𝖳𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒 - 𝗍𝗁𝗋𝖾𝖾

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M5/3

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M5/3

— Mia, me conte... como está indo a escola? — pergunta minha avó, levando a taça de vinho aos lábios com aquele gesto calmo que sempre me fez sentir segura.

— O de sempre. — respondo, tentando parecer despreocupada. — Adolescentes que vivem como se nada importasse, como se a vida não fosse seguir com ou sem eles.

Ela suspira com uma preocupação tão sincera que chega a me doer.

— Espero que seu irmão não esteja assim, querida.

Forço um sorriso.
Meu "ele não está, vovó" sai silencioso, só existe dentro da minha cabeça.
Misturo o sal na massa, observando o vapor subir, como se a cozinha fosse um pequeno universo só nosso.

— Mexa mais um pouquinho e já fica pronto. — ela diz, e seu sorriso é caloroso o suficiente para aquecer uma casa inteira.

Eu amava estar ali.
Tão simples. Tão raro.
Como se o tempo tivesse decidido andar mais devagar só para me dar alguns minutos extras com ela.

— E o Vinnie? — vovó pergunta com um brilho travesso nos olhos que me faz tossir de surpresa.

— Ah... você sabe como ele é. — murmuro, cansada de tentar explicar o inexplicável.

— Mia, escute sua avó: vocês dois ainda vão dar certo. — ela afirma como quem já viu o futuro. — Meu olho nunca falha para casais. Quando eu olho e sinto que vão dar certo... eles dão.

Rio, incapaz de segurar.

— Vovó, a senhora devia baixar o Wattpad. É mais fanfiqueira do que eu.

Ela ri junto, e aquele som sempre me lembra casa, paz... infância.

Passos ecoam no corredor.

— Precisam de ajuda? — Blake aparece na porta, e assentimos.

— Passa a salada, por favor. — peço ao meu tio.

Ele passa, mas minha fome ficou na cozinha.

— Então... novidades sobre namorados? — minha tia pergunta, como se falasse sobre o tempo.

Eu suspiro, e antes que eu responda, Nancy ri.
Aquela risada fina, que corta.

— Desculpa. — ela diz, sem estar nem um pouco arrependida. — A Mia? Namorar? Pelo amor de Deus...

— Qual é o problema, Nancy? — Dandara pergunta, séria.

— Nenhum. Só acho que ninguém ia querer a Mia. — diz, com a segurança de quem sabe exatamente onde acertar para doer.

Sinto a ardência nos olhos, o nó na garganta.
Engulo seco.

— Nancy, se até você consegue alguns caras, imagina a Mia. — Dandara rebate, com um sorriso afiado.

— Meninas, chega! — vovó pede, cansada.

— Vocês sabem quem começou. — Blake diz, levantando da mesa sem disfarçar o desprezo.

Ele nunca suportou Nancy — não depois do dia em que ela tentou separar ele e Amélia.

Eu me levanto devagar, como quem tenta fugir sem chamar atenção, como quem tenta guardar os estilhaços antes que alguém perceba que estou quebrada.

— Não vai comer? — papai pergunta.

— Perdi o apetite. — respondo, sem olhar para trás.

Saio da sala como se o ar ali fosse pesado demais.
O corredor parece longo. Muito longo.

No jardim, o mundo é finalmente silencioso.
Sento no banco em frente ao chafariz.
A água cai, tranquila, como se estivesse contando uma história que só ela entende.

E então deixo acontecer.
A primeira lágrima escapa.
Depois a segunda.
E logo não dá mais para segurar.

As gotas escorrem pelo meu rosto, se misturam ao som da água, e por um instante sinto que estou desmanchando ali mesmo, naquele banco frio.

Era exatamente isso que a Nancy adorava ver —
e talvez fosse isso que mais doía.

Era exatamente isso que a Nancy adorava ver —e talvez fosse isso que mais doía

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Não revisado.

Gente, tô amando ver vcs gostando da fic, deixa o me coração quentinho.❤️

𝗺𝗶 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝖵𝖨𝖭𝖭𝖨𝖤 𝖧𝖠𝖢𝖪𝖤𝖱Onde histórias criam vida. Descubra agora