Chapter thirty-six

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Ayla Sintori
(Segunda feira)
 
S E M   R E V I S Ã O

 
      Ainda sentia dor,sentia como se meu corpo pedisse por abrigo juntamente a minha mente e os gritos de meu subconsciente. Carregando uma pequena mochila em minhas costas portando somente alguns matérias exigidos nas aulas que teria,dava curtas e dolorosas passadas por aquele corredor que parecia me conduzir a um matadouro,onde se podia esperar meu assassino segurando uma arma pronta para disparar em minha direção. A mão na lateral de meu corpo e sob as duas costelas fraturas parecia ser um bom suporte para que sustentasse meu caminhar a cada estante.
     Sabia que os olhares estavam sobre mim,as marcas pouco amostra era motivo para isso,meu rosto continha um corte no lábio inferior e minha bochecha sustentava a cor amarela devido a bofetada recebida. Por mais que tenha se passado três semanas,por mais que esteja sobre os cuidados dele,nada está se curando com rapidez,nem mesmo meu corpo está a meu favor. Conseguia adivinhar os possíveis pensamentos e sussurros que aquelas pessoas poderia estarem fazendo, contudo parecia algo irrelevante já que nunca fui do tipo que se compadece por coisas fúteis e irrelevantes.
       Quando entrei na sala de aula e encontrei meu processor,esse que não temia perder sua carreira por estar flertando com uma aluna,suspirei profundamente e prossegui até a carteira mais próxima. Com um movimentar limitado,deixei com que a mochila fosse posta sobre a mesa e, lentamente,me sentei na cadeira não conseguindo conter o gemido doloroso, então, imaginando que ele se manteria atento a mim,apenas acenei com um balançar de cabeça pedindo para que se aproximasse.
       A classe estava vazia,nem sinal dos alunos que sempre faziam parte desta aula, então aquele homem na casa dos trinta e seis anos não se importou em puxar uma cadeira e sentar frente a frente a mim. Suas mãos subiram até meu rosto e seus dedos contornaram o hematoma em processo de recuperação,seus olhos estavam atentos em cada detalhe meu,e por um observar rápido e detalhado,soube que aquele homem não estava interessado em flertar, apenas parecia querer saber o que poderia ter me causado tamanho desastre físico.

       — Creio que o motivo para ter se feito ausente por esses dias se deve a esses ferimentos e dores que está sentindo. Deveria ter permanecido em sua casa, Ayla — removendo sua mão de meu rosto, Benício suspirou fazendo-me ter noção básica de que estava me repreendendo por ter ousado a sair de minha cama,onde deveria estar sob recuperação.

       Apoiando minhas costas contra o encosto da cadeira,girei meu rosto em sua direção e sorri mínimo. Não tinha nada contra a esse homem,admirava sua personalidade marcante e assumo gostar de seu descaramento. Contudo,sob os pensamentos mais profundos que meu subconsciente pode ter,me pergunto o porquê de não ter lhe afastado e lhe feito perceber o grande risco que pode estar correndo.

      — Até diria ser uma boa opção,mas não sou o tipo que segue a prescrição médica ou que se permite ficar horas e dias deitada em uma cama.

       Benício não prolongou o assunto, apenas questionou se estava bem para permanecer ali,perguntou se não preferia regressar para "minha casa". Quando a aula finalmente teve início,me permitir apenas ter a concentração total, não moveria nenhum músculo para interagir ou algo do tipo. Com as trocas dos professores e diversos assuntos distintos a cada matéria,pude impedir que as lamúrias se mantivesse presente e a sensação desconhecida me consumisse rapidamente.
     Então,com o final daquela tortura para alguém em minha situação atual,me conduzi pelos corredores com pouco movimento e alunos. Em frente ao portão da instituição,me preparava para acenar para um táxi que se aproximava,porém me vi impedida no momento em que encarei o carro dos velhos repugnantes e causadores de todas essas marcas e dores que venho sentindo.
     Tudo não passava de um conflito de interesses. Aquelas duas pessoas não eram capazes de amar e muito menos puderam fazer isso com seu próprio filho. Há um testamento que desconhecia,e em uma das cláusulas especula que a pessoa a se manter associada em minha vida poderia vir a ter uma parte generosa. Meus pais não poderiam ser considerados ricos, não,ambos apenas tinham noção e conhecimento financeiro,o que lhes fez acumular uma certa quantia em dinheiro  em suas contas distintas. Meus avós não perderiam a oportunidade de colocarem a mão nesse valor esoberante, tramar algo contra mim ou até mesmo me agredirem covardemente deixando-me para morrer fosse o bastante para se apoderarem de tudo.
     Em um olhar para os lados,suspirei pesadamente ao encontrar outra pessoa que não desejaria estar vendo. Não era por despeito ou algo infantil, apenas não gostaria de recordar o quão sujo ele pode jogar, não gostaria de recordar que assim como todos que passassem por minha vida e provasse um pouco da minha realidade, Zayn também se viraria indo embora como se nada pudesse lhe tocar internamente. Assumo,sei que aquele homem pode vir a despertar algo em mim,pode ser o suficiente para me desorientar, entretanto não estava disposta a permitir tal coisa.
     Me sentindo encurralada por ambos os lados,ousei a me mover em sua direção sem realmente ter a intenção de lhe dar atenção. Gostaria de ignorar,de pensar que sim,ele não deveria ter o poder de atrair minha atenção somente para si,mas era ele,era o idiota e infeliz que tivera se aproximado e tocado em meu ombro delicadamente. Ele havia compreendido que não estava em condições de algo mais forte e bruto.

