𝗺𝗶 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝖵𝖨𝖭𝖭𝖨𝖤 𝖧𝖠𝖢𝖪𝖤𝖱

𝖥𝗂𝗏𝖾

𝗠𝗜𝗔 𝗚𝗥𝗔𝗬

O dia finalmente tinha chegado: o resultado do teste para líderes de torcida. Meu coração parecia preso na garganta desde a hora em que acordei. As mãos tremiam, e eu tentava disfarçar.

— Vamos logo. — digo para Blake, que se arrastava para sair de casa como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Calma, ainda são sete e cinquenta e um. — ele responde, destravando o carro com aquela tranquilidade irritante.

Dou a volta, entro no carro e me ajeito no banco, respirando fundo. Hoje podia mudar tudo.

— A gente vai passar na casa do Bryce para pegar ele. — Blake comenta, e eu só concordo com a cabeça, distraída demais com meus próprios pensamentos.

[...]

— Vou na frente para o refeitório. — digo a Megan e Amy antes de sair da sala, tentando controlar a ansiedade.

O refeitório estava cheio, mas tudo ao meu redor parecia abafado, distante. Caminhei direto até o mural, onde um cartaz enorme exibia a lista dos aprovados. Minha respiração ficou presa no peito.

Passei o dedo pela lista, deslizando lentamente. Encontrei o nome da Megan. Continuei buscando... e então vi o meu.

Um calor subiu pelo meu corpo, uma mistura de alegria, alívio e incredulidade. Parte de mim queria gritar. Mas eu apenas sorri — um sorriso que eu não conseguia controlar.

— E aí... passou? — a voz grave e provocante dele arrepiou cada fio do meu corpo.

Vinnie.

Respira. Fica calma. Só confirma.

— Sim. — digo, me virando lentamente.

Ele sorri — um sorriso quente, cheio de algo que eu não sabia nomear — e então me envolve em um abraço firme. Não consegui me mover. O corpo dele pressionado contra o meu, o cheiro dele, a maneira como suas mãos seguravam minhas costas... tudo me deixou completamente sem reação.

— Parabéns. — ele murmura, ainda perto demais.

— Você passou? — Megan aparece, quebrando o momento no instante exato em que eu começava a perder o fôlego.

Vinnie se afasta, mas seus dedos deslizam pelo meu braço antes de soltar. Um gesto suave. Intencional. Ardente.

— Sim. — respondo, agora sorrindo para Megan, que me abraça animada.

— E eu? Fala logo! — ela pede, olhos fechados, como se não aguentasse a tensão.

— Você passou! — digo, e ela praticamente salta em cima de mim.

— Parabéns, irmãzinha. — Vinnie comenta atrás, e minha pele reage só pela voz dele.

— Vamos comer, estou com fome. — Megan fala, me puxando, e eu agradeço mentalmente por me tirar de perto dele antes que eu perdesse o controle.

[...]

Saímos da escola exaustas.

— Estou tão cansada. — digo, sentindo meu corpo inteiro reclamar.

— Nem me fala. — Megan olha ao redor, observando a movimentação.

— Falta quantos dias para o fim de semana? — Amy pergunta.

— Três. — respondo. Ela revira os olhos como se fosse uma eternidade.

— Vamos para casa. O Blake tá demorando demais. — digo, procurando por ele.

— Vamos. — Amy concorda, e seguimos pelo caminho habitual.

[...]

— Que ódio! — reclamo quando o som alto invade a casa. — BLAKE! ABAIXA ESSA MERDA! — grito, mas é inútil.

Eu só queria dormir. Pelo amor de Deus.

Me levanto e vou até o quarto dele. A porta está entreaberta. Nem penso — só entro.

E imediatamente desejo não ter feito isso.

Blake e Amélie estão ali, grudados, envolvidos demais um no outro.

— MIA, SAI AGORA! — Blake grita.

Fecho a porta num impulso e corro para o meu quarto, o coração acelerado — e não por um motivo bom.

Deito na cama, enfiando o rosto no travesseiro.

Que noite ridícula. Que cena horrível. Que vergonha.

Da próxima vez... eu bato na porta. Sempre bato.

Mas, mesmo com aquela cena absurda presa na minha mente, só conseguia pensar em outra coisa:

O abraço do Vinnie.
O jeito que ele me segurou.
O calor que deixou na minha pele.

E, principalmente...

O que aquele sorriso dele queria dizer.

REVISADO.