33. Dor

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    Coloco a terceira pílula do dia na boca, dando um gole na água do copo

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    Coloco a terceira pílula do dia na boca, dando um gole na água do copo. Descanso o vidro ao lado do lavatório e me olho no espelho a minha frente.

Suspiro ao ver minhas olheiras ainda pior devido aos meus medicamentos que são agora mais e mais fortes que antes. 

    Cubro a parte escura abaixo dos meus olhos com corretivo, assim como as marcas roxas em volta do meu pescoço.

Termino de me maquiar e me analiso novamente. Um pouco melhor.

    Estava sendo a primeira vez que voltava para faculdade após uma semana sem comparecer ao campus devido a tudo o que aconteceu.

Eu não estava pronta para voltar a rotina ainda, mas precisava voltar uma hora ou outra e sabia disso. 

    Durante todo o tempo longe de tudo, passei a maioria dos dias enfiada no quarto sem sequer levantar para ao menos comer.

Os únicos dias que saí foi para ir a minha psiquiatra que para minha infelicidade, me receitou remédios mais fortes já que como esperado, eu havia desenvolvido Transtorno de Estresse Pós-Traumático Complexo, após o gatilho que sofri recentemente. 

     Também tem o Dylan. 

     Desde a última vez que o vi, na vez em que o mesmo veio aqui para tentar consertar as coisas, tenho pensado no quanto sinto falta dele. 

A maneira de como me olhou quando eu disse que precisávamos de um tempo, seus olhos azuis e cintilantes diminuindo o brilho a cada segundo que me encarava, como se tudo o que eu estava dizendo era apenas uma brincadeira idiota e que iríamos nos resolver. 

     Contudo, apesar da dor que senti em vê-lo chorar por toda nossa situação atual e ir embora após prometer que esperaria o tempo que fosse necessário para me ter de novo, no fundo, eu sabia que precisávamos disso. Precisávamos nos consertar antes de consertar um ao outro. 

    Saio do banheiro e ando até meu guarda-roupa, optando por uma calça escura e uma blusa justa de manga longa branca.

Coloco meus coturnos e alinho meus cabelos com as pontas dos dedos, me retirando do quarto assim que pego minha bolsa. 

    Vejo Angel sentada no sofá em frente a televisão, com uma tigela de cereal coloridos no colo, vidrada no desenho que passa.

Contudo, sua atenção é retirada do televisor quando nota minha presença. A menina sorri fechado, enquanto mastiga o cereal vagarosamente.

    — Onde está seu pai, pirralha? 

    Ela aponta com a cabeça para cozinha. 

    — Tomando café. Para onde vai? 

    — Faculdade. 

    — Papai disse que você estava mal. 

    — É eu estava. Mas agora estou bem. — Forço um sorriso para a menina, que tem uma feição indiferente. 

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