto quando sente o meu toque. Ele sorri. 

    — Está tudo bem — sussurra e aperta com pouca força seus dedos no meu. — Vai ficar... 

    O garoto pisca algumas vezes e a pressão de sua mão sobre a minha se esvai lentamente, indicando que os batimentos de seu coração haviam cessado, e que ele se fora.

    Espremo os olhos com força, sentindo a dor em minha cabeça aumentar e lágrimas grossas e salgadas descerem pelas minhas bochechas.

    — Por favor... — suplico embargante, observando seu rosto que apesar de machucado, estava calmo e sereno. 

    Luzes começam a piscar ao longe e sons de sirene alcançam meus ouvidos. Eu não conseguia me mover.

Apenas fiquei ali, inerte, apenas esperando que um milagre acontecesse e que o garoto ao meu lado, voltasse e dissesse mais uma vez, que ficaríamos bem.

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