Chapter One

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Ayla Sintori

Nova York,Centro de Manhattan
( 09:30 da manhã de segunda-feira)


O céu nublado daquela manhã de segunda-feira feira, fazia-me pensar em como a vida pode ser dolorosa,as pessoas sentadas naquelas cadeiras, observando o padre deixar suas últimas palavras para as duas pessoas dentro daqueles caixões em cor lustradas, transmitiam dor e solidariedade a mim e a minha única família que se encontravam ao meu lado. Porém,em meio a essa situação vivida por mim,a única coisa que estava em minha mente,era a última gargalhada de minha mãe,as últimas palavras de meu pai e a música baixa que tocava naquele carro enquanto mantínhamos uma brincadeira rotineira.
One Republic -Lose somebody ,tocava no rádio enquanto papai se mantinha atento as palavras de minha mãe e enquanto estava sentada no banco de traz ouvindo o pequeno diálogo que tinha um tom de humor,admirava a convivência que ambos sempre tivera,admirava saber que nunca em toda minha vida,presenciei uma briga entre eles. Mas como tudo tende a ter um acontecimento trágico,um maldito carro invadiu a pista vindo em nossa direção. Naquela noite,perdi meus pais,as únicas pessoas que me amavam como os amava,as únicas pessoas que faria de tudo para me ver bem e que dariam a vida por mim. Hoje, ajoelhada entre os caixões nos quais estavam meus pais,as lágrimas caíam com certa intensidade,porém de forma silenciosa.
Cansada de demonstrar fraqueza diante aquelas pessoas - ainda mais sabendo que não era assim - me ponho de pé sabendo que os olhares estavam sobre mim e que ambos se perguntavam o que faria de hoje em diante. Deixando minhas duas últimas rosas vermelhas sobre meus pais, passo por meus avós que mantinham as lágrimas em seus rostos.

___ Esteja com suas coisas prontas, Ayla! Não quero ficar mais nenhum minuto nessa cidade.

Demonstrando toda sua indiferença a mim,meu querido avô segura em meu braço deixando evidente a forma que agiria comigo enquanto estivesse abaixo de seu teto e dependendo de si.

Quando meus pais se casaram,a família inteira de papai foi contra. Minha mãe era de família mais simples,porém por ter sua formação acadêmica,havia conquistado um lugar nessa sociedade de merda e chamado a atenção de meu pai. Ambos começaram a namorar e por acaso do destino,houve uma gravidez precoce,com isso,ambos se casaram e construíram a nossa família,mas sempre sendo lembrada que ninguém era a favor dessa união e desta criança que nascerá sete meses após o casamento.
Saindo pelos portões daquele cemitério,pude sentir o vento gélido bater contra meu rosto assim com os respingos de chuva que cairá a poucos minutos ou horas. Olhando para aquelas moletas que me sustentavam, desejava nunca ter saído com vida daquele acidente,desejava ao menos ter me juntado ao meu pai,pois entre morrer e ficar sem as pessoas que me mantinha sã e que me amavam, preferia a morte.

___ Me perdoa mamãe e papai,por tudo que farei daqui em diante___ sussurrando enquanto olhava para o céu acinzentado,suspiro cansada.

Pegando um maço de cigarro no bolso de minha jaqueta,tiro um o colocando entre meus lábios pálidos enquanto guardava a única coisa que me aliviava, pegando o esqueiro em meu outro bolso o acendo sentindo a fumaça entrar em minha boca e que
em breve estaria dentro de meu pulmão. Sabendo que meus avós estariam me irritando assim que saíssem desse cemitério,aceno para o táxi que começara a se aproximar e que se não houvesse um passageiro, passaria direto.

___ Para onde desejar ir senhorita?

Olhando para o senhor de certa idade,pude sentir que ele deduzia o porque de uma garota como eu, estaria fazendo em frente a um lugar no qual muitos reviviam suas dores.

___ Pode seguir viagem que lhe direi___ jogando o cigarro inacabado pela janela do táxi,a fecho impedindo o ar gélido de bater contra meu rosto.

