Giver

37. Suspeitas

    — Está pronta?

    Suspiro pela décima vez no dia desde quando acordei e olho para o edifício há alguns metros, onde uma movimentação de repórteres e entrevistadores irritantes estão aguardando a minha chegada para me fazer mil perguntas inconvenientes sobre a morte de Tyson.

    Agora entendo porque Preston e Audrey me pediram para vir mais cedo ontem.

    — Estou. — Afirmo para a ruiva, que sorri e bate a porta do seu carro. — Apesar daquilo.

    Ela estreita os olhos para enxergar melhor as pessoas em frente ao tribunal, como se estivessem na porra de um protesto.

    — Uau. Não imaginei que teria tanta gente.

    — Eu também não. Éramos para ter vindo mais cedo como ontem. Aposto que não precisaria passar por isso agora.

    — Aí... — Abraça meus ombros e viro meu rosto para a menina. — Não está sozinha. Terei que passar por eles também. — Dar de ombros. Dou um sorriso fechado a ela.

    — Obrigada, Hailey. Por tudo.

    — Qual é, sabe que não preci-

    — Não, eu preciso sim. Nunca... parei para te agradecer pelo que faz por mim desde o início. Desde a morte do Tyson a ficar com o Dylan no hospital para eu poder vir para cá. Então obrigada... — Agradeço, reprimindo os lábios. — Isso significa muito para mim.

    É a vez da ruiva sorri, me abraçando de lado e pousando levemente sua cabeça na minha.

    — Tá bem. Agora chega dessa melosidade, precisamos entrar. — Rio baixo. — Então vamos. — Indica a entrada do tribunal com a cabeça e atravessamos a rua em passos firmes em direção ao edifício.

    Flashes ofuscam meus olhos e me obrigam a fechá-los por alguns segundos assim que notam a minha presença junto a Hailey.

    Perguntas e mais perguntam surgem de todos os lados e atormentam meus ouvidos, enquanto abro caminho para chegar às escadarias do prédio.

    Faço o possível para esconder o meu rosto e não ser fotografada pelos jornalistas com suas câmeras apontadas para mim, ouvindo os cliques irritantes de cada uma.

    Com dificuldade, conseguimos nos livrar das pessoas que ainda berram meu nome para que eu dê entrevista para seus jornais e entramos no tribunal, onde consigo encontrar a paz que meus ouvidos precisavam.

    — Onde estavam? Por que demoraram tanto? — Preston caminha até nós, parecendo estressado.

     — Quis passar no hospital antes para ver o Dylan. — Olho por uma das janelas de vidro que tinha em cada lado da porta do tribunal, as pessoas do lado de fora. — Esses jornalistas são insuportáveis.

    Preston para ao meu lado, observando a movimentação.

    — É eu sei. Por isso eu e a Audrey pedimos para vir mais cedo ontem. Queria poder socar cada um deles. — Resmunga entredentes, apertando os punhos.

    — No caso, quem iria a julgamento seria você. — Brinco, dando um riso nasal.

    — Pelo menos seria por uma justa causa.

    — Já temos problemas demais, Preston. — Ouço a voz de Audrey e me viro, assim como meu irmão. — Não vou ser sua advogada se agredir alguém.

    — Deixaria alguém tão lindo quanto eu ir para cadeia?

    — Talvez, por ser tão convencido.