Capítulo XX

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Do lado de fora do banheiro, o clima ainda é o mesmo. A festa ainda continua em seu auge, e a música ainda está em sua batida frenética. O ritmo lento e ébrio foi substituído por um mais dinâmico e agitado, e eu me pergunto onde Mia, Brooke e Dominic estão. Não sei se sentirão minha falta, uma vez que todos beberam a poção, mas não acho que seja uma boa ideia deixá-los em uma festa em que todos virarão petisco de lobo.

Nós começamos a avançar por entre a massa de corpos, com Benjamin guiando o caminho. Estando sóbria agora, é bem mais fácil perceber o quão débil é estar no lugar dessas pessoas. Elas parecem tão deploráveis; todas com seus corpos em um transe letal com a música. Elas não se cansam ou pensam no que estão fazendo. Apenas balançam para os lados, submissas a repetição. Um estado constante e robótico.

Em pouco tempo, estamos novamente bem no centro da pista, abaixo dos globos de espelhos. Eu olho ao redor assim como Benjamin, procurando algo que eu não sei o que é. Um pequeno espaço por entre as pessoas se abre, e permite com que eu o veja em linha reta. Ele está encostado em um dos pilares coloridos; postura orgulhosa, um sorriso vanglorioso nos lábios e um olhar que encara somente uma coisa; nós.

Eu tento obter uma melhor visão, mas acredito que meus olhos me pregaram uma peça quando o vejo balançar o indicador para mim em sinal de negação, enquanto seus lábios se estalam em desaprovação, como se eu fosse uma criança errante. Mas então minha visão é bloqueada quando alguém se põe em sua frente.

Eu tento procurá-lo, movimentando a cabeça em várias direções, mas quando consigo o ângulo novamente, eu fico apenas encarando o nada. Russel não está mais lá. E é aí que meu coração começa com seus batimentos erráticos.

─ Benjamin. – Eu aperto sua mão e interrompo seu caminhar, o puxando de volta para mim. Quando se vira, seus olhos parecem preocupados enquanto me analisa. – Ele sabe; Russel sabe que vamos fugir.

─ Você o viu? – Ele pergunta, alarmado.

Antes que eu possa responder, nós somos engolidos por uma densa escuridão. Todas as luzes que antes piscavam e iluminavam foram apagadas, fazendo com que o ambiente fosse engolido pelo breu. Logo após isso, a música também é desligada, e uma multidão de vozes soa em desagrado, mas logo o que se segue é o silêncio.

─ Não saia de perto de mim. – Benjamin fala, com a voz muito próxima a meu ouvido, como se só quisesse que eu a escutasse.

─ Você consegue ver? – Eu imito seu tom, me encolhendo de encontro a seu corpo, procurando algum conforto.

─ Sim.

─ E o que está acontecendo? – Questiono.

Ele não responde de imediato, mas sinto quando ele começa apertar os braços a minha volta, e depois nos deslocar por entre as pessoas para algum lugar.

─ Você já vai descobrir. – Sua voz está tensa. – Você sabe nadar?

─ Porque a pergunta?

─ Fique calma. – Ele pede, mas há um tom autoritário em sua voz. – Eu poderia estar do outro lado do mundo que ainda conseguiria ouvir seus batimentos. Você faz muito barulho.

─ Benjamin, responda a droga da pergunta!

─ Como acha que vamos sair daqui?

─ Não podemos usar a porta da frente? – Eu tento me agarrar a algo que não soe tão insano.

─ Sim, se você quiser ter seu funeral agendado.

─ Que merda... – Eu xingo somente para mim, mas Benjamin responde mesmo assim:

Entre Lobos & Flores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora