chapter twenty seven

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Ayla Sintori
( Segunda-feira,15:00 da tarde)

      Um jardim não significa grandiosidade,o silêncio não se torna exatamente a tranquilidade que buscamos em momentos caóticos, ausência de pessoas também não pode ser considerado somente solidão. Ser uma pessoa uma pessoa sozinha não lhe torna alguém fria o bastante para não ter companhia,as pessoas bem acompanhadas são solitárias e até se acostumam com isso. A solidão é uma condição da vida,um sentimento natural e comum ,porem temos aqueles que se assustam,de desestabilizam ao enxergar a falta de alguém,ao se deparar com o silêncio que inconscientemente imploramos por inúmeras passagens de nossa existência, existem aquelas pessoas que não conseguem administrar tamanho sentimento e tamanho significado.
     Enquanto me mantinha sentada naquela lanchonete na qual visitei pela primeira vez desde que pisei nessa cidade, enquanto observava mães e filhos conversarem em mesas distantes a minhas, enquanto sentia e leveza daquele lugar me questionei em que momento deixei minha vida cair na rotina,em anexo momento eximei minha essência. Então,por um estante de curto período temporal, compreendi que já não era a mesma desde que meus pais faleceram,desde que criei uma personalidade,uma imagem que eles queriam que eu fosse. Mas enxerguei tudo mudar no momento em que cheguei naquela casa após deixar Trevor naquela pista não movimentada,algo impulsivo de minha parte.
    Havia deixado o carro na mesma rua onde havia tido início o corrida,entreguei as chaves para o melhor amigo de Trevor e abandonei aquele lugar ainda com meus pensamentos sobre os motivos de terem me feito chorar a um tempo atrás,refleti sobre o que estava me tornando e como conseguiria relevar toda a decisão que naquele momento,se tornou tão besta. Quando cheguei naquela casa que nunca né pertenceria,tive a maldita surpresa de encontrar aqueles velhos acordados e né esperando no sofá daquela sala de estar.

    — É isso que fazia com seus pais? Os deixava dormindo todas as noites e seguia para as noitadas? Não sente vergonha de seus atos? — sob o questionamento do mais velho, apenas lhe dei um revirar de olhos e caminhei para as escadas.

    — Não me admira sua mãe ter nos ligado naquela noite! - e como se buscasse me afetar e causar culpa em mim, aquela velha hipócrita revelou algo que não tinha o conhecimento e muito menos acreditava,pois minha mãe não tinha afinidade com essa mulher.

    Poderia dizer que não me afetou,que suas palavras foram como assuntos desnecessários em um dia tedioso e exaustivo,porém estaria mentir e ela deveria disso. Tudo, exatamente tudo que condiz com meus falecidos pais acabam me afetando de maneira complexa e lastimante, é assunto que está em processo de superação,mas nunca de esquecimento, então seria óbvio que uma mínima lembrança seria capaz de me desestabilizar.
    E como se não tivesse satisfeita com tudo e todas os sentimentos que estavam me causando,a mulher não se limitou com somente estas palavras. Sob o controle de seu veneno,a velha se aproximou calmamente e sorriu fazendo-me enxergar que,assim como odiou minha mãe,também partilhava desse mesmo sentimento para comigo,o que para mim não era novidade.

    — Dizer que a filha não estava sendo quem almejavam não me surpreendeu em sequer momento,apenas fez-me enxergar o desastre que aquele desnaturado acolheu como esposa. Sua mãe fracassou e seu pai estava no mesmo caminho,lhe deram liberdade excessiva.

