Charpter five

451 35 0
                                    

Ayla Sintori
(08:30 da manhã – quarta feira)

  
   Sentada naquele jardim atrás daquela casa,vi a noite ter fim e o dia amanhecer,assim como pude relembrar meus melhores momentos em Nova York,ao lado de meus amigos e ao lado de meus pais. Seria dias saudades diferentes,pois os amigos poderia rever no final deste ano, poderia lhe encontrar em nosso lugar favorito,mas meus pais,não,eles estava em um lugar que jamais pensei em ir,jamais imaginei ter que frequentar um dia,eles não estavam em nossa casa, não estava no trabalho ou sequer no supermercado,eles não estavam em lugar algum a não aquele maldito cemitério. Por culpa de um inconsequente,por culpa de um motorista embriagado,meus pais não estavam comigo,por culpa de um maldito filho da puta,minha vida foi alterada sem ter chances de ser o que era antes. Não havia um minuto sequer que não pensasse nisso,um minuto sequer que não imaginasse eles vivos ao meu lado e dizendo que tudo ficaria bem.
  Ao ouvir passos se aproximando, pego a moleta ao meu lado as puxando mais para mim. Devido a queda de ontem por ter pulado a janela de meu quarto,o gesso em minha perna teve pequenas rachaduras,o que precisaria ser visto por um médico dessa cidade.

   — Quer ajuda para se levantar? — me surpreendendo com Dionísio, apenas assinto.

   Sentindo seus braços me erguerem do chão,me apoio com as moletas lhe direcionando um olhar de agradecimento. Com seus olhos percorrendo pelo gesso em minha perna,pude vê-lo fazer uma careta , certamente por ter visto a pequena rachadura.

   — Não deixe que sua vó veja isso,ou não terá um minuto de paz!— rindo descontraído, Dionísio apenas nega e sai andando em minha frente.

   Estranhando sua forma de agir, apenas sigo na mesma direção indo para a entrada da cozinha que também dava com esse lado do jardim. Não sabia exatamente o que eles tramavam ao agir dessa forma comigo,porém sabia que deveria me manter de olhos bem abertos e que seria questão de tempo para que tentassem algo para infernizar minha vidinha de merda.

    — Bom dia querida! Não lhe vi descer, está acordada a muito tempo?— por mais que tivesse passado a noite em claro e tenha saído altas horas,apenas neguei com se dissesse ter acordado um pouco antes dela.

   — Não. Vou dar uma volta pela cidade,tudo bem? Quero conhecer o lugar onde irei morar...

   Sem aguardar um resposta positiva de ambos,apenas me viro saindo daquela cozinha os deixando sentados a mesa tomando seu café da manhã. Saindo pela porta da frente,pude encontrar algumas pessoas andando pela rua de forma apressada e outras tranquilamente como se não houvesse nada com que se preocupar. Com um pouco de dificuldade,saio pela calçada seguindo para o lado direito,a mesma direção que tomei ao pular da janela de meu quarto ontem a noite.
   Não sabia o que sentia ao saber que ali,seria meu destino por um ano, não sabia explicar qual sentimento me dominava ao lembrar-me que enquanto fosse menor de idade, não poderia morar ou sequer frequentar a antiga casa de meus pais,pelo menos não sem permissão de meus avós. Não soube o que dizer para o juiz, não soube o que decidir no momento em que uma advogada estava a minha frente me pedindo para escolher com quem ficaria até minha maior idade, assim como também não sei o que fazer para me sentir bem nessa cidade,para me sentir em casa,pelo menos um porcento do que sentia em Nova York.

    Avistando a lanchonete na qual passei ontem após aquela pequena descoberta na rua abandonada, atravesso a rua indo na mesma direção,depois encontraria um posto de saúde oi hospital para resolver esse problema do gesso em minha perna.

    — Bom dia! Gostaria de pedir agora?— olhando para a garota que não passava de 16 anos,a cumprimento com um breve sorriso.

   — Apenas um suco de laranja natural.

   A vendo sair para pegar meu pedido, dirijo-me até uma mesa mais ao canto. Me sentando deixando minhas moletas ao lado, suspiro cansada. Andar com uma perna engessada e com um par de moletas, não eram a melhor coisa que se poderia fazer,porém depois que precisamos, não há outro jeito. No acidente que sofri com meus pais, meus únicos ferimentos foram a fratura em minha perna,alguns arranhões pelo corpo e um corte em meu abdômen,devido o caco de vidro que havia me perfurado ao ver o carro capotar.

    — Ela não é ninguém importante em minha vida,Travor! É apenas mais uma vagabundo que como sempre que estou afim!— erguendo meu olhar ao ouvir aquela voz grave, reviro os olhos ao encontrar o mesmo homem de ontem a noite.

   — Mesmo sendo a maior metralhadora de boceta que conheço, um dia tu vai se apaixonar e estarei ao seu lado para dizer que bem que avisei— o de nome Travor,sorri de forma sarcástico para o amiga enquanto se apoiava no balcão no qual a garota que me atendeu,estava.

   — Lili minha linda,manda o de sempre para a nossa mesa!— com um sorriso gentil,a menina de pele clarinha apenas confirma.

   Se virando para a mesma direção em que eu estava,abaixo meu olhar para minhas mãos que se mantinham sobre aquela mesa,em tentativa de passar despercebido por eles,mais infelizmente não consegui.

   — Princesa! Não imaginava te encontrar por aqui— erguendo meu olhar novamente,sorrio de lado os vendo se sentar na mesma mesa em que estava.

    — Descobri ser um bom lugar para tomar um café da manhã — comento sentindo o olhar do outro cara sobre mim.

  — Você não é daqui,não é?— nego tirando sua dúvida.

   — Sou Americana,morava em Nova York até três dias atrás— desviando meu olhar a vidraça ao meu lado, conseguia enxergar o movimento do lado de fora daquele estabelecimento.

   — Qual foi desses ferimentos?— me surpreendendo por ouvir a voz do outro cara,retorno meu olhar para ambos.

   — Acidente de carro que sofri alguns dias atrás...

   Olhando para a garota que coloca meu copo de suco a minha frente, agradeço com um breve aceno enquanto ela servia os outros dois com seus pedidos.

   — Valeu,linda!— o tal Travor agradece enquanto o outro ao seu lado apenas acena sem tirar os olhos de mim.

   — Acho que pode dizer seu nome agora, não acha?— rindo de sua curiosidade,apenas assinto dando o primeiro gole em meu suco colocando o copo na mesa novamente.

   — Ayla Sintori,mas pode me chamar apenas de Ayla. Qual o de vocês? Se é que posso saber...

  Mantendo meu olhar sobre ambos enquanto tomava meu suco, sustento o olhar indecifrável do homem a minha frente que bebia seu refrigerante.

   — Travor Lisboa e esse é o Zayn, mais conhecido como rei da pista— apenas assentindo com um sorriso fraco,olho as horas em meu relógio de pulso.

   — Satisfação,mas agora preciso ir— deixando o dinheiro do suco sobre a mesa,me levanto com uma certa dificuldade os fazendo se levantarem para me ajudar,mas apenas dispenso com um simples olhar.

   — Cola na rua Três hoje,Princesa!— apenas assinto me preparando para sair daquele estabelecimento.

   — Vejo vocês por aí...

   Os vendo apenas assentir,me afasto saindo daquele estabelecimento ainda podendo sentir seus olhares sobre mim. Sabia que minha vida mudaria aí,sabia que tudo seria diferente ao ter lhes conhecido...

Música da mídia: Good years – Zayn Malik

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora