𝖥𝗈𝗋𝗍𝗒 - 𝖿𝗂𝗏𝖾

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— O que o Blake vai pensar? — minha pergunta escapa num sussurro aflito, como se a arquibancada inteira pudesse ouvir a confusão que lateja no meu peito

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— O que o Blake vai pensar? — minha pergunta escapa num sussurro aflito, como se a arquibancada inteira pudesse ouvir a confusão que lateja no meu peito. Sento-me devagar, tentando recuperar o ar.

Vinnie me encara como se a resposta fosse óbvia, como se meu medo fosse pequeno diante do que ele sente.

— Tô pouco me fodendo pro que o seu irmão pensa, Mia. — a voz dele é firme, quase grave demais, os olhos tão fixos nos meus que sinto como se ele me puxasse para dentro deles.

Meu coração erra o ritmo. Seguro a mão dele; ele envolve meus dedos como se não quisesse que eu escapasse.

— A gente tem que voltar. — digo, mas minha voz treme. Ele percebe.

O carinho que ele faz no dorso da minha mão quase desmonta qualquer resistência que ainda resta em mim.

— Depois a gente conversa sobre isso. — ele murmura, aproximando o rosto. — Não esquenta a cabeça, minha princesa.

O beijo vem lento, quente, como se ele estivesse marcando o momento na minha pele. Eu respondo antes de pensar; é instinto, impulso, necessidade.

— Tá bom. — é tudo o que consigo dizer antes de beijá-lo outra vez, mais fundo do que deveria.

Nos despedimos e eu volto para o treino com as pernas um pouco trêmulas. Sinto olhares pesarem sobre mim — alguns curiosos, outros julgadores. O de Samantha, especialmente, é uma lâmina que prefiro não tocar. Finjo que não notei.

— O que foi aquilo? — Megan surge do nada, vibrando como se tivesse assistido a um filme de ação.

— Nem eu sei. — respondo, passando a mão pelos cabelos num gesto nervoso.

quebra de tempo...

A buzina corta o silêncio da rua. Viro e vejo o carro amarelo de Vinnie, reluzindo sob o pôr do sol. Ele ergue o queixo, mandando que eu entre.

— Entra. — a voz firme, quase urgente.

Entro. O cheiro dele ainda está preso ao cinto de segurança quando eu deslizo a fivela.

— Quer jantar em casa hoje? — pergunta como se fosse casual, quando na verdade parece outra coisa, um convite escondido.

— Pode ser. A Megan... ela já foi? — pergunto.

— Não. Acho que ainda tá na escola. — ele devolve, concentrado na pista.

— Quem vai estar na sua casa? — arrisco, silenciosamente implorando para não encontrar tia Maria e tio Nate.

— Só o Reggie. Minha mãe e meu pai estão na casa do vovô. — diz sem tirar os olhos da estrada.

A noite corre calma — até eu decidir encarar algo que estava ignorando há dias: Megan.

[...]

Bato à porta. Um "pode entrar" sem forças me responde.

Entro. A luz fraca do abajur ilumina só metade do rosto da Megan. Ela está jogada na cama como alguém que perdeu uma batalha que ninguém viu acontecer.

— Oii... — digo devagar.

Ela vira o rosto por um segundo.
— Oi. — A voz dela está quebrada nas bordas.

Sento ao seu lado, o colchão afunda um pouco, e só então ela respira como se estivesse segurando o ar há horas.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto, com cuidado.

Demora. Ela esfrega o rosto, respira fundo, como se confessar fosse abrir um ferimento.

— Acho que tô arrependida. — ela diz, mas não me olha. É quase um desabafo para o teto.

— Arrependida do quê, solzinho? — acaricio devagar seu cabelo.

Ela engole seco.
— De ter falado não pro Antony. — e quando finalmente me encara, vejo o brilho molhado nos olhos dela. — Eu acho que... eu gosto dele, Mia. E eu sinto falta dele de um jeito que... que eu não queria sentir.

Ela aperta as mãos como se escondesse um tremor.

— Eu me senti tão... idiota. — a voz falha, como um tecido rasgando. — Eu achei que estava no controle, mas desde que disse não... parece que falta alguma coisa. Ele fazia parte de mim de um jeito que eu não tinha entendido ainda.

Me aproximo e puxo ela num abraço apertado.
— Ei... solzinho, me escuta. O amor não é pra ser entendido de primeira. Ele bagunça tudo mesmo.

— Mas eu fui orgulhosa. — ela chora no meu ombro. — E se agora for tarde? E se ele já tiver seguido em frente?

— Então você precisa descobrir. — digo, limpando seu rosto com os dedos. — Se você não for atrás dele... alguém vai. E você sabe que ele não é qualquer um. Ele te pediu em namoro, Megan. Ele viu você de verdade.

Ela morde o lábio, vulnerável de um jeito que raramente deixa aparecer.

— Mas eu... eu não corro atrás de ninguém. — ela tenta se recompor, cruzando os braços, mas é uma armadura que pesa.

— Eu sei. — digo, com um sorriso triste. — Mas às vezes o amor exige coragem, mesmo quando a gente acha que não tem. E dessa vez... você tem tudo a perder se não tentar.

Ela solta o ar devagar, como se estivesse se permitindo sentir.

— Eu... vou tentar. — diz baixinho, quase para si mesma.

A porta abre e Vinnie aparece.
— Cheguei, família. — ele para quando vê Megan chorando. — Acho que cheguei numa hora ruim.

— Já já eu desço. — digo, e ele assente, fechando a porta com cuidado.

Megan respira fundo, como quem finalmente enxergou a própria verdade.

— Obrigada, Mia... de verdade. — ela diz, encostando a testa na minha.

Eu beijo sua bochecha.
— Vai dar certo, solzinho. Eu prometo.

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Se cuidem❤️‍🩹

𝗺𝗶 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝖵𝖨𝖭𝖭𝖨𝖤 𝖧𝖠𝖢𝖪𝖤𝖱Onde histórias criam vida. Descubra agora