Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]

Chapter forty seven

Zayn Richelie
Londres - segunda-feira

Ela estava tão perto de mim,mas ao mesmo tempo, tão distante. Era como se aqueles passos se multiplicassem a cada vez que ousava a me aproximar,como se a distância fosse interminável. Apesar de doer e me sentir corroer internamente, tinha a consciência de que toda culpa por esse sentimento,por esse abismo que nos afasta,se deve a minhas decisões e inseguranças.

Ainda consigo recordar da forma como ela olhou,a anos atrás; as lágrimas presas em um acúmulo doloroso, o coração partido e implorando por um único pedido que me neguei a fazer,aquele carinho que nunca diminuía apesar dos meus erros. E todas as noites,a cada segundo que poderia ser contado,a mesma imagem dominava meus pensamentos e o peso que carrego sobre os ombros,parecem me afundar centímetro por centímetro.

Confesso e assumo que,em muitos momentos,pensei em quebrar minha promessa e sair a sua procura,lhe pedir por mais uma chance para fazer o certo,para tentar concertar o que fosse possível,cogitei a possibilidade de lhe enviar incontáveis mensagens e efetuar inúmeras ligações. Contudo, me mantive racional, aceitei que Ayla não merecia ter sua vida destruída por alguém imaturo. Era a nossa realidade e nada poderia a mudar.

Então,com o passar dos anos e as responsabilidades que tanto neguei durante anos,encontrei aquela válvula de escape que todos usam,aquela distração onde impedi os impulsos de dominar a racionalidade existente em nosso subconsciente. Os negócios da minha família,e aquele escritório que dava voz a minha formação acadêmica,tudo era uma justificativa plausível para meu desligamento do que acontecia ao meu arredor.

Amo ela,com cada parte de meu corpo e coração,se fosse necessário,lhe entregaria a minha vida em suas mãos sem pedir nada em troca. E é exatamente por esse sentimento,por tudo o que ela possa me causar, é por ela os meus motivos de se afastar,de lhe permitir seguir sua vida e seus planos. Podem me chamar de covarde e o que mais souberem ser uma ofensa para o que escolhi fazer,mas aqueles que foram capazes de amar, sabem qual é o peso desse sentimento; sabem que em muitas das vezes,amar alguém significa abrir mão,se afastar e ver essa pessoa construindo uma vida com outra,com um alguém que lhe ofereça o melhor. E eu,apesar de compreender melhor o que passamos juntos, não sou o melhor para ela.

Posso sentir cada centímetro de meu coração se partir,cada célula se enfraquecer pela dor,mas nunca serei capaz de lhe machucar uma segunda vez, jamais seria aquele moleque infeliz que brincou com seus sentimentos. Os anos passaram, experiências fizeram parte desse período, então aceito o que a vida e o destino estavam me entregando - por mais que nunca tivesse acreditado nesses termos - consigo sentir a necessidade de maturidade, então,estou no processo.

E mesmo que meus olhos não se desviassem de si,por mais que esteja observando minuciosa e discretamente cada ato e sorriso, não ousaria a me aproximar. Mas deveria dizer: Ayla Sintori era a mulher mais linda que passara em minha vida,a única que fora capaz de me conhecer desde o início e que permaneceu, até o momento em que se viu obrigada a se afastar. Me pergunto como tudo poderia ter sido, certamente, não estaríamos juntos; afinal, estávamos descobrindo a maturidade e éramos incapazes de suportar mais do que àquilo,mais do que vivemos naquele tempo.

As garotas decidiram passar a tarde no shopping, fazendo compras e experimentando os vestidos para o casamento,esse que aconteceria em quatro dias. Confesso que me surpreendi quando Trevor anunciou o noivado em um jantar na casa de meus pais,no entanto,me vi comemorando pela felicidade deles; mereciam todas as conquistas. Foram tantas mudanças que sofremos,tantos perdões e acontecimentos,tantas coisas que as vezes me pergunto quanto tempo havia se passado, quanto deixei passar despercebido.