Reconhecer

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Sasuke

Abraço minhas pernas contra o peito e me recuso a olhar para Itachi, não importa quantas vezes ele tente me convencer a sair do quarto. Não quero ouvir seus discursos, principalmente depois do que ele fez com Naruto sem que eu soubesse.

— A mamãe e o papai estão aqui para te ver, Sasuke. Você poderia fazer um esforço pela gente. Tenha um pouco de consideração. Ninguém quer te ver assim.

Estreito meus olhos e bufo.

— Eu não quero falar com eles.

— O que o Naruto disse a você para ficar dessa forma? — me mantenho silencioso. — Que droga... Você mal come há dias.

Meu rosto se torna vermelho de aborrecimento. Fecho meus punhos.

— Você fala como se fizessem meses, mas faz só dois dias. Qual o seu problema? — balanço minha cabeça negativamente com fervor. — Acha que as coisas se resolvem em um piscar de olhos? E o que foi? Vai tentar bater nele outra vez? Não te interessa o que está acontecendo na minha vida.

— Sasuke, você está na minha casa! E eu só quero te ajudar...

Fecha e abre a boca várias vezes seguidas, procurando formas como se desculpar novamente. É sem sentido, porque eu não vou aceitar suas desculpas vazias.

— Se você não tivesse agido daquela forma, talvez o Naruto ainda estivesse aqui — sinto o pulsar da dor de cabeça retornar pela segunda vez no mesmo dia. — Vai embora.

Antes que Itachi possa tomar qualquer atitude, batidas na porta se fazem audíveis. Respiro fundo e massageio minhas têmporas. Sem querer ter que encarar mais alguém, fecho meus olhos, mas não passam-se segundos para que o cheiro reconhecível dos feromônios de ômega penetrem minhas narinas.

Mãe...

— O Sasu ainda não quer descer, Ita? — ele não responde de forma audível, porém os dois parecem se comunicar de outra forma. — Posso falar com ele um pouquinho?

Escuto passos e a porta se fecha de novo. Logo depois, o peso, que, anteriormente, sumiu do meu lado da cama, volta acompanhado pelo encostar de uma mão suave e pequena sobre a minha.

— Seu irmão está preocupado com você, Sasuke.

Essa ladainha de novo. Afasto seu toque de mim e abro meus olhos.

— Se ele quer tanto que eu finja estar bem com tudo que me acontece, consiga uma máquina do tempo, porque não vai acontecer de novo — arrasto minha língua pelo interior da minha cavidade bucal. — Eu não sei por que motivo a senhora veio aqui me ver, mas não importa. Não vou descer e encarar todas aquelas pessoas, não vê?

— Não é sobre fingir estar bem. É sobre se deixar curar. Você não está dando oportunidade nenhuma para que as suas feridas cicatrizem. Estamos preocupados porque você não quer melhorar! — ela volta a segurar meus dedos, mesmo que eu não aprecie o contato. — As pessoas lá embaixo se importam com o seu bem-estar. Queremos fazer o possível para que fique bem, não enxerga isso?

Esfrego meus lábios um no outro e deito minha cabeça contra a parede.

— Eu já entendi. Pode ir embora agora?

— Sou sua mãe. Não vai me mandar ir e achar que eu vou fácil desse jeito — suspira. — Me escondeu coisas por tempo demais. Não acha que é a hora de começar a falar?

Finalmente, deixo meu olhar se desviar para a figura feminina na minha frente. Minha mãe parece comigo, cabelos negros, pele pálida, até temos as mesmas feições. É como um eu mais velho e de aparência bem mais simpática e doce. Fora a forma física, nunca consegui me achar semelhante a ela.

Dringr- narusasu Onde histórias criam vida. Descubra agora