Você me faz tão bem!

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_ Isso é muito loucura! Você é completamente louco!_ Leandro disse sorrindo. Tentava manter a sensatez, mas o olhar e o sorriso malicioso e devasso de Abner não o permitiam.
Foi puxado pela cintura, ficando com a boca próxima ao do moreno.
_ Eu sou louco sim...louco por você.
Sentiu os lábios serem beijados como não eram há tempos, fazendo o seu corpo se arrepiar e se entregar sem nenhuma resistência.
_ Venha! Não dá para ficarmos nessa descompostura aqui no saguão._ Dimitri foi puxado para dentro da casa._ Você está todo molhado. Se ficar assim vai acabar pegando um resfriado. Vou te arrumar uma toalha e...
Leandro foi interrompido, sentindo a boca de Abner beijar a sua nuca, o abraçando por trás. Sentia que o amante estava excitado, esfregando o  sexo duro em suas nádegas, o que o fez ficar duro também.
_ Meu deus! Assim você vai me molhar todo._ Leandro falou sorrindo e se afastando.
_ Esta é a intenção. Quero que fique todo molhadinho para que retire as suas roupas junto comigo._ Abner sorriu com um canto da boca despudorado, deixando Leandro com as pernas bambas. Não resistiu ao amante e se atirou sobre ele, segurando a sua face e o beijando. Diante de tanto sofrimento que passara nós últimos dias, Leandro quis se permitir ao direito a felicidade, mesmo sabendo que seria momentânea e que havia muitas chances de se arrepender futuramente.

Enquanto as suas roupas secavam na secadora, Abner usava um roupão branco, que recebeu antes de tomar um banho quente no banheiro de hóspedes. Estava sentado numa das cadeiras da cozinha, observando,com ternura, Leandro preparar um chá quente para ele. Aquele olhar terno transmitia a Leandro uma sensação gostosa de conforto e acolhimento... sensações essas que há muito anos não sentia com Júlio.
Havia trocado o pijama molhado por outro seco. Entregou a caneca fumegante a Abner sorrindo.
_ Eu não sou muito bom em cozinhar, mas em chás, eu me viro.
Antes de pegar a caneca,Abner envolveu os seus dedos sobre os de Leandro e os acariciou por uns segundos. Trocaram olhares afetuosos. Abner sentiu o coração aquecer...era a primeira vez que sentia aquela maravilhosa sensação, que ele não sabia definir em palavras.
_ Obrigado.
Bebeu fechando os olhos e dando um leve gemido de prazer, sentindo todo o carinho que Leandro pôs na bebida.
_ Está ótimo! Realmente você tem mãos de fada. Arrisco a dizer que seria um ótimo cozinheiro.
_ Eu?!_ Leandro gargalhou, achando absurda a ideia de alguém como ele, que não sabe nem descascar uma batata direito, poderia ter a possibilidade de cozinhar bem._ Eu sou um desastre na cozinha.
_ Ah, não brinca!
_ É sério.
_ E o que você é bom em fazer... além de sentar?
Leandro corou envergonhado com a última frase de Abner.
_ Nada. Eu sou completamente inútil.
_ Por quê?
_ Porque nunca aprendi nada. A minha mãe me criou como um bonequinho de cristal... não me deixava fazer nada e só estudar... E o Júlio...._ Leandro parou por um instante,se sentindo triste por todas as vezes que Júlio o fazia se sentir inútil.
_ Ah, para! Gente como você geralmente faz um monte de cursos quando criança. Nem tempo para respirar vocês têm.
_ Isso é verdade...quando criança tive que jogar futebol e lutar karatê para agradar o meu pai e tocar violino para agradar a minha mãe. Sempre que chegava uma visita lá em casa, ela me exibia como uma atração. "olhem como o Leandro toca bem o violino... Leandro fala inglês como ninguém. Diga alguma coisa, filho."
_ Que merda, hein!
_ Era horrível! Eu ficava tão envergonhado que tinha vontade de ser engolido pelo chão. Eu parecia presunçoso fazendo esse tipo de coisas. Era muito desagradável.
_ Se você me explicar o que é presunçoso, eu te agradeceria.
_ É aquele tipo de pessoa que se acha superior aos demais.
_ Ah, tá. Mas, você não me parece ser assim.
_ E não sou. Mas os meus pais me faziam parecer ser.
_ E de tudo que você fazia, o que realmente gostava?
_ Muitas coisas.
_ Quais? Tudo sobre você é fascinante.
_ Você tá me deixando envergonhado.
_ Essa é a intenção...mas não faço por maldade, só porque você fica lindo coradinho._ Abner disse sorrindo, piscando um olho.
_ Deixa de ser bobo!
_ Mas, voltando, o que você gostava de fazer?
_ Tocar piano, desenhar  e esculpir. Essas eram as minhas atividades favoritas. Eu também gostava de estudar. Amava estudar história da arte, literatura, línguas e música. Enfim, se eu ficar falando desses assuntos você vai acabar dormindo.
_ Quero ver as suas obras de artes.
_ "obras de artes", você fala como se eu fosse um artista.
_ Claro que é. Artista é quem tem o dom e pratica arte, não só os famosos. Neste mundo tão vasto, creio que há e houveram grandes gênios que nunca foram descobertos...eu não sei o porquê tenho a impressão que você é um deles.
Leandro gargalhou alto. Na verdade, não sabia como reagir, já que não estava acostumado a receber elogios.
_ Sério mesmo, Leandro. Quero conhecer a sua arte. Me mostre os seus desenhos e esculturas. Eu adoraria te ouvir tocar piano, mas parece que vocês não têm um.
_ Eu tenho sim.  Ele fica no minha biblioteca. O Júlio me deu de presente, quando completamos cinco anos de casados.
_ Júlio?! Que Júlio? Não o conheço nenhum Júlio. Você conhece algum Júlio? Acho que não.
Leandro sorriu.
_ Você não existe, Dimitri.

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