      Aquelas foram suas últimas palavras,pois foi questão de segundos para lhe tirar do meu caminho e seguir para meu quarto tentando não pensar em tudo, tentando estabilizar minha mente o bastante para não surtar e descontar minhas frustrações da pior forma possível. Assisti a noite ter fim e o dia ter início, assisti as horas se arrastarem enquanto me mantive sentada naquela cama observando a vista por minha janela que permaneceu aberta fazendo com que a brisa batesse contra meu corpo e me abraçasse em um gesto gélido como os braços da morte.
     Suspirando dolorosamente e expulsando tais lembranças,apenas acenei para a garçonete mostrando ter deixado o dinheiro dentro do cardápio e me levantei colocando uma das alças de minha mochila em meu ombro enquanto caminhava para a saída do estabelecimento considerado meu favorito e meu ponto de descanso mental. Em passos pouco apressados,caminhei pelas calçadas tendo em mente seguir para a academia,o lugar onde posso estravazar minha raiva sem olhar a quem,sem me sentir limitada a meus atos impulsivos,pois a única coisa que poderia vir a acontecer comigo naquele lugar seria um ferimento muscular ou até mesmo um rompimento.
     Cerca de quarenta minutos, estava pondo minhas luvas e havia feito o aquecimento de dez minutos. Assim como as muitas vezes durante esses meses, alguns dos alunos olhavam para mim como se buscassem desvendar meus segredos e os mistérios que fazem minha vida tão caótica,me encaravam como um alguém que realmente vale a pena investigar e desvendar. Ignorando tudo e todos ao meu arredor, me posicionei de forma correta e desferi o primeiro soco contra o saco de pancada a minha frente.
     A cada soco que desferia era como se pudesse estravazar todos os sentimentos presos dentro de meu corpo,como se existisse uma válvula responsável para esvair minhas frustrações a cada golpe novo. Presa dentro de mim havia muitas coisas; ódio, dor, raiva, mágoa e uma serie a mais,tudo era capaz de me machucar ainda mais do que me encontrava. Existe comparações tão profundas,existe tantas descrições que parecem ser perfeitas para esses momentos,mas nenhum era camas de me descrever,nenhum era bom o bastante para expressar a magnitude de minha dor. Tudo parecia confuso demais para uma explicação viável,ter minhas justificativas não me fazem ser justificável. Confuso,porém real.
     Quando meu corpo molhou pela imensa quantidade de suor, quando meus punhos perderam a força e meu coração se acelerou a ponto de causar um desconforto,parei a serie de socos e me deixei sentar naquele chão enquanto tinha minha cabeça baixa e a respiração agitada. Sentia os olhares,imaginava quais pensamentos eram possíveis de estarem presentes na mente de cada um ali,pensava em como ambos me julgavam, certamente cada um tinha sua visão feira para se compartilhar com todos os outros. Meus pensamentos se esvairam,no momento em que ouvi passos próximos de mim e uma mão tocou em meu ombro.

      — Imagino como uma pessoa ficaria de entrasse em uma briga contigo, Sintori — suas palavras não me surtiram nenhum efeito, não tira capazes de me arrancar um sorriso divertido.

      Sabendo que não teria como lhe dar atenção,apenas fugi de seus toques e me levantei tomando direção ao vestiário. Deixando as luvas dentro de um dos armários, apenas peguei minha mochila e sai dali, não estava conseguindo me concentrar em nada,quem dirá dar atenção a alguém. Na frente da academia,suspirei ao sentir a brisa fria das quatro e quarenta da tarde bater contra meu rosto,mas havia algo a mais,pois tudo que estava fazendo naquele dia se repercutia nas palavras daqueles que nunca serão denominados minha família,pois não são.
     Então,após meses prendendo tudo dentro de mim sem me atrever a encontrar alguém para uma desabafo completo e que estivessem disposto a secar minhas lágrimas,apoiei minhas costas na parede ao lado da porta de entrada e me permiti chorar enquanto deslizava minhas costas e me sentava naquela calçada. A dor não era mais suportável, não era algo que consiga esconder.
     Ao ouvir passos vindo do lado de dentro,me envolvi em meus próprios braços e escondi meu rosto entre ambos. Não que esteja com o intuito de esconder o que estava acontecendo, não que desejasse omitir a existência de minhas lágrimas, apenas estava frágil o bastante para ceder a uma explicação,a ceder a uma vida conversa que surgiria.

      — Ayla? Princesa,o que houve? — era ele mais uma vez,a única pessoa que foi capaz de me desvendar em poucos minutos.

     — Estou cansada, Zayn!

    E foi somente isso, somente estas palavras saíram de meus lábios. No momento em que senti suas mãos em mim,soube que o moreno desvendou tudo mais uma vez,ele teve a conclusão para suas palavras desde que nos conhecemos naquela rua. Zayn me compreendeu e ao envés de me questionar,o mais velho me abraçou acolhendo-me em seus braços.

Ayla[ Concluído|SEM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora