Zayn Richelle
( 14:00 da tarde, sábado)Às vezes me questionava como conseguia ser capaz de suportar a presença de meus pais por tanto tempo,como conseguia aguentar as diversas afrontas vindas de meus progenitores e como nunca era capaz de lhes calar como está e sempre esteve em meu direito. Não existia um explicação exata de como tudo isso se transformou em um completo caos,em como passamos a ser uma família para tornarmos meros desconhecidos que se reuniam em uma casa de campo, confesso que as porcas vezes que marquei presença se devia dos pedidos melancólicos e manipuladores de minha mãe. Não que os despreze ou tenho algum tipo de ódio por eles, não,longe disso,a única coisa que me incomoda é o terrível e inevitável fato de meu pai nunca ter apoiado meus sonhos e desejos,ele sempre estava a disposição para menosprezar aquilo que ele nunca moveu um centavo de seu dinheiro para pagar,sempre foi com meu desempenho profissional ao trabalhar em diversos lugares,tudo que tenho se deve ao meu esforço e suor de um trabalho árduo. Não era surpresa para ninguém, mas o homem nunca me perdoou por ir contra seus planos para mim.
Sentado no degrau da varanda daquela casa enquanto assistia as gotas de chuva molhar a terra e o gramado,suspirei profundamente tentando não me perder em pensamentos sobre as últimas mensagens que Trevor havia me enviado na madrugada de ontem, tentando não comparar a situação daquela garota com o ocorrido dentro de minha própria família. Samira começou da mesma forma,se silenciou,passou a esconder suas verdadeiras emoções e a negar tudo aquilo que lhe afetava.— Sabe que pode conversar comigo, não sabe? — sentando-se ao meu lado buscando por uma de minhas mãos, mamãe murmurou observando a mesma paisagem que admirava sem ao menos dar a devida atenção.
Apesar de tudo o que nos acontecia s cada novo reencontro,minha mãe sempre deixou explícito que nada, exatamente nada seria capaz de lhe afastar de mim. Sei que ela sente medo, teme que em um deslize possa vir a ter pensamentos como os que se passaram pela mente de Samira antes de tirar sua própria vida,sei que ela se culpa e relembra desse momento todos os dias de sua vida,e também tenho a certeza que não haverá nenhuma noite que ela não chore lamentando por ter se afastado e exigido algo que não condizia com a personalidade de sua filha. Mesmo ela sabendo não ter culpa, sabiamos que nada poderia mudar seus pensamentos.
— Acredito que isso não lhe fará bem e...— abaixando minha cabeça em um suspirar enquanto encarava meus pés cobertos por um coturno preto, exitei,pois não queria magoar minha mãe com tamanhas palavras .
— E...? Pode me dizer,meu bebê — com suas palavras de incentivo para que prosseguisse, sorri desfarçadamente. Não era tão comum m ouvi-la me chamar por nomes carinhos,pelo menos não depois de tudo que se sucedera após minha decisão para o futuro e a morte de minha irmã.
Engolindo a seco,me virei em sua direção apoiando minhas costas sobre o curto corrimão da escada podendo lhe observar com uma feição preocupada,porém existia o sentimento de solidariedade e esperança de que nada venha ser comigo,de que os problemas que se passam em minha mente tenha sido e esteja acontecendo com um amigo próximo. No máximo,ela implorava para que se realmente fosse dono do conflito,que não seja grave e possa se resolver de forma tranquila.
— A algumas semanas atrás, talvez tenha se passado de dois a três meses,uma garota se mudou para Londres e,consequentemente, nos conhecemos em um evento que costumo frequentar — em um erguer de mãos,as levei para meus cabelos os puxando para trás por tamanha frustração por lembrar do que encontrei e sempre vejo no olhar de Ayla.
— E essa garota está mechendo com você de alguma forma. Você está confuso por tudo o que pensa sobre ela? Não digo sobre sentimentos como paixão,pois é lógico que você não demonstra querer se apaixonar e muito menos da liberdade para isso,mas é um sentimento de....zelo,um desejo de protegê-la. — concluiu demonstra como SMS realmente era conhecedora das minhas frustrações. Uma mãe reconhece os conflitos de um filho,mesmo que não seja algo direto.
