Trevor
( 23:00 da noite,quinta feira)Durante minha vida tive conhecimento de meus atos e de tudo aquilo que poderia vir como consequência,tinha noção e responsabilidade o bastante para não dar as costas e agir como um covarde perante as minha pendências. Mas em momento algum,em todos esses anos me imaginei acompanhado uma garota de dezessete anos em uma corrida pelas ruas de Londres. Ayla se encontrava atrás do volante de um conversível aprimorado, seu olhar estava preso da pista a sua frente e seu pé encostava no acelerador causando o roncar do motor potente,as unhas batucavam contra o coro do condutor do veículo - volante - e por um estante,me questionei se esse curto tempo foi o suficiente para Zayn ensinar algo para ela.
A garota vestida em um Topper branco e um shortinho curto se posicionou entre os carros e ergueu a bandeira vermelha para o alto,seu olhar percorreu por todos os motoristas até para em mim e Ayla,em um sorriso eufórico,a menina abaixou o pedaço de pano dando início a corrida que rendenria uma quantia favorável para os vencedores. Com o olhar afrontoso, Ayla se encontrava focada pista enquanto disputada a liderança com os quatro veículos a alguns metros a sua frente.— Sabe que se perdemos,temos de pagar o mesmo valor, não é? — jogando como insentivo e deixando claro que não tinhamos o valor estipulado, assisti um sorriso nascer em seus lábios.
Ayla não disse sequer palavra,apenas se concentrou em passar os três carros se tornando a corredora em segunda posição. Mantendo somente uma mão sobre o volante, a garota buscou pelo celular no suporte do carro e acessou uma playlist qualquer,algo que me surpreendeu,pois nenhum outro corredor era ousado a esse ponto. E como se não pudesse ficar mais curiosa a situação,Ayla liderou e se distanciou de todos os carros,a velocidade havia se tornado insana e as poucas pessoas que ainda estavam nas ruas se assustavam com o que acontecia.
Então,após cortar toda a cidade, Ayla atravessou o local onde o percurso terminaria lhe fazendo vencedora,porém não parou para aguardar a chegada do restante e muito menos para pegar o prêmio. Com a mesma velocidade e a música em remix tocando em seu celular,assisti a garota deixar o centro da cidade e seguir para a saída.— Tinha um grupo de amigos em Nova York, ambos me apresentaram a adrenalina de se sentar atrás de um voltante e desafiar a velocidade. Mas nunca corri,nunca participei de eventos como esse,minha devoção e respeito a meus pais não me permitiram — apoiando o cotovelo na porta do carro que se encontrava com as janelas fechadas,Ayla contou.
— Sabe que se associar as datas e tudo mais,seus relatos se tornam desproporcionais a seu eu de agora não é? As datas não coincidem.
— Muitas coisas na minha vida não fazem sentido. Um dia estarei a sua frente para contar a verdade,ou talvez esteja para usar uma mentira como uma válvula de escape para que impeça o mundo de conhecer a personalidade da Ayla,uma garota de dezessete anos que perdeu os pais em um acidente de carro. Acredite,as maiores perderes são transformadas em mentiras.
Era insano pensar em como a mente dessa fatura trabalha,complexo imaginar quais são seus níveis de mentalidade equilibrada. Olhar para si é como ter um anjo angelical e inocente diante meus olhos,mas se estamos dispostos a aprofundar um pouco o mais nosso desejo de suprir a curiosidade pela vida alheia, entenderemos que Lúcifer também foi um anjo,e o mais belo do reino do céus. Ayla pode ser uma caixinha de surpresa,pode carregar uma personalidade,mas pode exaltar outra.
Estacionando o carro em uma pista vazia e distante da via movimentada,Ayla desligou o motor do carro e saiu do veículo mantendo a porta aberta e se sentando no capô tendo o olhar para o céu estrelado marcado por uma noite calma e misteriosa. Em um suspiro, repeti seus mesmo atos e aguardei para que suas palavras se fizessem presentes novamente,mas somente sua respiração se tornou audível.
Não lhe conhecia como realmente gostaria,Mutinga um conhecimento aprofundado e muito menos poderia desvendar suas emoções por trás de um suspiro cansado e um olhar distante da sua realidade. Não poderia fazer muitas coisas relacionadas a essa garota que está começando a descobrir as aventuras e desafios da vida,mas tinha a certeza de ser capaz avaliar as situações e desvendar pistas que podem me direcionar a um ponto de partida e um caminha para a linha de chegada. Os mistérios dessa garota está visíveis a olho nu,mas são incompreensíveis se não somos capazes de nos colocar em seu lugar e enxergar com seus olhos. Eu não sou capaz de fazer isso,assim como todos os que tiveram uma curta passagem por sua vida.
