Charpter nine

412 34 0
                                    

Ayla Sintori
(12:30– quinta feira)

    Entrando pela porta daquela casa, soube que não ficaria por muito tempo e que assim que ouvisse a voz de minha avó,perderia qualquer resto de paciência que tenha e que guardava em busca de poder usá-la quando fosse conveniente.
Os passos que desciam aquela escadaria, fez com que meu corpo se arrepiar-se e meu coração batesse acelerado,pois por mais que não temesse meus avós,jamais consegui controlar minha reação perante alguém que tentasse me por nas rédeas certas e no caminho do bem. Seus cabelos brancos lhe dava mais idade,sua pele enrugada porém tratado com diversos cremes,fazia com que não entregasse sua verdadeira idade,sua feição neutra,me dava a entender que não entregaria qual seria suas palavras e sua forma de se referir a mim e por ter saído tarde da noite indo parar em um hospital.
   Como se não tivesse feito nada,sento-me em uma das poltronas daquela sala de estar e cruzo os braços sobre o peito esperando a repreensão que viria em questão de segundos.

   — Você está bem, Ayla? —fazendo-me revirar os olhos com sua falsa preocupação, assinto.

    — Ela estava no hospital do centro,de acordo com o médico,os pontos se abriram devido a uma possível queda ou pancada recebida na região dos ferimentos— como um bom marido prestativo,meu avô explica para a esposa que não tirava os olhos de mim.

   — Cuidado,pois isso pode virar uma bela infecção que agravaria seu caso. Suponho que esteja com fome — se mostrando solidária, minha avó segui em direção a cozinha após tirar suas próprias conclusões.

    Seguindo a esposa,meu avô apenas acena em minha direção deixando-me sozinha naquela sala de estar. Não tinha ideia do que planejavam ao me tratar assim,como também não sabia o porquê sempre desconfiar de suas maneirando de agir. Nunca tive um minuto sequer com eles,na verdade, é a primeira vez que fico em suas casa e que estou com eles,pois quando estava com meus pais, nunca tive o interesse de visitá-los,acho que se deve o fato de terem pragueijado o casamento de meus pais e nunca terem feito questão em mim.
   Levantando-me daquela poltrona,sigo em direção a cozinha os encontrando conversando alegremente. Sentando-me  de frente a meu avô naquele balcão,sinto seu olhar em minha direção me queimando como fogo.

     — O que estão planejando fazer? Pois desde que me entendo por gente,nunca tiveram a decência de procurar minha família ou sequer saber se estávamos vivida e bem...— como se tivesse dito a maior besteira do mundo,um coro de gargalhadas se estabeleceu naquela coxinha.

   — Querida,o fato de odiarmos sua mãe, não significa que repudiamos a sua existência,certo que de início, não gostamos nada de saber que nosso filho teve uma filha com aquela mulher,mas hoje, percebemos que estávamos descontando a raiva na pessoa errada,que estávamos desprezando o único alguém que sobrou em nossa família — explica minha avó.

   — Você é jovem e não irá nos entender, mas gostaria de que tentasse nos ver como sua família,como seus avós. Sei que é difícil esquecer algo que machucou muitas pessoas, inclusive você,meu filho e a sua mãe,mas também sei que não é tarde para se pedir perdão. Ver nosso filho sem vida naquele caixão ao lado da esposa que amava e abdicou da família por ela, sentimos que o mundo estava nos castigando pelos nossos erros do passado, pelo erro que cometi ao desprezar meu próprio filho...— meu avô diz desviando o olhar para a esposa — sei que estarmos tendo essa conversa, recebendo o seu perdão e aceitando o que nosso filho quis para a vida dele, não os trará de volta,mas sabemos que os fará descansar em paz...

   Sentindo meus olhos arderem devido as lágrimas que se formavam,me ponho de pé virando de costa para eles,enquanto tentava não deixar que ambas caíssem. Era difícil me lembrar de algo que aconteceu no início da semana,de algo que me torturava a cada segundo e memórias felizes que tivemos,dias que nunca seriam esquecidos por mim,aquilo era como uma lâmina coletando meus pulsos,como a navalha que deslizava pelo meu pescoço o cortando lentamente,aquilo doía e não era pouco.

   — Vou subir para meu quarto! Conversamos mais tarde,ainda não me organizei — em uma tentativa de fugir daquele assunto,lhes dou uma desculpa e sigo para a sala de estar subindo àquelas escadas que me levaria para meu quarto.

   Aquelas palavras doeram,mas única coisa que me deixou fraca,foi saber que mina mãe os havia perdoado,meu pai havia perdoado meus avós e estava pensando em marcar uma conversa civilizada e na qual pudessem resolver suas indiferenças. Na mesma noite que havia nos informado sua decisão,meu peito de encheu de alegria e positividade,mas como o destino é traiçoeiro,um maldito acidente de carro impediu esse reencontro e os impediu de me ver evoluir,de me verem passar em uma boa faculdade,me verem pegar meu diploma,de me verem construir a minha família. Tudo foi para o lixo,no momento em que aquele carro saiu fora da pista e capotou não sei quantas vezes.
   Entrando em meu quarto,me jogo naquela cama puxando um dos travesseiros contra meu corpo e o abraço apertado,como se fosse o último abraço que recebi de meus pais. A cada lágrima que permito cair,era uma lembrança que se refletia em minha mente,a cada soluço que abafava contra aquele travesseiro,era a dor que se apertava em meu peito. Eu os amava como nunca imaginei haver sentimento e sempre soube que ambos também compartilhavam de um sentimento como esse,porém havia um porcento a mais do que os sentia. Era tudo proporcional,bastava estudar nossa relação e a forma que demonstravamos nosso afeto.
  Não queria os esquecer,apenas gostaria de não me sentir assim,gostaria de que essa dor que estou sentindo, desaparecesse, gostaria de esquecer por algumas horas de que havia perdido as pessoas que mais amei e me amaram. Apenas teria que me acostumar até conseguir controlar minhas emoções,o que não seria nada fácil...

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora