6. Reencontro

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     As ruas de Grencheers já estavam minimamente agitadas. Isso porque a festa no Hades durou a madrugada inteira e por ser um fim de semana a maioria de quem foi, aproveitou para se divertir um pouco mais. Inclusive eu. 

    Após minha conversa um tanto que agradável com Dylan, passei o resto da noite sentada próximo ao balcão tomando alguns copos de uísque junto a Hailey e Aidan, o que me fez ficar ainda mais fora de mim.

    Eu não havia dito a eles que tentaram drogar a minha bebida na minha ida ao banheiro, já que não queria estragar a noite de diversão dos mesmos e nem ter que responder infinitos questionamentos que com certeza me fariam perguntando se eu estava bem.
 
    Não queria ter que mentir mais uma vez. 

    — No que está pensando? — Aidan me pergunta, me retirando do transe. 

    — Ahn, em nada. É só o efeito do álcool me deixando avoada.

    — Pegou pesado para cacete hoje. Não sei como ainda consegue andar.

    Meus pés vacilam quando tropeço entre eles, mas me estabilizo quase no mesmo momento.

    — Digamos que seja uma habilidade.

    — Estou vendo. 

    — Obrigada por me trazer. — Digo já em frente a portaria, onde o movimento já é evidente. 

    — Disse que traria. Apesar de que era de carro, mas você preferiu andar. 

    — Sabe que não ando em um des…

    — Desde o acidente. Eu sei. — Cruzo os braços sobre o peito e encaro meus próprios pés. — Será sempre assim?

    Levanto a cabeça e o encaro, confusa.
 
    — O quê? 

    — Você sabe… vai lamentar o que ocorreu aquela noite sempre e nunca mais vai ousar entrar ou dirigir um carro, vivendo um luto eterno pelo Tyson?

    Sinto um nó em meu estômago ao ouvir suas palavras.

    — Eu vou fingir que não ouvi isso. — Solto um riso áspero.

    — Não me leve a mal Lizz, você tem todo direito de sentir falta dele e eu entendo tá? Mas… 

    — O quê?

    — Sinto falta de como você era antes.

    — O que quer dizer com isso? 

    — Que queria que a Lizzie que conheci há alguns anos voltasse. A Lizzie sorridente e divertida, não a Lizzie fria e distante que desconta as frustrações em bebidas.

    O olho, boquiaberta.

    — O que deu em você? Por que está me dizendo isso? — Soo indignada e sinto uma pontada de irritação subir em meu corpo.

    — Desculpa Lizz, eu não qu…

    — Acha que quero ser assim? Que quero viver todos os dias da minha vida me sentindo culpada e em um luto eterno pelo garoto que fez de tudo por mim desde quando eu era uma criança? Não, eu não quero!

    — Eu sei… 

    — Não, não sabe! Porque se soubesse não olharia na minha cara agora e praticamente diria que estou sendo uma ridícula por ainda sentir falta dele! — Praticamente grito e sinto meu sangue ferver, notando algumas pessoas que passam me olharem torto.

    Droga eu não posso me descontrolar.
   
    — Lizzie...

    — Você não sabe em como me sinto, Aidan. Muito menos pelo que passei para estar aqui hoje, porque se soubesse… não agiria feito um babaca me dizendo que estou sendo dramática por apenas viver o luto pelo meu melhor amigo, coisa que eu não pude fazer nem pelo meu irmão! — minha voz sai trêmula e percebo que acabei por falar demais.

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