Sasuke
Estalo o meu pescoço enquanto entro no edifício em que trabalho. Posso dizer que estou praticamente como Naruto hoje, sem superar o trauma de acordar. Mesmo tendo dormido o dia anterior inteiro, sinto como se tivesse um peso enorme nas costas para carregar.
Ter que sustentar aquela enorme fachada, a qual, antes, era uma atividade comum para mim, agora me parece impossível. Começar a agir estranho no serviço por conta de Haruno também está fora de cogitação. Se isso ocorrer, é capaz de me ferrar mais do que eu já estou.
Aqueles poucos dias recluso, alegando uma gripe, não podem mais ser alongados e, de uma forma ou outra, eu tenho que enfrentar a realidade em algum momento: eu sou gay e é essa é uma verdade iminente de ser espalhada. É o meu pior pesadelo.
A passos fortes, caminho em direção à minha sala. Vez ou outra, secando o suor que insiste em escorrer pela minha testa com o dorso da mão. É como se tivessem milhares de olhares em minha direção, como se todos já soubessem sobre a minha podridão. Isso me deixa ainda mais nervoso. Batuco meus dedos contra o tecido fino da minha calça, antes de entrar de uma vez por todas no meu ambiente de trabalho.
Todos ficam quietos.
Pisco lentamente e olho para o chão sem pensar bem.
Eu nunca faria isso em condições normais.Nunca abaixaria meu olhar para gente inferior a mim. Mas me sinto tão envergonhado que não consigo encarar ninguém nos olho.
— Maninho — levo um susto com a voz e a aproximação repentinas. —, graças a Deus você apareceu. Eu estava preocupado. Não atendia o telefone e nem respondia as mensagens.
Franzo o cenho.
— Não era para você já tirar um atestado, não? — comento por conta da barriga.
— Era, mas, em casa, eu fico entediado. Não é como se eu fizesse muita coisa mesmo e... Aconteceu alguma coisa? — me analisa de maneira preocupada. Leva a mão ao meu pescoço. — Está com febre? Você está vermelho e suando.
Respiro fundo.
— Eu que pergunto — olho em volta. — Por que todos estão olhando para mim?
É a vez de Itachi me parecer confuso. Ele desliza a língua pelos lábios.
— Te olhando? Todo mundo sempre faz isso. O estranho é você não mandar eles de volta ao trabalho — arregalo os olhos. — Tem certeza que está bem?
— Tenho, sim — ajeito minha gravata. — Eu tenho que terminar de resolver uns trabalhos e tenho reunião pela tarde, então já vou — me esquivo da atitude desconfiada do mais velhos, antes que ele resolva me bombardear com um bilhão de perguntas.
Ele ainda tenta segurar meu braços, mas sua atenção é desviada para Obito, que chega falando algo super animado para ele. Me sinto aliviado de não ter que lidar com nenhum dos dois agora.
Na verdade, chego a pensar que talvez eu deva agir como sempre e ser o mais discreto possível. Se eu continuar do jeito que estou, aí é que todos vão desconfiar.
Depois que eu saí da casa de Naruto, tomei no mínimo dez banhos. Não queria a mínima chance de alguém sentir seu cheiro em mim, principalmente depois do que aconteceu quando Deidara almoçou comigo há uns meses. Mas, agora que sua fragrância não está mais grudada em mim, estou totalmente perdido e desabrigado.
Massageio meu peito, aflito.
Vejo Sakura em sua mesa, próxima da porta do meu escritório e tento ao máximo não desacelerar meus passos. Não vou deixar uma vadia me azucrinar. Desvio meu olhar. Vou dar um jeito e tudo vai ficar bem depois disso. Tudo vai voltar ao normal como sempre deveria ter sido. Porém nem tudo segue como o esperado e, na hora que seguro o trinco para abrir a porta, ouço a voz aguda e irritante da ômega:
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Dringr- narusasu
FanficSasuke Uchiha, alfa dominante nascido em uma família poderosa. Homem alto, bonito e rico. O que poderia haver de errado em sua vida? Tudo. O relacionamento conflituoso com sua família e a falta de amigos, os quais nem podiam ser contados nos dedo...