25. Declarações

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    Minha respiração está ofegante. 

    Ando pelas ruas escuras em passos curtos, olhando para todas as direções possíveis, na tentativa de encontrar Dylan. 

    A minha exposição através de Aidan ocorrida momentos atrás vem na minha cabeça e sinto vontade de chorar. 

    Merda por que isso tinha que acontecer? Por que justo no momento em que penso que nada de ruim pode ocorrer um dos meus maiores segredos vem à tona de alguém que pensei que não teria a capacidade de fazer tamanha covardia? 

    Tenho vontade de gritar, apenas para pôr para fora toda vergonha, frustração e fracasso que está entalado dentro de mim há muito tempo. 

    Um clarão se forma no céu e vejo um relâmpago aparecer, junto a um barulho forte de trovão.

Um vento forte sopra, conduzindo as folhas caídas no meio fio da calçada voarem para longe.

Abraço o meu corpo e só agora noto a ausência do meu sobretudo. Merda, esqueci de pegá-lo quando saí. 

    A possibilidade de voltar para buscá-lo vem na minha mente, mas a descarto no mesmo instante já que estou longe da residência dos Banks e mesmo se não estivesse, não teria coragem de retornar para lá depois do que ocorreu. 

    Meu celular toca em minhas mãos e olho para tela, constatando o nome de Hailey brilhar. Mais um estrondo de trovão é ouvido e olho para cima, vendo gotículas de chuva cair e molhar a ponta do meu nariz. Essa noite não pode piorar. 

    Meu aparelho continua a tocar e logo o desligo, sentindo as gotas de chuva ficarem mais intensas.

Corro para me abrigar do temporal que chega, mas não sou rápida o suficiente, resultando em minhas roupas encharcadas e meus cabelos ensopados devido à chuva grossa que vem de maneira rápida e precisa.

    Mais um trovão soa, dessa vez um pouco mais forte e o relâmpago que vem junto clareia todo o céu a minha frente. 

    Apesar da água incessante que cai em meus olhos impossibilitando de eu ter uma visão coerente do que há no horizonte, consigo enxergar com dificuldade a silhueta de uma pessoa um pouco distante de onde estou, andando como se estivesse sem rumo. 

    Passo a mão no rosto para enxergar melhor e posso jurar que meu coração errou algumas batidas quando observo por mais alguns segundos e vejo que se trata de Dylan, devido à iluminação do poste em que ele está próximo. 

     Uma pontada de alívio transparece em meu peito e corro até o garoto.

    — Dylan! — Grito, com o barulho da chuva incessante zumbindo em meus ouvidos. — Dylan! Espera! 

     Ele para de andar e se vira. Continuo a correr em sua direção, sentindo minha respiração desregulada e paro há alguns metros de distância dele, apoiando-me nos meus próprios joelhos, tentando tomar fôlego. 

    — O que está fazendo aqui, Lizzie? Devia estar na festa do babaca do seu amigo. — Sua voz soa séria e talvez um pouco rude. Ele estava irritado?

    O garoto está tão encharcado quanto eu, com sua camisa grudada em seu corpo, fazendo os gomos de seu abdômen ficar aparente no tecido e seus cabelos estão pingando incansavelmente em sua testa e boca. 

        Arrumo minha postura, respirando pela boca e sentindo meu peito subir e descer com certa rapidez.

    — Por que foi embora daquela maneira? 

    O garoto solta um riso de sarcasmo, olhando para o lado. 

    — O que queria que eu fizesse? Ficasse lá olhando para você e para aquele bando de universitários idiotas?

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