— Ela perdeu os pais em um acidente de de carro e está morando com os avós. Mas, mãe,o olhar dela é tão vago,sem brilho ou emoções positivas,ela me faz lembrar da última vez que olhei nos olhos de Samira,da maneira como minha irmã parecia se despedir — minha voz falhou ao pronunciar o nome da única garota que amei, pensar não me afetava da mesma maneira que acontecia ao pronunciar em voz alta.
Por mais que não sinta nada a mais que atração por aquela garota,me vejo completamente rendido pelo medo de que ela se afundi tanto a ponto de tentar contra sua própria vida,sinto meu corpo se arrepiar ao imaginar como tudo seria se recebesse a notícia de Ayla se deixou cair assim como minha irmã. Não fui capaz de salvar aquela que mais amei, não consegui decifrar o que poderia estar destruindo Samira,mas sei e enxergo o que também acontece com aquela garota. Dentro de mim,no fundo dos sentimentos adormecidos e mais complexos de meu coração,me sinto na obrigação de cuidar e prezar por uma pessoa que não conheço, alguém que me despertou curiosidade.
— Me responda com sinceridade. Conheço o filho que tenho,sei da sua personalidade dominadora e do tamanho do seu ego por não ser capaz de entregar seu coração na mão de alguma garota,mas por que tudo isso? Por que demonstra estar preso ao que essa menina possa fazer? — apesar de não querer,seus questionamentos me causaram um sentimento de impotência,pois não era capaz de responder tais perguntas.
— Mãe...
— Você não compreendi? Não enxergar o que está abaixo de seu nariz? Existi algo no seu olhar,um brilho que nunca enxerguei ou sequer fui capaz de perceber existir em muitas outras situações. Meu filho,você pode não sentir agora ou talvez nunca se permita descobrir pelo seu medo,mas essa garota está sendo capaz de lhe tocar internamente. Seu zelo,sua preocupação para com o que ela possa ser capaz de fazer está vindo de dentro,de um lugar que você abriga todos os sentimentos que julgar ser desnecessário — com um sorriso maternal e um toque em meus cabelos,a mais me puxou contra seu corpo pequeno e selou minha testa.
Discordava de suas palavras,pelo menos em relação ao que se remetia a um possível nascer de sentimentos. Não passava mais do que uma atração,a forma que sinto seu olhar queimar sobre mim,o jeito que seus lábios avermelhados gritem por minha atenção,o corpo adolescente cheio de curvas,tudo em Ayla me atraía como nenhuma outra mulher mais velha foi capaz. Mas isso não significava mais nada,julgo minha preocupação por saber como pode ser doloroso passar por tudo o que ela está passando,por ter sentido a dor da perda.
— Você está completamente enganada,meu único interesse nela não passa de algo carnal,uma atração que terá fim ao surgir outra — sim,pensar em minha palavras me torna uma pessoa desprezível,pois de certa forma,dei a entender que elas não passam de um objeto para suprir meus desejos sexuais. Mas não é exatamente isso que quis dizer, apenas demonstrei de forma errada o que estabelecia como mantra para minha vida; nada de relacionamentos ou deixar que emoções sejam envolvidas. Tudo não deve passar de prazer carnal.
— Se é somente isso,se afaste e deixe que a família dela enxergue o que você viu, não se aproxime dando esperanças que não devem existir. Lhe conhecendo tão bem,sei que você transou com essa menina,sei que saciou seu desejo de lhe tocar intimamente, então a deixe partir,a deixe escolher sem interferência. Você não a ama e não lhe dará oportunidade para descobrir sobre tal sentimento, permita que ela viva longe de seu medo.
Sentindo o peso de seu conselho,senti a realidade me acertar uma bofetada tão forte quanto um soco. Minha mãe estava certa, não posso interferir no que Ayla possa escolher, não posso lhe abrir os olhos quando os meus também estão fechados, não sou capaz de me aprofundar em tudo isso e quero. Consegui o que desejei,a tive em minha cama como almejei,hora de deixá-la encarar suas consequências e arcar com seus erros. Ayla tem a escolha em suas mãos, não cabe a mim escolher para si.
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Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]
Ficção Adolescente17 anos de pura sabedoria e marra,mas sempre mantendo a pose de "boa menina" que seus avós acreditam que ela seja. Órfã de pai e mãe,Ayla Sintori passou a viver com os avós paternos,tendo que se mudar de cidade deixando tudo para trás,a garota d...