𝖳𝗐𝖾𝗅𝗏𝖾

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𝗩𝗜𝗡𝗡𝗜𝗘 𝗛𝗔𝗖𝗞𝗘𝗥

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𝗩𝗜𝗡𝗡𝗜𝗘 𝗛𝗔𝗖𝗞𝗘𝗥

A luz da manhã me golpeia antes mesmo de eu ter coragem de abrir os olhos. A cabeça lateja, pesada, como se alguém tivesse batido um sino dentro dela. Tento juntar as memórias da noite anterior, mas só encontro flashes embaralhados: risadas na casa do Bryce, a fumaça densa subindo no ar, o Nicki dizendo "confia, essa é boa", e o mundo rodando mais rápido do que deveria.

E então — mãos pequenas me segurando pelos ombros. A voz suave da Mia dizendo "calma, eu te ajudo". Depois, escuridão.

Ótimo. Agora, além da ressaca, preciso inventar uma mentira convincente.

Viro o rosto para o despertador. Sete e quinze. Ainda dá tempo de chegar à escola sem que ninguém suspeite de nada. Bom... ninguém além da minha cara de zumbi.

Me arrasto até o banheiro. A água fria escorre pelo meu rosto, me acordando aos poucos. Escovo os dentes, visto a primeira roupa confortável que encontro — preto da cabeça aos pés — e desço as escadas tentando parecer uma pessoa funcional.

Reggie já está na cozinha, mastigando alguma coisa que parece ter sido comida um dia.

— Vinnie, dá carona pra Megan. — ele diz, apontando vagamente para a irmã como se desse ordens para um motorista.

Eu só balanço a cabeça.

— Bom dia, maninhos. — Megan canta, toda animada. Como alguém consegue estar feliz a essa hora?

— Eu já vou indo. Combinei de pegar a Avani. — Reggie fala, pegando as chaves antes de desaparecer porta afora.

Megan me observa de perto. Muito perto.

— O que você fumou? — ela pergunta com a sutileza de uma marreta.

— Oi? — tento parecer inocente.

Ela revira os olhos.

— Suas pupilas estão gigantes, Vincent. Se a mamãe e o papai souberem disso, você tá morto. Morto. — ela cruza os braços, já negociando mentalmente sua vantagem.

Suspiro.

— Quanto você quer?

Ela sorri. Aquele sorriso predador que só irmãos mais novos possuem.

— Hm... cem dólares. Não. Duzentos.

— Duzentos?! — abro a boca, indignado.

— Isso, ou alguns meses sem sua lata velha. — ela diz, mexendo no cabelo com elegância ensaiada.

— Não fala assim do meu carro. — protesto. Mas entrego os duzentos.

Ela os guarda com o mesmo entusiasmo de quem encontra um tesouro.

— Adoro fazer negócios com você. Agora vamos, senão a gente se atrasa.

Chegamos à escola, e ao entrar no corredor vejo exatamente quem eu queria — e não queria — encontrar.

— Mia. — chamo.

Ela se vira devagar, os olhos grandes e atentos.

— Oi.

Engulo seco. Estranho como ela consegue me deixar mais nervoso do que qualquer treino.

— Eu... queria pedir pra você não contar nada pros meus pais sobre ontem. — digo, passando a mão na nuca.

Mia sorri daquele jeito contido, quase secreto.

— Tudo bem. Seu segredo tá seguro comigo.

Alívio imediato.

— Valeu. Você já vai pra casa?

— Já.

— Quer carona? — ela nega, mas eu insisto: — Anda, aceita. É o mínimo depois de ontem.

Ela hesita, mordendo o lábio, antes de ceder:

— Tá bom.

Sorrio antes que possa controlar. Caminhamos juntos até meu carro.

— Obrigada pela carona. — ela diz quando estaciono perto da casa dela.

— De nada.

Mas algo em mim não quer que ela vá embora ainda.

— Mia. — chamo antes que ela tire o cinto. Ela me olha, curiosa. — Quer... quer comer alguma coisa? Em algum lugar?

Ela pisca, surpresa. Depois, dá um sorriso leve — o suficiente para bagunçar minha respiração.

— Pode ser.

Ela coloca o cinto novamente. Ligo o carro, tentando não parecer feliz demais.

Na lanchonete, o clima é tranquilo. Aquele tipo de tarde que poderia virar lembrança.

— Tá gostando de ser líder de torcida? — pergunto, enquanto esperamos o pedido.

Ela ri baixinho.

— Em partes.

— Como assim? A Samantha tá te enchendo? — pergunto, mas ela balança a cabeça.

— Não... ela só é mandona. Desde que virou vice-capitã, acha que manda em todo mundo. — ela explica. — E você? Como estão os treinos?

— O mesmo de sempre. — dou de ombros.

Ela sorri novamente. Um sorriso pequeno, mas verdadeiro — como se guardasse o resto só pra quem merecesse.

A atendente chega com nossos pedidos.

— Aqui está.

A bandeja bate levemente na mesa, mas o som se perde na sensação estranha e boa de estar ali com ela.

Eu não sei exatamente o que Mia representa pra mim. Não ainda. Mas naquele instante, com o sol da tarde entrando pela janela e ela mexendo distraidamente no canudo do milk-shake...

A verdade é que não quero que o dia acabe tão cedo.

A verdade é que não quero que o dia acabe tão cedo

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𝗺𝗶 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝖵𝖨𝖭𝖭𝖨𝖤 𝖧𝖠𝖢𝖪𝖤𝖱Onde histórias criam vida. Descubra agora