Capítulo VIII

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O que está fazendo aqui? - Indago, com as palavras saindo rápido demais, se atropelando umas nas outras.

Se acalme, Madeline!

Benjamin franze as sobrancelhas e tenho certeza de que está ciente do meu estado de nervos; sorriso cúmplice é prova disso.

─ Está contente em me ver? - Pergunta, arqueando uma sobrancelha perfeitamente desenhada.

─ Na verdade não. - Soa exasperada. Isso só aumenta seu sorriso.

─ Posso perguntar por quê? - Ele passa uma das mãos pelos cabelos bagunçados, como quem não que nada, e vira o corpo quase completamente em minha direção, ignorando a aula que se desenvolve la na frente.

Sopro os cabelos para fora dos olhos e apoio o cotovelo na bancada, descansando o queixo na mão.

─ Bom, tem vários motivos... - Olho para ele de um modo acusador.

─ Então me diga um deles. - Ele incentiva, parecendo realmente interessado, puxando o meu livro em direção a ele e abrindo no capítulo certo.

─ Silêncio aí atrás, por favor! - George me lança um olhar de aviso. Encolho-me um pouco no banco.

Quando tenho certeza de que não estou mais sob seus os olhos, respondo a um sussurro:

─ Você fez eu me afogar em culpa.

Ele ri, mostrando todos os dentes e branquinhos, enrugando os cantos dos olhos. Fico fascinada por um instante, mas lanço um olhar zangado a ele:

─ Isso é sério, Benjamin! Você podia ter sido demitido por minha causa...

─ E como sabe que não fui? - Ele levanta uma sobrancelha para mim, mordendo o lábio inferior para conter um sorriso.

Arregalo os olhos em pânico. Ele foi demitido?

─ Você foi? - Também levanto uma sobrancelha para ele temendo a resposta, em expectativa.

─ Não. - Respondeu muito casualmente. O sorriso se torna presunçoso.

Bufo, enquanto reviro os olhos. Me viro para prestar atenção na aula, puxando o livro, que ele monopolizou, para mim.

Sinto seu hálito perto do meu rosto e quase salto do banco, mas me mantenho parada, como uma estátua, "prestando" atenção na explicação do professor. Aposto que na posição que está, pode sentir meu coração que se recusa a se acalmar, retumbando em meu peito.

─ Escute. - Ele também se reduz a um sussurro. - Achei que já tivesse se esquecido disso. Está tudo bem.

─ Você já me disse isso antes. - Respondo, ainda não olhando em sua direção, mas posso sentir seus olhos firmes em mim.

─ E volto a repetir. - Ele puxa o livro novamente para ele.

Eu o encaro. Ele disse que íamos dividi-lo.

Seus deslumbrantes olhos me fitam de volta, esperando que eu rebata alguma resposta contra eles.

─ Então acho que te devo uma. - Apenas me limito a dizer, meio mal humorada.

─ Pode dar uma gorjeta maior a Leyla da próxima vez que for lá. - Ele sugere, categoricamente.

─ Leyla te falou isso? - Pergunto surpresa e me sentindo um pouco envergonhada por ter dado somente algumas sobras à garçonete.

─ Sim. Ela não parou de reclamar um só minuto. - Ele revira os olhos, como se lembrasse da cena.

─ Vou ter isso em mente. Mas diga a Leyla que não vou mais voltar. - Aviso. Ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha, e depois abro o caderno para fazer algumas anotações.

Entre Lobos & Flores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora