Part 34

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_ essa não vai funcionar, Cameron _ suspenso o corpo e fico em frente a Rafe.

Ele analisa novamente meu rosto, como havia feito antes, e sinto a minha velha amiga, vergonha, se usufruir de meu corpo frágil.

_ eu não estou mentindo, Aly _ ele me chama pelo apelido que havia me dado quando éramos crianças.

***

Subo na casa da árvore extremamente triste pela partida de Sarah e sua família que acontecia na segunda de manhã.
Eles haviam ficado duas longas semanas e já era hora de ir.

Meus olhos se perdiam em lágrimas enquanto abraço minhas pernas no canto da casa de árvore que havíamos arrumado e chamado de nossa.

Ouço uma voz fina gritar para eu jogar as escadas, ignoro voltando a chorar

_ Alyia, por favor _ Sarah insiste

_ vai embora _ grito de volta com a voz embargada.

Eu estava triste e sabia que aquilo não era culpa dela, mas, para uma criança de 7 anos, eu estava brava por ela me deixar.

_ tudo bem _ ela desiste e escuto seus passos fortes se afastarem.

Seco minhas lágrimas e observo os desenhos de tartarugas que Sarah havia feito, e os de borboletas azuis que desenhei.

Sorri vendo os rabiscos de Rafe. Sua madrasta os obrigou a nos vigiar quando eles estavam em uma reunião, e a contragosto o garoto cedeu.

Eu e Sarah desenhávamos animadas e Rafe encarava tudo em um tédio visível. Após algum tempo o vi pegar uma das folhas espalhadas pelo chão e alguns lápis de cor, ele fez alguns rabiscos horríveis e após terminar se virou para sua irmã e disse ter desenhando ela, Sarah o acertou uma borrachada na cara.

O desenho estava pendurado ao lado do meu com as iniciais de Rafe no canto da folha.

_ o desenho ficou bonito _ sua voz ecoa da entrada.

_ como você entrou aqui?

_ pela escada _ ele aponta para as madeiras velhas que eram a antiga escada que dava acesso a árvore.

Dou de ombros desconfortável com sua presença.

_ você não precisa ficar chorando que nem uma criancinha _ rafe abre seu típico sorriso debochado. Reviro os olhos e ignoro seu comentário _ você gosta de borboletas? _ rafe pergunta enquanto analisa meu desenho.

_ se eu desenhei _ respondo e arregalo os olhos quando ele arranca o desenho da parede _ me devolve AGORA _ me exalto e tento pegar o desenho de sua mão quando Rafe o ergue para cima.

_ eu só vou olhar _ ele diz.

Após insistir e ver que ele não devolveria o desenho para mim, me sento novamente no chão.

As lágrimas rolavam por minhas bochechas enquanto eu só queria o jogar daqui de cima.

_ você tá chorando, pelo amor de Deus Alyia , toma _ ele me entrega o desenho e se senta á minha frente _ você é muito chorona _ seco minhas lágrimas com as costas da mão e abraço o desenho contra meu peito.

_ você que é muito chato _ digo e Rafe solta uma risada.

_ e você é muito mais, Aly.

***

_ Você mentiu para mim aquele dia _ o relembro

_ e você sabia que eu estava mentindo _ ele friza _ você sabia que minhas palavras não eram verdadeiras, mas, agora, elas são mais reais que o medo que nos cerca _ Rafe se levanta ficando a minha frente _ eu estou sendo sincero

Seus olhos me encaram em expectativas, como se somente aquilo fosse o suficiente para eu cair de amores por ele, como se aquilo apagasse tudo o que ele havia feito, como se aquilo fosse a reposta para toda a dor causada em mim, e mesmo o amando, aquilo não era e jamais seria o suficiente.

_ Rafe, nem mesmo você sabe o que sente por mim _ digo _ e enquanto você não entender, eu não posso ficar _ Rafe desvia o olhar _ eu não posso fingir que você sente algo por mim apenas pelo prazer de te ter _ toco seu rosto.