___ Sinto muito minha jovem. Sei como é perder alguém que amamos___ demonstrando carisma,o senhor me olha pelo retrovisor___ quando me mudei para a cidade, minha filha era bem pequena,estava com seus 6 anos de idade. E como toda boa criança,minha pequena Aninha gostava de brincar no jardim em frente a nossa casa,mas sempre com minha esposa a vigiando para que ela não saísse nas ruas...

Mantendo-me atenta a suas palavras,pude ver seus belos olhos azuis cor céu,tomarem um brilho intenso e repleto de saudades da sua pequena filha que teve um destino traçado,assim como o de todos nós seres humanos.

___ Um dia como qualquer outro,me levantei pela manhã,dei um beijo na minha menina,outro em minha esposa e sai de casa para trabalhar. O dia correu tudo bem,fiz a mesma rotina e...chegando em casa,encontrei minha casa vazia. Liguei para minha esposa e ela me atendeu aos prantos...___ vendo uma lágrima molhar a face do senhor,soube que as notícias eram horríveis___ naquela mesma noite,perdemos nossa menina por causa de um homem que a atropelou e parte da nossa alegria. Anos depois,perdi minha esposa por uma depressão que a atingiu por sentir falta da nossa filha.

___ Sinto muito pela sua perda, senhor!

Tocando em um de seus ombros, deixo um sorriso fraco surgir em meus lábios em sinal de solidariedade. Era nessas horas que sentia medo,pois uma pessoa nunca esquece a pessoa que mais amamos no mundo, jamais esquecemos que perdemos a pessoa um dia,foi tudo em nossas vidas,mas o que realmente me deixa com medo, é saber que esse acontecimento me levará ao fundo do poço e a escolhas que geraram inúmeras consequências.

___ Obrigada menina! Espero que supere sua perda e que não deixe que um acontecimento natural,destrua a esencia angelical que seus olhos transmitem e creio eu,que seus pais amam ou amavam.

___ Amavam, certamente amavam!___ desvio meu olhar para a rua que passava pela minha janela___ pode parar aqui, senhor!

Atendendo meu pedido,o pobre homem para o táxi em frente a minha casa. Saindo do táxi,lhe dou o dinheiro da corrida e lhe agradeço começando a me afastar com ajuda de minhas moletas.

___Garota?

Ouvindo a voz do taxista,viro-me em sua direção o podendo ver com a porta de seu táxi aberta se apoiando em si enquanto tinha seu olhar sobre mim.

___Sim?...

Mantendo-me em pé apoiando com as moletas,deixo um sorriso amigável em sua direção enquanto me mantinha atenta a si e esperando uma pergunta que queira me fazer ou até mesmo um conselho que queira me dar.

___ Se mantenha de pé,não deixe que algo lhe faça cair em um mar de escuridão ou que se permita perder a vontade de viver___ assentindo em forma de agradecimento,sorrio sentindo meus olhos arderem.

O vendo entrar em seu carro e sair seguindo para mais um dia monótono de sua vida, viro-me para a porta da casa na qual vivi com meus pais,mas que agora,seria deixada sozinha e com o tempo fazendo-me voltar poucas vezes para um visita e matar a saudade de meus pais e minha vida nessa cidade. Abrindo aquela porta, encontro a sala de estar do jeitinho que minha mãe deixará a quatro dias atrás,tudo em seu devido lugar.
Havia saído do hospital hoje às seis da manhã e não tive tempo para vir para casa,pois o sepultamento de meus pais também foi marcado para hoje. Não tive tempo para ver como tudo estava e tive apenas a oportunidade de me despedir hoje naquele cemitério,pois meu caso no hospital,por mais leve que foram meus ferimentos,precisava ficar sob observação médica.

___ Acho que está na hora de me despedir...de tudo aqui!___ sussurrando para mim mesma, suspiro cansada e dolorosamente,pois meu corpo não estava recuperado, assim como meu emocional.

Subindo as escadas que me levaria até o corredor de meu quarto,tentava manter irredutível em minha promessa feita naquele cemitério; não me deixaria agir de forma fraca, não me permitiria chorar em cada canto que estiver...

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora