Dringr- narusasu

Escolhas

Naruto

Mexo a minha cabeça e pernas no ritmo da música que passa pelos meus fones, enquanto mexo nas configurações da minha câmera, me preparando para uma saída a fim de tirar fotos, meus problemas se dissolvem, aos poucos, com o som elétrico e alegre em meus ouvidos.

Quase me levanto para acompanhar a sonoridade, porém estou concentrado demais no que faço para que isso seja possível.

Eu deveria trocar essa lente.

Mal consigo escutar nada à minha volta devido a altura elevada da música, por isso que arrepios percorrem minha barriga quando sinto um vento frio contra as minhas costas. Me viro para trás, vendo Iruka apoiado no batente.

Sua boca se move, mas eu não compreendo absolutamente nada. Bloqueio o celular.

— Quê? — arqueio as sobrancelhas.

— Vai acabar ficando surdo desse jeito — se aproxima com os braços cruzados. — Impressionante. Você cresceu e continua parecendo aquele adolescente de cinco anos atrás.

— Eu mal saí da adolescência — reviro os olhos divertidamente. — Não precisa me lembrar toda hora que eu estou na vida adulta e não dá para ficar no meu quarto enfurnado quando algo dá errado.

Ele estica o braço e apoia sua mão sobre minha nuca, antes de me dar batidinhas pesadas no local. Depois, massageia meus cabelos.

— Que engraçado, porque é exatamente isso que você está fazendo agora.

Meus lábios se contraem em uma linha.

— Eu sei... — respondo meio contrariado. — É uma situação diferente. São só uns dias.

— Nós te demos uns dias, Naruto, mas já faz um mês. Você não quer conversar sobre o que aconteceu, eu entendo, mesmo que não concorde com isso — as marcas de expressão no seu rosto ficam mais profundas. — Eu e o seu pai não vamos estar sempre aqui. O Kakashi também está imensamente preocupado, apesar de não demonstrar bem.

Deslizo meus dedos pelo aparelho nas minhas mãos. É o meu antigo de quando eu ainda morava aqui. Sinto uma certa nostalgia.

— Eu estou procurando um emprego novo. Não sei... Talvez eu vá para outra cidade tentar alguma coisa.

Seu olhar é severo, como se tentasse me decifrar. Seria tão difícil explicar todas as coisas que aconteceram para qualquer um.

— Não é normal você querer deixar todos que você ama para trás. Você ama fotografar. Vai largar isso por quê?

— Eu não quero largar a fotografia, só não quero continuar no jornal. Talvez eu vá para um estúdio. Inclusive, eu estava indo tirar fotos agora pela cidade. Queria esfriar a cabeça, não pensar mais sobre isso... — meu coração se agita. — Eu quero um recomeço, só isso. Às vezes, a gente cansa de tudo.

— Não acho — respira fundo. — Sabe que, se você se mudar, as pessoas vão continuar sendo complexas de se entender e os problemas da vida vão continuar a existir. Você só vai se esconder. Fugir de si mesmo.

Enterro minha mão em minha testa. Meus dedos deslizam friamente por entre meus fios.

— Acho que 'tô meio cansado de mim.

— Naruto... — meu pai diz em um parcial tom de ameaça. — Que história é essa? Eu te apoiaria se quisesse morar longe de mim, mesmo que fosse sentir saudades. Todo passarinho tem que deixar o ninho alguma hora, mas não do jeito que você está fazendo. Não com uma versão meia boca do que aconteceu.