Atenção: Esse livro contém spoilers de "Mais de Você". A leitura de MDV não é obrigatória, mas saibam que terá algumas referências e personagens dele aqui nesse livro.
Após um trauma de infância que a assombra diariamente, Lizzie Conway preci...
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Abro os olhos minimamente devido à claridade, apalpando o colchão ao meu lado. Vazio.
Pisco algumas vezes na tentativa de focar minha visão e ergo um pouco a cabeça do travesseiro, certificando que realmente estava sozinho. Lizzie já tinha ido.
Sento-me preguiçosamente sobre a cama e passo as mãos nos cabelos e nos olhos, amenizando o sono.
Olho ao redor, vendo o quarto em um silêncio ensurdecedor e as roupas que antes estavam jogadas no chão devido à noite incrível que Lizz e eu tivemos, não estão mais lá.
Mas que porra. Por que ela iria embora?
Pego o celular sobre a mesa de cabeceira. Nenhuma mensagem.
Respiro fundo e retiro o edredom pesado de cima de mim, indo para o banheiro. Um papel adesivo grudado na parte superior do espelho me chama atenção e eu o pego.
“Tive que ir embora, mais tarde te ligo. E me desculpe por ontem.
Assi: sua Lizz.”
Dou um sorriso ladino com a assinatura, mas logo meu humor some quando releio o final do bilhete.
Me desculpe por ontem? Por que ela pediria desculpa? Isso não faz o menor sentido.
Suspiro e coloco o papel de lado, pensativo. Lavo o rosto, escovando os dentes em seguida.
São exatamente onze horas da manhã e o sol reflete nas cortinas claras do quarto. Pego meu celular e me sento sobre a cama, o desbloqueando.
Há algumas mensagens pendentes na barra de notificação e a maioria delas são do meu pai e de Wendy.
Desde que Charles me bateu na última vez em que esteve bêbado e veio aqui, eu tenho ignorado sua existência.
Contudo, ele insiste em querer falar comigo e pedir desculpas como sempre faz, prometendo não me espancar de novo.
Ele até veio aqui algumas vezes, mas eu apenas fingi não está em casa para o mesmo me deixar em paz e esquecer de que um dia já teve um filho.
Wendy, por outro lado, tenta a todo custo me fazer mudar de ideia sobre meu pai, dizendo o quanto seríamos uma família feliz se eu concordasse em perdoar ela e Charles por tudo que eles me fizeram.
“Não precisa ser assim, Dylan. O seu pai te ama apesar de tudo. E eu também. Seria legal se você ao menos considerasse em nos dar uma segunda chance para recomeçarmos.”
Foi o que ela disse na última vez que a vi no estacionamento da faculdade quando Lizzie nos encontrou abraçados e me odiou por pensar na hipótese de eu ainda estar apaixonado pela Wendy.
O que foi a coisa mais estúpida que já a ouvi dizendo por pensar que, na verdade, era por ela que eu estava apaixonado. Desde do dia que ela sorriu pela primeira vez para mim quando cabulamos aula para ir no Cheers.
O pensamento do que ela disse sobre seu abuso quando criança, estala de repente na minha cabeça.
Um frio percorre minha espinha por imaginar as cenas horrendas que a minha garota passou sem sequer ter a chance de se defender.
Agora tudo fazia sentido. Seu comportamento agressivo quando toquei em seu ombro parar pedir informação, sua pedição para não tocá-la quando estava pilotando sua moto, os abraços desviados que dava no Aidan. Era por isso. Era devido ao seu trauma. E eu não notei.
Porra Dylan, como você é burro.
Por um momento penso na possibilidade dela ter se arrependido por ter transado e passado a noite comigo, por isso foi embora antes que eu acordasse e pediu desculpas.
Meu coração palpita com essa ideia e movo meus dedos até a agenda do meu telefone, encontrando seu número.
Coloco o aparelho no ouvido assim que a chamada se inicia. Após três toques ela atende e sinto uma certa animação com isso.
— Alô? Lizz?
— Não. É o irmão dela. — O quê? — Preston.
Junto as sobrancelhas, olhando para um ponto específico.
— Oi, é... onde está a Lizzie?
— Dormindo. Ela... — Uma longa pausa é feita. Ouço um suspiro ser dado do outro lado. — Ela está um pouco mal.
— O quê? — Me levanto em um pulo. — O que aconteceu com ela? O que houve?
— Não é nada Dylan ela...
— Como nada, acabou de me dizer que ela está mal, droga! O que rolou com a Lizz, Preston? — O desespero na minha voz é evidente e não tenho controle sobre isso.
Ainda mais quando o pensamento de que eu posso ter parte nisso por ter insistido para que ela falasse de sua cicatriz e seus medos noite passada.
Mais um suspiro é dado do outro lado. Sinto minhas mãos suadas e fecho meus punhos, apertando o aparelho no meu ouvido, tentando me manter calmo.
— Eu nem devia estar falando isso para você. — Murmura baixo. — Lizzie me mataria se soubesse.
— Falar o quê?
Preston fica em silêncio por um momento. Logo sua voz sai baixa e gélida:
— Ela tem problemas, Dylan. Problemas que quase sempre se resolve com remédios e sedativos.
Pisco algumas vezes, tentando assimilar aquela informação. O quê?
— O quê? — Sopro um riso nervoso, tentando convencer a mim mesmo de que Preston está apenas blefando. — Não, a Lizzie não é assim ela... ela apenas bebe muito, mas... ela já vai parar. — Dou uma pausa. — Não vai?
Preston não responde.
Um turbilhão de pensamentos como ondas agitadas perturbam minha cabeça, a fazendo doer.
Não sei o que falar. Não sei sequer como agir diante dessa situação e me odeio por isso.
Odeio o fato de não poder ajudar de alguma maneira e tenho a sensação de que estou sendo um completo inútil por não saber o que fazer.
— Eu nem devia falar sobre isso com você. — Preston quebra o silêncio que se formou na ligação. — Mas você é o namorado dela e o garoto com quem ela mais fica ultimamente. E eu nem sei o porquê. Ela nunca foi assim com ninguém. Nem mesmo com o Tyson.
Ouvi-lo dizer isso me faz sorrir internamente.
Ela nunca foi tão próxima de alguém como é de mim. Nem mesmo do seu melhor amigo.
— É bom saber também que agora ela tem alguém que cuide dela do jeito que ela merece. Pelo menos eu espero.
— Ela tem. — Me apresso em responder. — Não vou machucá-la. Prometo. — Garanto, sem medo algum de está me precipitando.
Porque eu não estava.
Estava disposto a proteger Lizzie de toda maldade do mundo e cuidar dela da melhor maneira possível, mantendo-a segura e longe de tudo que um dia a machucou.
Estava disposto a ama-la. A se apaixonar por ela quantas vezes fosse necessário, não importa o que acontecesse. Eu só queria vê-la bem.