      — Posso conversar com você?

      Seu perguntar transbordava insegurança e medo de uma possível negação,algo que realmente me surpreendeu,porém não me enxergava apta para responder perguntas e ouvir lamentações de arrependimentos de palavras que não deveriam existir e não fazia o mínimo sentido daquilo tudo. Mas aceitei,deixei que ele me conduzisse até seu carro e me levasse para onde julgasse ser melhor para sua conversa. Somente não esperava estar de volta a seu apartamento.
      Sentindo-me um tanto cansada e dolorida por ficar de pé, apenas me conduzi cautelosamente até seu sofá e me sentei da forma que me era possibilitada naquela situação. Com um olhar questionador sob mim e uma feição curiosa,Zayn se aproximou sentando-se sobre a mesinha de centro e suspirou apoiando seus braços sobre os joelhos enquanto mantinha seus olhos presos aos meus.
      Em alguns momentos me questionava em que momento deixei tudo se desestabilizar,em que momento me permitir se tornar esse mar de dúvidas e inseguranças, afinal,mesmo que nunca tivesse sido uma das pessoas mais sensatas já existente na face da terra,ainda sim poderia ser considerada dona de seus atos, alguém que não deixava os impulsos falarem mais alto. E naquele estante estando em seu apartamento enquanto sentia o encomodo de cada ferimento existente em meu corpo,me vi suspirando pesadamente por medo de fazer algo errado e que poderia me causar problemas futuros.

       — Se permanecermos nesse silêncio, não haverá conversa ou seja o que você esteja querendo comigo — em um murmurar sarcástico,desviei meu olhar e fechei meus olhos.

      Zayn não disse sequer palavra,o homem apenas se levantou e seguiu para sua cozinha,onde procurou por algo,e ao vê-lo retornar com um copo de água e uma cartela de comprimidos, agradeci mentalmente por ele ter percebido meu desconforto. Por longos minutos permanecemos ali,cada um preso em seus próprios pensamentos,era como se estivéssemos com medo de tocarmos em qualquer assunto, então,me ajeitando lentamente no estofado,voltei a lhe encarar.

      — Você não quer me pedir desculpas, pois o pouco que lhe conheço,seu ego não lhe permiti admitir seu erro. Então,o que você quer de mim?  — sob meu questionamento, Zayn suspirou e ousou em segurar em uma de minhas mãos.

      — E também sei que,assim como eu, você não precisar ouvir um pedido de desculpas para saber que sei do meu erro. Mas o que realmente quero com você é algo que envolve outras pessoas — franzindo o cenho, aguardei que o moreno prosseguisse — meus pais querem te conhecer!

     Esboçando o tamanho da minha surpresa,me levantei rapidamente ficando de pé e esquecendo das fraturas em minhas costelas,o que me fez morder os lábios para conter os gemidos e o chingamento nada discreto. Zayn também se colocou de pé e fez menção de se aproximar,porém o cortei com um erguer de mão em frente a meu corpo.

      — Você enlouqueceu? Não vou até a casa de seus pais, muito menos sabendo o que ambos podem estar querendo comigo,pois tenho certeza que você fez questão de contar tudo o que lhe disse — não sei se demonstrei quais emoções estava sentindo,porém não nego sentir medo.

     Por longos minutos permaneci naquele impasse, porém,em um certo momento tive de concordar que sim,aquele casal poderiam querer e mereciam sabe como foram os últimos dias da filha,como estaria a mente de alguém que não conseguiram proteger e prezar pela segurança. Então,mesmo sentindo a insegurança dentro de mim, concordei em visitá-los quando estivesse me sentindo melhor.

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora