8. Castigo

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    Dylan e eu saímos do Cheers e agora estávamos andando calmamente pelo estacionamento.

Pelo céu que agora está alaranjado e a temperatura um pouco mais baixa que antes, deduzo que possa ser quatro e meia da tarde.

    — O que vai fazer a respeito da detenção? — O garoto pergunta.

    Encolho os ombros.

    — Ainda não sei. Talvez eu pegue mais outra por cabular essa.

    — Não vai mesmo dizer o motivo de ir para lá?

    O encaro.

    — Vai me deixar em paz se eu contar?

    Ele sorri largamente.

    — Juro que vou.

    Olho para os meus pés, chutando pequenas pedras no caminho e suspiro.

    — O diretor me mandou para detenção porque eu... bem, eu meio que disse que ele era um inútil que se preocupava apenas com o próprio umbigo.

    — É sério? Por que disse isso?

    — Porque ele é mais um dos que acreditam nos boatos que circulam no campus sobre mim.

    — Boatos? Você quer dizer os boatos sobre o acidente?

    Balanço a cabeça.

    — Não foi só um acidente para eles.

    — Então foi o quê? — Viro para ele que tem uma expressão confusa, mas logo parece entender quando seus olhos se arregalam um pouco. — Eles pensam que foi um acidente premeditado. — Sussurra.

    Concordo com um aceno, evitando contato visual. Apesar de conhecê-lo a pouco tempo, não queria que Dylan pensasse o mesmo que todo mundo.

    Não após me fazer rir de verdade depois de tanto tempo sem eu saber o que era isso.

    — Aí — Me chama e eu o fito. — Eu sinto muito.

    — Pelo quê?

    — Você sabe... pelo seu melhor amigo e pelos boatos. Se serve de alguma coisa, eu não acredito neles.

    Suas palavras me fazem piscar algumas vezes, totalmente surpresa.

    — Não?

    — Claro que não. Não acredito que teria capacidade de machucar alguém, ainda mais uma pessoa que amava. 

    Sinto uma certa felicidade subir em meu interior e tento não sorrir como uma ridícula por saber que, apesar de tudo, ainda tinha alguém que acreditava em mim.

    — Obrigada. — Minha voz sai tão baixa que quase eu mesma não consigo ouvir. Dylan me analisa, com pequenos fios de cabelo caindo sobre a testa. — Obrigada por acreditar em mim.

    O menino sorri sem mostrar os dentes.

    — Talvez eu faça isso mais vezes.

    Rio nasalado, olhando ao redor e vendo algumas pessoas caminhando pela calçada e poucos carros passando pela rua. Ouço meu celular tocar em meu bolso traseiro e eu o pego, parando de andar e checando a tela. Dylan para ao meu lado.

    — Droga é a Hailey.

    — Sua amiga ruiva?

    — É. Ela deve estar me procurando que nem uma maluca no campus. — Digo e ponho o celular no ouvido, já prevendo os berros da garota comigo nos próximos segundos. — Oi, Hailey.

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