Dylan e eu saímos do Cheers e agora estávamos andando calmamente pelo estacionamento.
Pelo céu que agora está alaranjado e a temperatura um pouco mais baixa que antes, deduzo que possa ser quatro e meia da tarde.
— O que vai fazer a respeito da detenção? — O garoto pergunta.
Encolho os ombros.
— Ainda não sei. Talvez eu pegue mais outra por cabular essa.
— Não vai mesmo dizer o motivo de ir para lá?
O encaro.
— Vai me deixar em paz se eu contar?
Ele sorri largamente.
— Juro que vou.
Olho para os meus pés, chutando pequenas pedras no caminho e suspiro.
— O diretor me mandou para detenção porque eu... bem, eu meio que disse que ele era um inútil que se preocupava apenas com o próprio umbigo.
— É sério? Por que disse isso?
— Porque ele é mais um dos que acreditam nos boatos que circulam no campus sobre mim.
— Boatos? Você quer dizer os boatos sobre o acidente?
Balanço a cabeça.
— Não foi só um acidente para eles.
— Então foi o quê? — Viro para ele que tem uma expressão confusa, mas logo parece entender quando seus olhos se arregalam um pouco. — Eles pensam que foi um acidente premeditado. — Sussurra.
Concordo com um aceno, evitando contato visual. Apesar de conhecê-lo a pouco tempo, não queria que Dylan pensasse o mesmo que todo mundo.
Não após me fazer rir de verdade depois de tanto tempo sem eu saber o que era isso.
— Aí — Me chama e eu o fito. — Eu sinto muito.
— Pelo quê?
— Você sabe... pelo seu melhor amigo e pelos boatos. Se serve de alguma coisa, eu não acredito neles.
Suas palavras me fazem piscar algumas vezes, totalmente surpresa.
— Não?
— Claro que não. Não acredito que teria capacidade de machucar alguém, ainda mais uma pessoa que amava.
Sinto uma certa felicidade subir em meu interior e tento não sorrir como uma ridícula por saber que, apesar de tudo, ainda tinha alguém que acreditava em mim.
— Obrigada. — Minha voz sai tão baixa que quase eu mesma não consigo ouvir. Dylan me analisa, com pequenos fios de cabelo caindo sobre a testa. — Obrigada por acreditar em mim.
O menino sorri sem mostrar os dentes.
— Talvez eu faça isso mais vezes.
Rio nasalado, olhando ao redor e vendo algumas pessoas caminhando pela calçada e poucos carros passando pela rua. Ouço meu celular tocar em meu bolso traseiro e eu o pego, parando de andar e checando a tela. Dylan para ao meu lado.
— Droga é a Hailey.
— Sua amiga ruiva?
— É. Ela deve estar me procurando que nem uma maluca no campus. — Digo e ponho o celular no ouvido, já prevendo os berros da garota comigo nos próximos segundos. — Oi, Hailey.

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Giver
RomanceAtenção: Esse livro contém spoilers de "Mais de Você". A leitura de MDV não é obrigatória, mas saibam que terá algumas referências e personagens dele aqui nesse livro. Após um trauma de infância que a assombra diariamente, Lizzie Conway preci...