_ você não sente mais nada, não é? _ ele pergunta baixo e eu sorrio.

_ você sabe que eu nunca parei de sentir _ Seus olhos brilham em uma profunda decepção _ e, eu estou com JJ _ Rafe se afasta assim que as palavras escapam da minha boca.

Droga, por que eu disse aquilo?

_ você é uma hipócrita do caralho _ ele esbraveja _ você me ama e diz que não pode ficar comigo, mas você está com aquele imbecil mesmo sabendo que você não sente nada por ele _ engulo em seco _ você é muito pior que eu, Byers _ ele diz frio.

_ nunca _ me defendo e Rafe solta uma risada formada

_ vai me dizer que está usando ele para o plano do meu pai, você é ridícula _ Rafe deixa a sala agarrando as chaves de sua moto e batendo fortemente a porta quando chega ao lado de fora.

Sento no sofá quando um turbilhão de sentimentos ruins invadem meu corpo.
Rafe estava certo, eu estava sendo pior que ele. JJ não merecia aquilo, eu iria acabar com tudo, tudo o que nem havíamos começado.

Eu não deveria ter dito aquilo para Rafe, eu só achei que aquilo fosse uma boa ideia, mas como sempre, eu só piorava a situação.

_ confesso que você me surpreende mais a cada minuto _ Ward aparece na sala _ esse seu namoro com Maybanck será muito útil aos nossos negócios _ ele apoia sua mão em meu ombro e sinto meu corpo se tencionar, Ward o aperta fraco.

_ eu irei acabar com tudo _ digo e Ward franze as sobrancelhas, ele da a volta pelo sofá e caminha sobre os cacos de vidro que estavam sobre o chão.

_ você não irá _ ele ordena _ não por agora _ aperto minhas mão em punho.

Ward pega um dos cacos do chão e passa o dedo por ele enquanto o observa atentamente.

_ você sabe o estrago que somente esse pequeno pedaço de vidro pode causar ? _ ele pergunta _ não, bom então lhe darei apenas uma pequena demonstração do que acontecera com seu namoradinho se você não colaborar _ ele se aproxima e meu corpo gela a cada passo seu, Ward tenta pegar minha mão que eu insistentemente segurava contra o corpo, com um último puxão ele consegue segurar minha mão em uma altura suficiente em que ele pudesse corta-la com o pedaço de vidro.

Fecho meus olhos com a dor aguda do vidro rasgando minha pele. Ward deposita o vídro sobre meu corte e fecha minha mão se aproximando de meu rosto.

_ espero que quando alguém perguntar o que houve, você responda que se cortou enquanto tentava juntar os cacos espalhados pelo chão _ mordo os lábios segurando o choro _ porque foi isso que aconteceu, certo ? _ ele solta minha mão e pisca se afastando.

Deixo o vidro cair quando Ward já estava fora do meu campo de visão.
Encaro o corte profundo em minha mão e sinto o sangue escorrer e lentamente manchar o tapete da sala.

As lágrimas corriam livre por minhas bochechas e a raiva queimava em meu peito.
A dor já não me incomodava, tudo o que eu sentia era o ódio percorrer minha veias, enquanto meu corpo tremia e meu sangue continuava a escapar pela ferida aberta em minha pele.

Fui até o banheiro e lavei o corte com água fria, pressionei o local com uma toalha que achei no armário e joguei um pouco de água em meu rosto.

Meus olhos estavam avermelhados e era notório o meu estado decadente.
Respirei fundo e coloquei um sorriso no rosto quando escutei a voz da minha ressoar do lado de fora.

_ filha? _ ela diz quando abro a porta. Seus olhos passeiam por meu rosto e param na toalha amarrada em minha mão _ o que houve ? _ ela pergunta visivelmente preocupada e segura meu braço.

_ não foi nada _ sorrio fraco e puxo minha mão de seu aperto _ aconteceu alguma coisa?

_ Rafe _ meu corpo gela

_ o que houve? _ pergunto temendo as palavras que viria a seguir.

With love...Onde histórias criam vida. Descubra agora