Sentando-me sobre o capô daquele carro que deveria ser entregue para um dos organizadores da corrida,observei Ayla pender seu corpo contra o parabrisa e levar suas mãos para que cobrissem seus olhos. Os dedos repletos de anéis pareciam pressionar suas pálpebras como se buscassem um alívio para aquilo que ,um dia,seus olhos enxergaram. Como afirmei e estou cansado de fazer, desconheço as emoções e possíveis futuros atos dessa garota, mas sei que sua mente está cansada e seu corpo parece desejar ceder àquilo que tentou esconder e censurar. Ayla está seguindo um caminho que assisti alguém de perto percorrer,e do fundo de meu coração e com todo meu ser,desejo que haja alguém para lhe segurar de um possível absmo negro e sem saída,almejo s existência de uma pessoa para que possa lhe puxar de volta a sua realidade e domínio físico e mental.Então,para me surpreender ainda mais, Ayla mordeu seus lábios no mesmo estante que uma lágrima molhou seu queixo e deslizou para seu pescoço palito. Como se sentisse vergonha de me mostrar sua fraqueza,sua reação foi a de se sentar com o rosto virado para a esquerda e se levantar andando contra a luz da lua,para logo em seguida e um pouco mais a frente, sentar-se no asfalto molhado pela umidade da madrugada. Seu corpo se curvou contra os joelhos colados a seu peito,sua cabeça acompanhou seu físico e seus cabelos caíram sobre seu rosto,mas era perceptível o aumento de seu choro,algo que se tornava compulsivo e livre. Entretanto era o seu momento,o seu tempo para estravazar as frustrações que lhe consumiam lenta e dolorosamente,era seu espaço pessoal e íris respeitar.
Em um desviar de atenção e olhar,suspirei pesada e profundamente ao buscar por meu celular que vibrara em meu bolso; era Zayn que me mandara uma mensagem. Meu amigo estava longe da cidade,para ser meus exato,estava em Bradford,em uma fazenda pertencente a seus pais. Sua visita se devia a um pedido de sua mãe,essa que estava em Manhattan e decidira passar um tempo longe de toda agitação de Nova York,pois são anos morando em uma cidade que parece não dormir. Apesar de um mal convivi por suas escolhas e desde a morte de sua irmã,Zayn nunca aceitou ou planejou virar as costas para seus pais,nem mesmo quando houvera momentos conturbados no decorrer dos anos.Como estão as coisas por aí? Participou da corrida particionado pelos Coen?
( 01:40)Nada de interessante. Acredita que a garota mistério ganhou a corrida? A princesa e uma ótima corredora e tem um grande futuro milionário no ramo. Mas tenho que dizer que as coisas estão meio tensas.
(01:43)Como assim? Se ela ganhou, não há com o que se preocupar. Você sabe que o Sandoval não ousará a se aproximar dela,pelo menos desde que não haja perda nos seus lucros noturnos.
( 01:46)Se lembra das suas palavras quando a conhecemos? Você a aconselhou a não guardar seus sentimentos e muito menos de se esconder por trás de uma máscara criada a favor daquilo que prometera aos pais. Acredito que ela está se sobrecarregando com toda essa situação,pois nesse momento, Ayla se encontra sentada no chão a poucos metros de distância e chorando.
(01:49)E no momento em que pensei poder receber uma resposta de Zayn,uma mão pegou o celular e o apertou enquanto seus olhos queimavam sobre mim,estava tão submerso a essa conversa que ao menos percebi sua aproximação silenciosa e sua respiração pesada devido o choro de segundos ou minutos atrás, desconheço o tempo em que Ayla possa estar me observando digitar no aparelho.
— O que pensa que está fazendo? Não lhe dei permissão de contar a minha vida para seu amiguinho e ninguém mais — o tom ácido em suas palavras me fizeram suspirar buscando relevar a situação é aceitar que, de fato,estou errado.
— Calma, até parece que tem medo das pessoas se preocuparem contigo. — em um revirar de olhos,ponderei nas palavras ao tentar pegar meu celular de sua mão.
— Entendi uma coisa e faça seu amigo também compreender,minha vida e o que escolhi fazer não diz respeito a nenhum de vocês, não sou um livro que possa ser adquirido e lido em qualquer livraria ou biblioteca. Não lhes dei esse direito e nunca farei isso.
Em um ato raivoso,Ayla jogou o celular para mim e se encaminhou para o carro,onde entrou e o ligou. Como imaginei ao enxergar a ira em seus olhos, a garota me deixou naquele lugar. E com um sorriso sarcástico e desacreditado,tomei a liberdade e audácia de digitar as próximas palavras para Zayn.
Essa garota é completamente maluca,se não lhe conhecesse,diria que formam o casal perfeito. Acredita que a desgraçada me deixou na puta que pariu? Porra,terei que voltar andando até encontrar um ponto de táxi.
( 02:28)
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Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]
Teen Fiction17 anos de pura sabedoria e marra,mas sempre mantendo a pose de "boa menina" que seus avós acreditam que ela seja. Órfã de pai e mãe,Ayla Sintori passou a viver com os avós paternos,tendo que se mudar de cidade deixando tudo para trás,a garota d...