Ás na manga

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Naruto

Assoo meu nariz, enquanto seco minhas lágrimas. 

Não consigo segurar o choro mesmo estando assistindo "Para Sempre ao Seu Lado" pela décima vez. Quando os créditos começam a subir, olho frustrado para o balde de pipoca, já vazio, e me pergunto se deveria estourar mais milho. O cansaço me impede até de levantar da cama, então é meio difícil eu me dedicar a outra coisa senão mexer assiduamente na internet. Por isso, esisto do lanche e fecho o notebook.

Odeio estar doente. Só era legal na época da escola, porque eu podia faltar aula e meus pais me enchiam de todas as porcarias que eu pedia. Inclusive, só de eu estar assim, eles já me ligaram, pelo menos, umas três vezes e estão insistindo para me visitar. Como eu sei que eles são bastante ocupados, recusei de primeira. Eu posso resistir a um resfriado idiota sozinho.

— Oi, pai — atendo a mais uma de suas ligações. — Eu já disse que estou melhorando — tento manter meu rosto fora da câmera para que ele não fique aflito com o meu nariz inchado.

— Você sabe que nós ficamos preocupados — o moreno franze o cenho. — Você almoçou direito? Posso levar comida.

— Ele já é adulto, Iruka — o outro alfa nem tira o olho do livro, apesar de eu conseguir vê-lo bem pelo vídeo.

— Mas eu me preocupo. Naruto ainda é nossa criancinha — faz aquela sua comum cara irritada, colocando a mão na cintura. 

— O Kakashi 'tá certo. Eu sou adulto. Preciso fazer as coisas sozinho. É pelo meu bem — defendo a minha honra.

— Pelo seu bem... — Iruka murmura. — Ele quer mais é ficar lendo esses livros pervertidos — joga uma almofada, que bagunça os fios platinados do outro.

— Quer parar, Iruka? Estou tentando terminar de ler "O Jardim dos Amassos" ainda hoje, mas você não para de encher minha paciência falando do Naruto — fecha o livro, irritado, e caminha até o marido, enroscando sua mão na cintura dele.

— Você já leu esse livro quantas vezes? — pergunto, divertido. — No seu próximo aniversário, posso levar uma nova edição, ou sei lá — minha voz se reduz na parte final.

Eu tinha me esquecido que não haveria próximas edições, porque o escritor era o pai adotivo de Sakura e ele está morto agora. Por causa disso, minha expressão obscurece.

Iruka me conhece em todos os detalhes, assim, logo interrompe para que não fique mal:

— Nova edição coisa nenhuma! O Kakashi tem que tomar jeito! — diz espontaneamente, acompanhado por um cascudo no outro.

Solto uma risada sem graça.

— Você fala isso, mas adora quando eu uso o que aprendi neles com você — Iruka se torna completamente vermelho com as palavras dele.

O de cabelos cinzentos rouba um beijo do outro, o que me deixa ainda mais sem reação.

— Meu Deus! Eu realmente não queria saber disso — digo, constrangido. — Tchau, gente — desligo, antes de ser obrigado a ouvir mais uma atrocidade dessas.

Certo. Eu gosto de transar? Bastante. Isso quer dizer que está tudo bem saber que meus pais fazem sexo? Não.

Olho para o nada por porquíssimo tempo, ainda rondado pelas lembranças felizes que tive com Jiraiya no abrigo. Ele era como meu terceiro pai. Com certeza, nunca conseguiria o superar. Sempre teria uma memória, mesmo que vaga, repentina dele. 

A campainha toca e eu reviro os olhos, ainda entristecido. Seria possível alguém vir me incomodar? Minha cabeça quer explodir, não só pelas lembranças, mas pela febre.

Dringr- narusasu Onde histórias criam vida. Descubra agora