Part 26

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Sabe quando você desejava estar morta, ou pelo menos longe de tudo e todos, era assim que eu me sentia neste momento.

Eu desejava sumir, ir para um lugar onde só houvesse eu e o céu estrelado, onde eu pudesse ser livre, feliz.
Um lugar aonde os sentimentos pudessem ser controlados e apagados quando não fossem bons, um lugar aonde eu amasse a mim e isso bastava, mas,era a vida real e não um livro de fantasias.

Após deixar o quarto e cruzar o corredor, eu me via encarando o jardim. Com os pés descalços sinto a grama fria e úmida tocar minha pele, caminho até um lugar afastado e sorrio quando sinto os grãos de areia abaixo de mim.

Me sento em frente ao mar e admiro a lua cheia que enfeitava o céu, Os pontinhos brilhantes pareciam piscar enquanto iluminavam a imensa escuridão da noite. Sinto o cheiro do mar ser trazido até mim pela brisa leve que chacoalha meus fios de cabelo.

Ali, sozinha, eu me vi completa, talvez eu só precisasse entender que algumas vezes, o eu, era suficiente.
Muitas vezes procuramos em outras pessoas o que está escondido dentro de nós  
Temos tanto o desejo de ser reconhecidos, amados e aclamados, que faríamos qualquer coisa para isso, e nesse amontoado de coisas, esquecemos do eu.

Eu amo Rafe, mais do que posso descrever,e por amá-lo de tal maneira, eu esqueci de tudo de ruim que ele me fez apenas por cogitar a ideia dele me amar de volta.

Eu queria tanto ser amada por ele que nem percebi que eu não amava a mim mesma. Como alguém irá me amar se nem mesmo eu me amo?

Fitando aquela imensidão de estrelas, as mesmas que viram eu me apaixonar por Rafe e beija-lo, as mesmas que eram testemunhas das lágrimas que derramei por ele, agora me observavam prometer ao meu coração que cuidaria dele, e que eu juntaria todos os caquinhos para que um dia ele voltasse a se inteirar novamente.

Ouço o barulho das ondas enquanto deixo a dor em meu peito se dissipar aos poucos.

Toda a cena no quarto só me fez odiar ainda mais meus sentimentos por Rafe. E apesar de reconhecer que eu precisava me dar um pouco desse amor, ainda assim, Eu desejava nunca ter me apaixonado, desejava nunca o ter conhecido, nunca o ter tocado ou beijado seus lábios, mesmo que uma única vez, desejava nunca o ter dado meu coração, Rafe não era o lugar que eu encontraria o amor.

Então, quando eu acordaria e todos esses sentimentos estariam mortos e esquecidos, quando eu estaria livre desse amor egoísta, quando eu poderia amar outra pessoa, quando eu seria correspondida, quando eu deixaria de ser a pessoa que ama sem medidas?

As dúvidas me enlouqueciam, e faziam meu cérebro doer e desejar dormi até tudo isso acabar.

Respiro fundo e fito o mar uma última vez antes de retornar para a residências dos Cameron. Sarah havia me mandando algumas mensagens confirmando sobre o passeio de barco amanhã, respondi com um simples "okAy" e guardei o celular de volta em meu bolso.

Me sentei em uma das cadeiras da varanda quando o meu sono havia ido embora.

Eu comecei a pensar sobre o passeio amanhã, e mesmo que tudo dentro de mim ainda estivesse em uma tempestade, eu não poderia desperdiçar meus últimos dias em Outer Banks.

Eu ainda não havia contado a Sarah sobre minha volta para casa, mas eu sabia que ela ficaria pé da vida,assim como eu fiquei.

Mas agora, eu sinto que isso é uma coisa boa, voltar para casa.
Não era muito fácil ficar na casa do cara que quebrou seu coração, e correr o risco de topar com ele em qualquer canto.

Apoio minha cabeça na parte de trás da cadeira e decido colocar uma música qualquer para quebrar o silêncio que me destroçava. Sorrio ao reconhecer a melodia de " livin'n on a prayer" ressoar.

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