Part 11

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Eu não tinha ideia de quanto tempo eu fiquei desacordada, mas posso afirmar que não foi o suficiente para tudo se tornar somente um borrão no meio das minhas memórias tristes, pelo contrário, tudo era tão claro e vívido que eu parecia ver diante dos meus olhos, seu sorriso e seus olhos cruéis, suas mãos pelo meu corpo, seus tapas deferidos contra meu rosto e todo o medo que senti naquele momento, tudo passava repetidamente em minha cabeça, como um disco arranhado.

Eu estava em um quarto de hospital com o corpo mole e uma parte do meu rosto dolorida, mas essa dor era superficial, não era nada comparada á dor que minha própria mente me causava ao me fazer reviver aquele momento de novo, e de novo...

Escutei o barulho da porta sendo aberta levemente, achei ser alguma enfermeira ou talvez meus pais, mas dou de cara com quem eu menos esperava, Rafe, ele fazia tudo tão calmamente que resolvi fingir que ainda estava dormindo.

Ele adentra o quarto e caminha até ficar á uns dois passos de mim, ele parecia repensar cada ação que realizaria a seguir, era como se uma parte sua quisesse estar ali e a outra a milhões de quilômetros de distância, abro os olhos só o suficiente para avistar seu rosto por entre meus cilios. Rafe tinha uma feição pensativa, ele vestia uma camisa polo branca e tinha as ambas as mãos enfiadas no bolso de sua bermuda, eu daria qualquer coisa para adentrar seus pensamentos e saber o que ele tanto batucava em sua cabeça enquanto me encara.

Ele franze a testa e cruza os braços logo abrindo um sorriso.

_ eu sei que você esta acordada _ abro meus olhos e Rafe dá um passo a frente

_ como você sabia ? _ perguntei e ele dá outro passo, dessa vez ficando lado a lado com a minha cama

_ porque pessoas desacordadas não tem um sorrisinho na cara _ ele diz e me analisa por um tempo _ como você...como você tá?_ Rafe pergunta coçando a nuca, uma mania que ele tinha quando estava nervoso.

me sentei sobre a cama e desviei meus olhos de seu rosto observando o quarto, paredes azuis claras, uma tv pequena e do lado uma cômoda com um jarro de flores, eu encarava tudo, menos Rafe que esperava em silêncio por alguma resposta.

Eu queria contar tudo o que aconteceu, buscar uma forma de anestesiar e silenciar nem que por alguns segundos essa dor aguda cravejada em meu peito, mas eu não podia falar, não para Rafe, não para o cara que me magoou, que me humilhou em frente a várias pessoas por puro prazer, não o cara que me chamou de vadia, não para esse Rafe.

_ eu cai _ minto.

_ você acha que eu sou idiota _ ele da uma risada sem graça _ olha, eu não vim aqui pra te fazer mal, eu só quero saber o que aconteceu, ta legal _ Rafe fala chegando seu rosto próximo ao meu _ quem fez isso com você ?_ seu hálito quente bate contra meu rosto, eu não acredito que Rafe havia bebido uma hora dessas _ Aliya, por favor, me fala quem fez isso com você, PORRA _ Rafe se altera e passa a mão pelos cabelos estressado, eu me encolhi na cama sentindo meu corpo tremer e as lagrimas voltarem, os olhos de Rafe pousaram em mim e os vi vacilarem por alguns instantes, em um ato inesperado Rafe ronda seus braços pela minha cintura e apoia seu queixo sobre a minha cabeça.

O cheiro de seu perfume, seu coração batendo rápido, seus braços me segurando firmes, tudo isso me trouxe uma sensação inexplicável, pacifica e confortável, era como um refúgio, um lugar para me esconder, para me desarmar e era estranho,eu estava sendo abraçada por Rafe Cameron, o mesmo cara que fez questão de tantas vezes me dizer que nunca corresponderia a nenhum dos meus sentimentos amorosos por ele, que eu não era nada para ele além da amiga idiota da sua irmã, que eu era uma estúpida por achar que ele gostaria de mim, esse mesmo cara estava me aconchegando em seus braços enquanto lágrimas silenciosas deslizavam por minhas bochechas.

With love...Onde histórias criam vida. Descubra agora