𝖥𝗂𝖿𝗍𝖾𝖾𝗇

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Como eu odeio festas

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Como eu odeio festas.
Luzes piscando, música alta demais, gente tropeçando em seus próprios pés.
Às vezes me pergunto quem teve a brilhante ideia de juntar um monte de adolescentes suados em um quintal e chamar isso de diversão.

Eu poderia estar na minha cama, enrolada nas cobertas, lendo um livro qualquer.
Mas não.
Eu precisava estar aqui — trancada em minha própria mente — enquanto minhas amigas se divertem e a festa desmorona ao redor.

— Aconteceu alguma coisa? — Vinnie pergunta do meu lado, aproximando-se como se pudesse me ler pelos gestos.

Nego com a cabeça.

— Tá chato, né? — ele completa, e seu sorriso torto aparece.

Assinto. Ele ri.
E por alguma razão, esse riso me atinge como um soco suave no estômago.

— Vou tomar um ar. — digo, descendo da mesa.

— Eu vou com você. — ele fala no mesmo instante. Como se fosse óbvio.

Caminhamos juntos, lado a lado, até os fundos da casa.
O barulho da festa se dissolve atrás de nós, como se estivéssemos atravessando uma cortina invisível.
Sentamos na beira da piscina, e a água gelada roça nossos pés como um aviso.

Por um breve segundo, sinto o coração acelerar.
É só ele.
Mas é ele.

— Como anda a vida? — ele pergunta, com um sorriso pequeno no canto da boca.

Dou uma gargalhada curta.

— "Como anda a vida?" — repito. — Essa foi a pior pergunta que eu já ouvi.

— Eu tentei, tá? — Ele ri de si mesmo. — Tô meio enferrujado em puxar assunto.

— Reparou não. — digo irônica.

— Os caras do futebol estão te enchendo o saco ainda? — ele pergunta, sem olhar para mim, mas movendo os pés na água.

— Não. O que é um milagre. — faço o mesmo. — E você? A Samantha ainda insiste?
Assim que as palavras saem, me arrependo. — Não que eu tenha alguma coisa a ver com isso...

Ele suspira, relaxando os ombros.

— Fica tranquila. Sobre a Samantha... ela está igual sempre.

Silêncio.
Ele respira fundo, como se estivesse organizando pensamentos antigos.

— Você gosta disso? — pergunto de novo, mais baixo. — Dela insistindo em algo que você não quer... ou talvez não quer com ninguém.

Vinnie vira o rosto na minha direção.
Ele me olha como se estivesse me vendo pela primeira vez naquela noite.

— Gostar? — ele repete, devagar. — Ninguém gosta disso, Mia.
O problema é que quanto mais eu deixo claro que não quero nada, mais ela insiste em tentar.
É exaustivo.

Ele então coloca a mão sobre a minha.
Não aperta.
Não puxa.
Só encosta.
E meu corpo inteiro parece ficar em silêncio para sentir isso acontecer.

— Eu quero ter algo sério com alguém um dia. — ele diz, a voz baixa, profunda. — Quero amar alguém como nunca amei antes. Quero sentir aquela coisa no estômago quando vejo a pessoa...
Ele sorri de lado.
— Quero construir uma família com ela.

Meu peito se aperta.
Não sei por quê, mas algo dentro de mim se ilumina — pequeno, tímido, teimoso.
E eu sorrio. Um sorriso bobo, escapando por conta própria.

Ele percebe.
E eu percebo que ele percebe.

— Bom, a conversa está boa... — ele diz, levantando-se — mas eu preciso voltar.
Ele hesita. Só um segundo.
— Até daqui a pouco.

E vai embora.

...

— Que merda você bebeu, Megan? — pergunto, tentando segurar o peso dela.

— Tô com sono... — ela murmura, fazendo bico como uma criança.

— Você já vai dormir. — a coloco na cama.

Amy está esticada como uma estrela-do-mar bêbada.
Megan afunda no colchão como se o mundo estivesse girando devagar demais.

— Mia... — Megan me chama, a voz falhando.

— Oi? — chego perto.

— Acho que vou vo...
Ela não termina.
Vomita em mim.

Meu cérebro vira uma tela azul de erro.

Corro para o banheiro, tiro a blusa rapidamente e coloco no cesto de roupas sujas.
Pego qualquer coisa no closet da Megan — o que é burrice, porque tudo nela é minúsculo — e enfio por cima.

A blusa fica apertada demais.
Obviamente.

— Megan... — chamo, mas ela já afundou no sono.

Olho para a cama.
Não tem espaço pra mim.
Nem um pedacinho.

Então sento no chão.

O quarto está silencioso.
A casa está silenciosa.

E, sem querer, penso no que aconteceu lá fora, na beira da piscina.
Na mão dele sobre a minha.
Na voz dele falando de amor como se fosse algo que ele finalmente estivesse pronto pra sentir.

E eu me pergunto — mesmo sabendo que não deveria:

Será que ele estava falando de mim?

Será que ele estava falando de mim?

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Não revisado

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𝗺𝗶 𝗮𝗺𝗼𝗿, 𝖵𝖨𝖭𝖭𝖨𝖤 𝖧𝖠𝖢𝖪𝖤𝖱Onde histórias criam vida. Descubra agora